Geral
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15 de junho de 2019
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13:07

Multipremiada, jovem pesquisadora de Osório faz ‘vaquinha’ para participar de curso em Israel

Por
Luís Gomes
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Juliana é estudante do IFRS, em Osório, onde desenvolveu pesquisa de reaproveitamento da casca do maracujá | Foto: Divulgação/IFRS

Luís Eduardo Gomes

Em 2018, quando ainda cursava o 4º ano do curso Técnico em Administração do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), campus Osório, a estudante Juliana Davoglio Estradioto recebeu o primeiro lugar na categoria Ensino Médio do Prêmio Jovem Cientista como resultado de sua pesquisa, coordenada pela professora Flávia Twardowski,  com cascas de maracujá. Mesmo o IFRS não contando com um laboratório adequado para esse tipo de pesquisa, precisando recorrer a um do curso de panificação, ela conseguiu transformar o resíduo da fruta em plástico biodegradável que pode ser destinado a armazenar mudas de plantas, com potencial para substituir os “saquinhos plásticos pretos” utilizados por agricultores e floriculturas.

Essa premiação levou Juliana a virar notícia em todo o país e até a ser convidada para jantar com o ex-ministro da Educação Fernando Haddad e sua esposa, Ana Estela Haddad. Também garantiu à jovem o direito de acompanhar a próxima cerimônia de entrega do Prêmio Nobel, na Suécia.

Em maio deste ano, Juliana voltou a brilhar, conquistando o 1 º lugar em Ciência dos Materiais na maior feira de ciências do mundo, a Intel-Isef, realizada em Phoenix, nos Estados Unidos. Dessa vez, ela foi premiada por outra pesquisa que desenvolveu a partir do IFRS, na qual utilizou a casca da macadâmia para produzir membrana que substitui material sintético em embalagens ou curativos. Além do prêmio, ela ganhou o direito de dar seu nome a um asteroide.

Juliana Estradioto ao receber a premiação do Intel-Isef nos Estados Unidos | Foto: Flávia Twardowski /Arquivo Pessoal

Ao voltar do evento, ela também descobriu que foi convidada para desenvolver pesquisa durante um mês no Instituto Technion de Israel. “É um programa de verão para fazer pesquisa durante um mês nesse instituto e é voltado para alunos jovens. Vi as fotos dos laboratórios e fiquei maravilhada com a infraestrutura, onde eu estudei não tinha um laboratório”, diz ela, que se inscreveu no programa após tomar conhecimento dele por indicação de amigos. “O processo de se candidatar pra lá foi complexo, tive que pedir cartas de recomendação pra professores, escrever redações, mandar histórico escolar, atividades que desenvolvi, resumos das minhas pesquisas, etc”.

A estudante conta que, apesar de estar selecionada para o programa, precisou passar por outra seleção para conseguir uma bolsa, visto o que custo do programa é de aproximadamente US$ 6 mil, um valor inviável para sua família arcar. “Fiquei mais de uma semana aguardando muito nervosa e ansiosa. Quando recebi o e-mail dizendo que tinha recebido a bolsa completa patrocinada pela Wolf Foundation, fiquei muito feliz”.

A bolsa irá custear o valor da sua hospedagem e a alimentação durante o período que passar em Israel, entre 17 de julho e 8 de agosto, mas a jovem ainda precisa de recursos para bancar as passagens aéreas. Para isso, ela abriu nessa semana uma campanha de financiamento coletivo, a chamada “vaquinha virtual”, para angariar R$ 8 mil, o custo aproximado de uma passagem até Israel no mês julho (disponível aqui). “Pensei que se tinha dado tudo certo com a bolsa que vai custear minha hospedagem e minha alimentação lá no Instituto Technion, então eu precisava dar um jeito de conseguir as passagens”, diz.

Aos 18 anos, Juliana já recebeu mais de 40 prêmios em feiras científicas. Após o curso em Israel, ela pretende ingressar em uma faculdade dos Estados Unidos.


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