Educação
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3 de março de 2022
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15:17

Pais paralisam aulas em escola no interior de São Gabriel por falta de transporte escolar

Por
Marco Weissheimer
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Escola Estadual Ataliba Rodrigues das Chagas está localizada no interior de São Gabriel (Arquivo pessoal)
Escola Estadual Ataliba Rodrigues das Chagas está localizada no interior de São Gabriel (Arquivo pessoal)

A comunidade escolar da Escola Estadual Ataliba Rodrigues das Chagas, situada no distrito do Batovi, interior de São Gabriel, decidiu paralisar as aulas enquanto a Secretaria Estadual de Educação do Rio Grande do Sul não resolver o problema da falta de transporte escolar. Segundo os pais, os cerca de 240 alunos da Escola estão desamparados no seu direito básico de estudar em função da não contratação de transporte escolar por parte do governo do Estado. A Escola Ataliba Rodrigues das Chagas atende majoritariamente filhos de assentados e já está na segunda semana de retorno das aulas presenciais sem perspectiva de retomada do transporte escolar.

“Mais de 20 municípios gaúchos foram prejudicados neste início de ano letivo por este problema, porém a desorganização por parte da Secretaria Estadual de Educação na questão dos contratos do transporte não atinge pela primeira vez a nossa Escola”, afirma nota divulgada pela comunidade escolar nas redes sociais. “Há vários anos”, acrescenta, “que algumas linhas precisam ser garantidas de forma judicial, não operando por várias semanas, prejudicando diretamente a educação dos nossos filhos. Ao fim do ano de 2021, todos os alunos simplesmente ficaram sem acesso à escola nos meses de novembro e dezembro devido ao término dos contratos com as empresas, não havendo por parte da Seduc nenhuma compensação”, acrescenta.

Agora, no início de 2022, o problema persiste, sem que os serviços de transporte escolar estejam contratados. Ainda segundo a comunidade, o processo licitatório destas linhas está aberto desde novembro de 2021, mas ainda não foi concluído. O transporte escolar para os alunos de Ensino Médio, que vivem no interior de São Gabriel e estudam na cidade também não está contratado, deixando dezenas de alunos prejudicados.

Segundo a Secretaria Estadual de Educação, os processos de licitação para a contratação do transporte escolar estão em fase de finalização. A Seduc autorizou o funcionamento de uma das mais de dez linhas do transporte escolar que atendem aos alunos da região. Segundo Claudinei Joel Ludwig, presidente do Conselho Escolar, essa decisão representa, menos de 10% do transporte e menos de 5% dos alunos atendidos, visto que essa linha circula apenas na parte da tarde. “Como não temos perspectiva concreta de sermos atendidos até segunda feira pelas demais linhas, definimos em reunião com os pais que a paralisação prossegue, até a autorização e retomada total do transporte”, diz Claudinei Ludwig, que gravou um vídeo relatando a situação vivida pela comunidade (ver abaixo).

Diante do problema da falta de transporte, a Secretária de Educação indicou que os alunos seguissem no modelo de aula remota, o que está sendo rejeitado pelos pais. “Durante o período de distanciamento nos últimos dois anos, em função da pandemia, esse modelo se justificava, mas agora ele é inviável e insuficiente, não garantindo o aprendizado dos nossos filhos. Compreendemos que esse modelo de aulas remotas, via internet ou material impresso, foi necessário no período da pandemia, mas se o governo decretou o retorno das aulas presenciais, exigimos que a Secretaria Estadual de Educação garanta as condições para que isso aconteça”, acrescentou Claudinei Ludwig, lembrando que um grande número de alunos não tem cobertura sinal de internet para ter um aprendizado adequado neste modelo remoto.

“Para quem não tinha sinal de internet, vinha material impresso. Tem professores que andavam cento e poucos quilômetros em um dia, bancando do próprio bolso, buscando fazer a distribuição de material impresso para os alunos. Como é que eles vão sustentar isso?”

Outro problema apontado pela comunidade é a defasagem do quadro de professores e funcionários na escola. “Esse é outro problema que precisa ser resolvido. Se as aulas vão começar nestas condições, muitos alunos serão prejudicados pela falta de professores contratados”, assinala o presidente do Conselho Escolar.


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