Economia
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28 de julho de 2023
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18:23

Alegando conflito comercial, Prefeitura proíbe feiras no espelho d’água da Redenção

Por
Luciano Velleda
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Governo Melo determinou três novas áreas (em amarelo) para feiras; expositores reclamam que locais têm pouco fluxo de  pessoas. Foto: Repdorução
Governo Melo determinou três novas áreas (em amarelo) para feiras; expositores reclamam que locais têm pouco fluxo de pessoas. Foto: Repdorução

Com bastante surpresa. Assim foi recebida a decisão da Prefeitura de não permitir mais feiras no espelho d’água, do Parque da Redenção, pelos expositores que costumam ocupar o espaço nos finais de semana.

Despacho da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Urbanismo Sustentável (Smamus) do dia 27 de junho, indeferiu um pedido protocolado por expositores usando, como justificativa, o conflito comercial entre produtos vendidos nas feiras e aqueles comercializados no empreendimento Refúgio do Lago, como cervejas e lanches.

“Considerando o conflito comercial gerado pela realização de eventos destinados à venda de produtos semelhantes aos comercializados pelo Refúgio do Lago, permissionário habilitado, conforme instrução processual do SEI 20.0.000039504-9, informamos o indeferimento da  solicitação, a fim de resguardar o equilíbrio e econômico da contratação”, diz o documento, referente ao pedido de realização de feira no dia  9 de julho.

Ao não permitir mais o uso da região do espelho d’água, o governo do prefeito Sebastião Melo (MDB) determinou três novos locais para serem usados pelos expositores. Segundo a Prefeitura, as novas áreas foram escolhidas “com o objetivo de ativar e fomentar a circulação de usuários em novos espaços e garantir a distribuição do público por áreas menos ocupadas”. Em nota, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Urbanismo Sustentável (Smamus) disse ainda que “a Redenção é tombada como patrimônio histórico, cultural e ambiental, e cabe à secretaria tomar todas as medidas para conservação do parque como um todo”.

Despacho da Secretaria do Meio Ambiente e Urbanismo Sustentável do dia 27 de junho.

Do ponto de vista dos expositores, o problema é justamente os novos espaços terem pouco movimento de público e, consequentemente, menor chance de vendas.

A empresária Maiara Hoffmann, integrante do coletivo Poa Cultural e uma das organizadoras das feiras, lamenta que a Prefeitura não tenha conversado com os expositores antes de tomar a decisão. Segundo ela, os responsáveis pelo Refúgio do Lago lhe disseram que o pedido não partiu deles e que as feiras, realizadas apenas nos finais de semana, não afetariam o novo empreendimento.

Já o secretário municipal do Meio Ambiente e Urbanismo Sustentável (Smamus), Germano Bremm, teria lhe dito que a decisão decorre do entendimento de que as feiras atrapalham a circulação dos visitantes em torno do espelho d’água e que a intenção é aumentar o movimento em outras áreas do parque – sem, contudo, citar a justificativa de proteção comercial ao Refúgio do Lago.

Maiara explica que os expositores são empresários como quaisquer outros, possuem despesas e custos de deslocamento para estarem na Redenção e, neste sentido, é complicado correr o risco de prejuízo ao ser deslocado para uma área com pouco fluxo de pessoas.

“A gente tenta argumentar, tenta mobilizar a população para ter apoio e conseguir negociar para encontrar um meio termo… talvez outro lugar, mas que não seja no meio do nada”, pondera a empresária. “Os três lugares determinados são inviáveis”, afirma.

Uma reunião para tratar do assunto está agendada com o secretário Germano Bremm para a próxima segunda-feira (31). Ela destaca que os expositores não têm qualquer problema com o Refúgio do Lago e nem com a Prefeitura – que, inclusive, agradece por não cobrar mais uma taxa que antes era obrigatória. A questão, coloca Maiara, é pontual. “Nosso problema é pontual em relação a essa proibição.”

Leia a íntegra da nota da Secretaria do Meio Ambiente e Urbanismo Sustentável

“A Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Urbanismo Sustentável (Smamus) esclarece que foram delimitadas três áreas para implantação de feiras no Parque Farroupilha com o objetivo de ativar e fomentar a circulação de usuários em novos espaços e garantir a distribuição do público por áreas menos ocupadas. Como exemplo, a operação do Refúgio do Lago se encontra em uma das partes menos caminháveis do parque, e agora possui maior circulação e ativações graças ao uso adequado.

A Redenção é tombada como patrimônio histórico, cultural e ambiental, e cabe à secretaria tomar todas as medidas para conservação do parque como um todo.

A Smamus reitera ainda seu compromisso em promover o equilíbrio entre o uso adequado do parque, a preservação do seu patrimônio e a satisfação dos cidadãos que frequentam esse importante espaço verde em nossa cidade.”


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