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8 de junho de 2021
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15:24

Consultoria privada prova que Corsan tem condições de cumprir metas de saneamento (por Jeferson Fernandes)

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Consultoria privada prova que Corsan tem condições de cumprir metas de saneamento (por Jeferson Fernandes)
Consultoria privada prova que Corsan tem condições de cumprir metas de saneamento (por Jeferson Fernandes)
Foto: Corsan/Divulgação

Jeferson Fernandes (*)

O principal argumento utilizado pelo Governador Eduardo Leite (PSDB) para justificar a venda da Corsan foi desmontado por uma consultoria privada. Estudo da Consultoria GO Associados, publicado no Jornal Valor Econômico (07/06), afirma que a Corsan possui capacidade financeira para cumprir com as metas do chamado Novo Marco Regulatório do Saneamento (Lei Federal 14.026/20).

Segundo esse estudo, a Companhia Riograndense de Saneamento está entre as 10 companhias que cumprem as 4 principais exigências econômico-financeiras estabelecidas pela nova legislação. A Corsan passou no teste dos índices de margem líquida, grau de endividamento, retorno sobre patrimônio líquido e suficiência de caixa.

O estudo comprova cabalmente o que já vínhamos afirmando há bastante tempo: a Corsan é uma empresa pública superavitária, ou seja, mais arrecada do que gasta e tem capacidade de realizar os investimentos para cumprir as metas de universalização do saneamento no RS. Ela teve nos últimos 5 anos um lucro líquido médio de R$ 300 milhões/ano. E além disso, através do subsídio cruzado, cumpre com um importante papel social, ao investir parte de seus ganhos em municípios cuja arrecadação tarifária é deficitária em relação aos custos operacionais.

Portanto, cumpre-se a velha sentença de que a mentira tem pernas curtas. O argumento utilizado pelo governador para justificar a sua mudança de posição tinha os pés de barro e não parou em pé. Não faz nenhum sentido abrir mão de uma empresa pública lucrativa, que atende 6 milhões de pessoas em 317 municípios gaúchos e entregá-la à iniciativa privada.

Conforme o relator da ONU para os Direitos à Água e ao Esgotamento Sanitário, o engenheiro Léo Heller, que possui pós-doutorado na Universidade Oxford, a imensa maioria dos casos de privatização do setor ocorridas no Brasil e no mundo apresentaram quatro consequências básicas: aumento de tarifas, não cumprimento de metas contratuais, desinteresse em atender municípios pequenos e distantes e repasses milionários em dividendos aos novos acionistas.

Isso é a crônica de uma tragédia anunciada. Não existe um único argumento sério que justifique essa irresponsabilidade com uma empresa pública que hoje possui um patrimônio líquido avaliado em R$ 4 bilhões. A privatização da Corsan resultaria em prejuízos incalculáveis ao RS e seu povo, ao mesmo tempo em que multiplicaria as fortunas de meia dúzia de investidores ligados ao cassino financeiro. O governador precisa ter a humildade de pedir desculpas ao povo gaúcho e cumprir com a palavra empenhada, abdicando dessa insensatez de leiloar o que não lhe pertence.

(*) Deputado Estadual (PT-RS), Presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Água Pública

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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