![Bar Opinião abre suas portas para apoiar pessoas e lugares afetados pela enchente. Foto: Divulgação/Bar Opinião](https://sul21.com.br/wp-content/uploads/2024/06/Bar-Opiniao-450x300.jpg)
O Bar Opinião recebe, nesta sexta-feira (28), a união do hip hop gaúcho em prol dos atingidos pelas enchentes que assolaram o estado em maio. O SOS Rap Grande do Grande do Sul, promovido em parceria com a Boom Rap, Rap in Cena, Baile do Saulit, Pur e com o Museu do Hip Hop, tem o objetivo de arrecadar alimentos às vítimas da tragédia e ajudar artistas e técnicos afetados pela tragédia.
Com os shows de Negra Jaque, LC, PH Original, Rua 3 e Jacksom, assim como a participação dos DJ’s Saulit, Padrinho, Bertoi Hyper, Loba Boss, CP no Beat e DJ ADR, o evento também busca fortalecer a cena local e os profissionais que têm na cultura a sua única fonte de renda.
O produtor do evento Fabrício Chelmes conta que a ideia do festival solidário, unindo diversas organizações e festas do hip hop, partiu do próprio Bar Opinião. Cada organização então chamou alguns artistas que tem a ver com seu segmento dentro do hip hop e assim se criou o festival. “A gente montou o evento com o pensamento de ajudar não somente o pessoal que está em abrigo, mas também a classe artística e a classe técnica”, explica.
O ingresso custa R$ 10,00 mais um quilo de alimento não perecível. O valor arrecadado com os ingressos será dividido de modo igual entre os artistas e os técnicos, enquanto os alimentos serão todos encaminhados para o Museu do Hip Hop, que já tem montada uma rede de distribuição de doações criada durante a enchente.
O produtor destaca que as equipes técnicas que trabalham num evento costumam ser maiores do que o número de artistas.
“Esse pessoal fica completamente parado. A cultura, tanto na pandemia como agora, na enchente, é uma das primeiras a parar e, geralmente, uma das últimas a voltar. Pessoal entende que precisa primeiro ter comida e moradia e, lá na frente, vai pensar em cultura e evento”, pondera, destacando que nenhuma banda, show ou evento ocorre sem o trabalho dos técnicos.
Por isso, Chelmes defende que todo evento solidário tenha o olhar tanto para a classe artística quanto para os mais variados técnicos que viabilizam shows e a arte em geral.
Ele ainda destaca a qualidade dos artistas, Djs e MCs reunidos no festival. Cada show deve ter cerca de 30 minutos de duração. “É difícil ver um evento com tantos artistas locais de qualidade. A gente procurou mostrar a cultura local e que esses artistas estão dispostos a ajudar quem precisa, além de estarem se ajudando.”
Chelmes faz questão de destacar a união do do hip hop gaúcho para criar o festival. Todas as organizações pararam momentaneamente suas agendas para estarem juntas na produção do evento solidário.
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O SOS Rap Grande do Grande do Sul não é o primeiro evento que o Bar Opinião realiza para apoiar os atingidos pela enchente. No último dia 14 de junho, o Opinião abriu suas portas para um grande festival de solidariedade ao Grezz – espaço multicultural inaugurado há cerca de seis meses no Quarto Distrito, em Porto Alegre, e que agora busca apoio para retomar suas atividades. O local ficou inundado por semanas, com perdas importantes de equipamentos, mobiliário e cozinha.
Agora no próximo domingo (30), o Bar Opinião vai sediar outro festival solidário, batizado de Retoma POA. O evento reúne três expoentes da nova geração local – Metanóia; Quem é Você, Alice?; e Bella e o Olmo da Bruxa.
Com o intuito de fazer dos shows uma noite de resiliência, o Retoma POA também vai arrecadar doações para as vítimas das enchentes, como alimentos não perecíveis, agasalhos e ração para cães e gatos. O evento conta com o suporte do RS Música Urgente, que está auxiliando os profissionais da música diretamente afetados pelas inundações.
No dia 5 de julho será a vez do Festival Re-Existência, cujo objetivo é arrecadar recursos para o Espaço Cultural 512, situado também no bairro Cidade Baixa, e que sofreu danos significativos com as enchentes.
Produtor cultural do 512, Guilherme Carlin diz que a ideia da ajuda foi igualmente uma iniciativa do Bar Opinião, a partir de sugestões feitas por músicos que frequentam e se apresentam em ambas as casas. O festival vai reunir as bandas Ultramen, Trabalhos Espaciais Manuais, Funkalister e o Mezz4, quarteto de acid jazz do pianista Luciano Leães, além dos DJs Marigdas e Faylon.
O 512 chegou a fazer uma campanha de apoio para tentar recuperar parte dos prejuízos e conseguiu reabrir suas portas no último dia 7 de junho, depois de uma força-tarefa para limpar o local. A água da enchente subiu até cerca de 1,5 metro na casa. “O Opinião abriu essa possibilidade e a gente ficou muito grato, muito feliz”, afirma Carlin. “Perdemos muito equipamento de som, mobiliário, mesas e cadeiras, equipamentos de cozinha, muitos insumos e 35 dias fechados”, conta.
Além das perdas materiais e financeiras, o produtor destaca o abalo psicológico e emocional causados pela enchente de maio.
“Deixa a gente bastante apreensivo em reconstruir, em retomar uma atividade no mesmo lugar. Mesmo que não seja uma inundação de um metro e meio, os alagamentos são frequentes. Já teve situações em que os clientes não conseguiam sair da casa porque começou a chover e alagou a rua”, lamenta.
Por outro lado, Guilherme diz que a solidariedade, expressa na proposta de ajuda do Bar Opinião, motiva e o faz seguir acreditando no bairro Cidade Baixa. “A gente ficou muito feliz com essa parceria, com essa mão estendida não só do Opinião, mas também de todos os amigos e clientes que nos procuraram para oferecer algum tipo de apoio e aqueles que contribuíram na campanha”, reconhece.
No evento, 80% da bilheteria será destinada ao Espaço Cultural 512, de modo a colaborar nas reformas necessárias para recuperar os estragos causados pela enchente. O festival ainda inclui parceira com o projeto A Ponte, que está recolhendo livros infanto-juvenis para reconstruir as bibliotecas das escolas estaduais. A doação de um livro deve ser feita junto com a compra do ingresso solidário.
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