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10 de janeiro de 2014
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17:57

Catadores contarão com mais recursos para galpões de triagem

Por
Sul 21
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Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
Agora, as associações de catadores passarão a contar com mais recursos para a manutenção dos galpões por meio de critérios de produtividade | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Nícolas Pasinato

A prefeitura de Porto Alegre assinou, nesta sexta-feira (10), no Paço Municipal, protocolo de intenções de novo convênio com as 17 unidades de triagem da cidade. Agora, as associações de catadores passarão a contar com mais recursos para a manutenção dos galpões por meio de critérios de produtividade.

O diretor-geral do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), André Carús, informou que além de receberem 100% do produto da coleta seletiva,  as associações de catadores responsáveis pela gestão dos galpões de reciclagem receberão entre R$ 3 mil  e R$ 8 mil. Atualmente, as unidades de triagem recebem o valor fixo de R$ 2,5 mil por mês para a manutenção e organização dos espaços.

“Vamos estimular uma triagem mais qualificada dos resíduos que eles recebem”, disse Carús. Segundo ele, a medida também tem o objetivo de garantir a integralidade dos postos de trabalho nos galpões. “Vamos abrir mais frentes de trabalho, ampliar o poder de triagem e, por consequência, aumentar a renda direta do trabalhador, porque eles vão se sentir desafiados a respeitar os critérios”, disse. Hoje, até mil postos de trabalho podem ser gerados pelas UT’s, sendo que 500 são ocupados.

Outro efeito da iniciativa é motivar catadores a saírem da clandestinidade. “Esse tipo de medida, que aumenta o padrão de remuneração das associações, vai mostrar para ele [clandestino] que a clandestinidade é sazonal e a formalidade permite continuidade e uma percepção de remuneração”, avalia Carús.

Reconhecimento do trabalho

Para Marli Medeiros, do Centro de Educação Ambiental da Vila Pinto, em Porto Alegre, o maior volume de recursos que passarão a receber representa o reconhecimento das associações de catadores. “Até então éramos os coitadinhos que faziam parte de um projeto social. Hoje nosso trabalho é reconhecido porque nos capacitamos para isso. Nos demos conta de que unidos seríamos mais fortes e a nossa união foi reconhecida pela prefeitura”, disse ela.

Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
Marli Medeiros, do Centro de Educação Ambiental da Vila Pinto e o prefeito José Fortunati na assinatura do novo convênio com as unidades  de triagem de Porto Alegre | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Marli acredita que é obrigação de quem atua nas associações atrair os que trabalham de forma independente. “A pessoa que carrega sozinha o seu lixo diminui sete dias de sua vida por ano. Precisamos convencê-la, porque tem muita gente morrendo”, alerta.

Sobre os catadores independentes, ela conta ainda que eles acabam ganhando um pouco mais em relação aos que trabalham coletivamente, que ganham, em média um salário mínimo mensal, porém, o seu esforço é muito maior e há menos vantagens. “Eles se degastam muito mais e vivem menos. Na Vila Pinto, tem cozinha comunitária, centro cultural, informática, dança, capoeira e jiu-jitsu. Os galpões tem que oferecer essas ofertas para encantar essas pessoas que sofrem e não se dão conta, porque estão acostumadas a sofrer”, defende.

O prefeito José Fortunati espera que a medida fortaleça a relação do município com as unidades de triagem e os catadores. “A sociedade ainda vai reconhecer e bater palmas para o trabalho que vocês fazem”, disse ele, no seu discurso.


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