Educação
|
15 de fevereiro de 2024
|
16:53

Estudantes denunciam atraso na liberação de passe livre estudantil metropolitano

Por
Luís Gomes
[email protected]
Estudantes relatam dificuldades sem liberação do passe livre. Foto: Divulgação/Metroplan
Estudantes relatam dificuldades sem liberação do passe livre. Foto: Divulgação/Metroplan

A estudante Fernanda Antônia da Silveira, que cursa o quarto semestre de Pedagogia no campus de Alvorada do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), afirma que não está conseguindo acompanhar as aulas, que iniciaram em 8 de fevereiro, por ainda não ter tido o benefício do Passe Livre Estudantil liberado. O benefício é disponibilizado pela Metroplan, órgão do governo do Estado, para estudantes que comprovem renda per capita de até 1,5 salário mínimo regional faixa 01, que residam em uma cidade mas estudem em outra e que comprovem frequência nas instituições de ensino.

Moradora do bairro Partenon, Fernanda conta que precisa pegar um ônibus até o Centro da Capital e caminhar até o terminal, localizado próximo à Rodoviária, da empresa que a conduz para o campus. Essa passagem para Alvorada custa R$ 7 (R$ 14 para ir e voltar), enquanto o gasto com o ônibus em Porto Alegre outros R$ 9,60 (R$ 4,80 por viagem). Ela também está aguardando o cartão Tri Escolar para 2024 ficar pronto.

“É um gasto de mais de R$ 20 por dia só com passagem. Infelizmente, eu não tenho ido às aulas do IFRS, pois pago aluguel e demais gastos pessoais ficam inviáveis. Eu moro sozinha e estudo à noite”, diz Fernanda, que faz estágio durante ao dia e atua como freelancer em bares para obter renda extra.

A seccional Sul da União Nacional de Estudantes (UNE) informou à reportagem que os problemas estão sendo relatados por estudantes desde dezembro e que a entidade busca contato com a Metroplan para tratar do assunto, mas que não consegue retorno via telefone ou por e-mail.

“A Metroplan está desde dezembro com o site fora do ar, são vários os relatos que os estudantes da região metropolitana têm dado. O direito ao passe livre intermunicipal estudantil tem que ser assegurado a todos estudantes, a acessibilidade ao sistema da Metroplan cria dificuldades para os estudantes tirar dúvidas e solicitar o passe livre. Precisamos que a Metrolan solucione imediatamente esse problema para garantir o nosso direito ao passe livre intermunicipal sem contratempos”, diz Niara Dy Luz, vice-presidente sul da UNE.

Já o presidente da União Estadual dos Estudantes do Rio Grande do Sul (UEE), Alejandro Guerrero, pontua que, além da demora para a liberação do benefício, houve um aumento significativo no valor da passagem em Viamão, Alvorada e Gravataí, bem como seria perceptível maior tempo de espera nas paradas e redução no número de veículos em operação.

“Essa situação toda impacta na mobilidade dos estudantes, afetando não apenas a vida acadêmica, mas também a rotina de trabalho. É crucial que as autoridades reconheçam esses impactos e busquem soluções considerando as diversas realidades dos estudantes. Essa medida ocorre no início de semestre da maior parte das universidades e coloca em risco a garantia de estudo”, diz Alejandro.

Coordenador do programa Passe Livre Estudantil na Metroplan, Hélio Schreinert Filho reconhece que há demora para liberação do benefício, uma vez que há um acúmulo de pedidos de acesso nos meses de janeiro e fevereiro e cada um deles precisa ser analisado individualmente. Ele diz que 1.080 estudantes pediram o acesso ao benefício neste semestre, dos quais 1.040 foram considerados aptos, e ainda falta a Metroplan analisar os pedidos de 561 estudantes.

“No início do ano, acontece esse acúmulo em razão do começo das aulas. A Metroplan está trabalhando numa força tarefa para regularizar o mais rápido possível. Há 11 anos que ocorre isso. O pessoal tem que ter um pouco de paciência. Nessa época, acumula muito mesmo, até março é meio complicado, mas depois vai bem”, afirma.

A estudante Fernanda diz que a demora para liberação do benefício metropolitano é recorrente e que, no semestre passado, só obteve a liberação na última semana de aulas. Ela conta que até consegue carona de professores para voltar a Porto Alegre, mas que, como não tem condições de ir até Alvorada diariamente, acaba perdendo muitas aulas.

Fernanda pontua ainda que a situação se torna mais problemática em razão da Metroplan exigir índices de frequência escolar para a renovação do benefício, o que é prejudicado pela demora para a liberação do próprio benefício. “No semestre passado, demoram seis meses pra liberar o passe livre. Eu tive que pagar pra ir às aulas. Foi bem caótico”, diz a jovem.


Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora