Fernanda Morena
O Hospital de Clínicas de Porto Alegre aguarda liberações da prefeitura e da Comissão de Análise Urbanística e Gerenciamento (Cauge) para dar início à construção de dois anexos, previstos em seu projeto de ampliação. Os novos edifícios, com 84 mil metros quadrados (70% da área existente), serão erguidos no local onde hoje funciona o “estacionamento redondo”, com vagas para 180 carros do público externo e 550 do interno. No local, existem, atualmente, 200 árvores que deverão ser retiradas e, posteriormente replantadas. A previsão é de que as obras comecem em março.
A obra — a primeira expansão realizada no Hospital desde a sua fundação há 40 anos — está orçada em R$ 409 milhões. Os anexos I e II destinam-se ao atendimento de pacientes criticamente enfermos — do pós-cirúrgico e do Centro de Terapia Intensiva (CTI). Sob cada um dos prédios haverá um estacionamento subterrâneo de dois andares, com 722 novas vagas para pacientes e familiares.
Um dos prédios será destinado à área de consultórios, o que facilitará o atendimento das mais de 600 mil pessoas que recorrem anualmente a eles. Deste modo, ficarão concentrados em um mesmo prédio todos os serviços deste gênero. Com a ampliação, aumentará, também, o número de leitos oferecidos na modalidade Hospital dia, que atende pacientes em tratamento num único dia, como administração de medicamentos, especialmente nos casos de tratamentos de transplantados e pacientes com dificuldade de locomoção. Serão 16 novos leitos adultos e quatro pediátricos, substituindo as seis poltronas que hoje recebem os pacientes.
O setor de Emergência passará a ter uma área de 5 mil metros quadrados – o triplo dos 1,7 mil metros quadrados atuais, em que, mensalmente, são realizados 5 mil procedimentos. Já o Centro de Tratamento Intensivo ganhará 46 novos leitos, tendo sua capacidade de atendimento elevada a 110 pacientes. Serão abertas 40 novas salas de cirurgia – no ano passado, 22.237 cirurgias foram realizadas nas 28 salas existentes. Não há projeções quanto ao número de pacientes que poderão ser atendidos a mais depois da obra, pois o levantamento do número de pessoas socorridas pelo HCPA é feito considerando procedimentos, sendo que um único paciente pode fazer diversos procedimentos, como, por exemplo, uma cirurgia e exames laboratoriais.
“Eu não diria que é uma obra de urgência, mas é uma obra que vem sendo planejada e demandada pelo crescimento das necessidades da saúde pública há muito tempo. Ele [o HCPA] foi construído e nunca cresceu”, comenta Nadine Oliveira Clausell, vice-presidente médica do HCPA. Na época da inauguração do HCPA, a população porto-alegrense era pouco superior aos 900 mil habitantes. Hoje ela fica pouco abaixo do dobro, segundo o IBGE.
Aguardando aprovação
O projeto de ampliação do hospital está sendo formatado há quase um ano. Conforme Nadine, o período serviu para responder às demandas da Comissão de Análise Urbanística e Gerenciamento (Cauge), que analisa tecnicamente a viabilidade de projetos de infraestrutura. A Cauge conta com peritos de órgãos municipais, como a Secretaria de Obras e Viação (Smov) e a Secretaria do Meio Ambiente (Smam). É este grupo que analisa a viabilidade dos projetos municipais no que tange, entre outras questões, à construção, ao impacto ambiental e à logística de trânsito.
De acordo com o Chefe do Serviço de Engenharia e Edificações do HCPA, Fernando Martins Pereira Da Silva, a aprovação do projeto deverá sair na quarta-feira (12). Um mês depois, a licença: “A obra mesmo deve começar na segunda quinzena de março”. Estima-se que o HCPA esteja 100% reconfigurado em três anos.
Uma das questões que aguardam definição é com relação à derrubada de árvores que se encontram na área de estacionamento onde será erguido um dos prédios. A vice-presidente contabiliza a remoção de 40% das árvores do local, o que significa 200 unidades. Nadine diz que existe “toda uma política de replantio, e que o Hospital aguarda as definições para o replantio em áreas adjacentes.” A Cauge ainda não passou o parecer do técnico da Smam acerca de onde e quantas árvores deverão ser replantadas. As existentes às margens da rua Ramiro Barcellos e da avenida Protásio Alves, onde há uma espécie de bosque, serão preservadas.
Contatada pelo Sul21, a Smam informou que só se manifestará sobre o caso depois de ter a liberação do projeto, que está sob análise da Cauge.
![ghfgf](https://www.sul21.com.br/jornal/wp-content/uploads/2014/02/20140210hcpa-3.jpg)
Construtora teve contrato rescindido com prefeitura por atraso em obra
A Tratenge Engenharia, empresa que integra o consórcio Tratenge-Engeform, vencedor da licitação do Hospital de Clínicas, teve um contrato rescindido, recentemente, com a prefeitura de Piracicaba, no interior de São Paulo.
De acordo com a assessoria do governo municipal de Piracicaba, o rompimento do contrato foi formalizado no início de fevereiro, pela prefeitura, de forma unilateral, depois de a empresa ter atrasado a entrega do Hospital Regional de Piracicaba. Segundo a assessoria da prefeitura, o governo municipal teria enviado dois ofícios à empresa reclamando o avanço da construção, mas a Tratenge teria então declarado não ter mais condições de continuar a obra. Uma nova licitação será aberta para que o hospital seja concluído.
Até a publicação desta matéria, a Tratenge não havia respondido ao pedido de entrevista.
De acordo com Silva, o HCPA não trabalha com a hipótese de ter problemas com eventuais atrasos da construção por contar com “uma série de seguros”. “Estamos falando de uma obra que nem começou, então é só especulação”, acrescenta.
O engenheiro ainda comentou que esteve, como consultor do Ministério da Educação, em uma obra sob a responsabilidade da empresa na Universidade Federal de Juiz de Fora e que a Tratenge estava trabalhando dentro do cronograma.