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18 de outubro de 2010
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00:25

Grêmio vence o líder, e a Libertadores é logo ali

Por
Sul 21
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Lucas Uebel / Grêmio FBPA
Grêmio fez 2 a 1 no Cruzeiro em partida emocionante | Foto: Lucas Uebel / Grêmio FBPA

Igor Natusch

Foi uma Vitória, com V maiúsculo. Teve todos os elementos de uma partida decisiva: dois times em grande momento, estádio cheio e muita emoção em um jogo disputadíssimo. Para agradar os que apreciam uma pitada de superação, foi de virada, em cima do líder, com direito a um gol de estreante e outro do artilheiro do campeonato. Os supersticiosos, por sua vez, podem comemorar o triunfo sobre uma das mais encardidas toucas do tricolor gaúcho. A tabela, que costuma ser madrasta, ajudou desta vez e permitiu que a distância do G-3 caísse dramaticamente. Com tudo isso, o 2 a 1 do Grêmio sobre o Cruzeiro soma predicados para ser uma partida definidora no campeonato gremista – uma competição que parecia perdida, e hoje surge insinuante com delícias inesperadas.

Um observador mais apaixonado poderia dizer que o Grêmio foi superior no primeiro tempo. Afinal, o dono da casa tinha a posse da bola, tomava iniciativa e chegava com perigo na frente. O problema é que a marcação a Montillo, melhor jogador cruzeirense, era feita por Fábio Rochemback, ao invés de ficar a cargo de Vilson, como se esperava. Todos sabemos que Rochemback é jogador valente e de inegável qualidade – mas todos sabemos, igualmente, que ele já não cozinha na primeira fervura, e que nem sempre as pernas obedecem a contento as ordens de seu cérebro. Montillo ficou na sua, sem grandes explosões, esperando o momento para dar o bote. E a chance surgiu aos 28mins da primeira etapa, em belo lançamento de Léo. 1 a 0 para o Cruzeiro, e clima de apreensão no Olímpico.

O Grêmio sentiu, e viveu dez ou quinze minutos de desesperadora instabilidade. Porém, do mesmo jeito que Renato errou a deixar Rochemback no vértice superior de seu losango de meio-campo, acertou em várias outras coisas. Entre elas, em apostar no estreante Júnior Viçosa para substituir André Lima, lesionado de forma estúpida ao brincar com uma perigosíssima garrafa de isotônico. Mais do que um aipim dentro da área, o jovem trazido do ASA-AL abriu seguidamente pela direita, triangulando com o sempre efetivo Gabriel. Jonas, curiosamente, se manteve mais centralizado. E Douglas, quando quer, resolve uma partida – como fez aos 49mins da primeira etapa, quando os repórteres já se aglomeravam na beira do campo, ao lançar Jonas com uma precisão que desafia as leis da física. O chute foi defendido por Fábio, mas Viçosa estava no lance, e cumprimentou para as redes. 1 a 1, e os dois times foram aos vestiários sob o ruído ensurdecedor de um Olímpico em chamas.

O jogo seguiu disputado e emocionante na segunda etapa, com as duas equipes jogando bem e criando oportunidades. O Cruzeiro teve até um gol anulado, em um impedimento de Wellington Paulista que meu gremismo enxerga, mas minha razão não consegue constatar, por mais que tente. Mas o que decidiria a partida, no fim das contas, foi outra decisão correta de Renato Portaluppi – a entrada de Gílson, no lugar do monotonamente inoperante Fábio Santos. Gílson pode não ser craque, mas é um jogador daqueles topetudos, que entra área adentro se tiver a chance. E só não entrou, aos 29mins do segundo tempo, porque Thiago Ribeiro impediu. Pênalti, cobrado duas vezes por Jonas – na primeira, jogadores gremistas invadiram a área e a cobrança foi repetida. 2 a 1 Grêmio, de virada, e o tricolor gaúcho vivíssimo na luta pela Libertadores.

Os placares paralelos, quase todos, ajudaram. Como se diz por aí, o cavalo passou encilhado para o Grêmio – e o tricolor gaúcho montou. Agora, são apenas quatro pontos para o G-3 – que ainda pode virar G-4, caso a Conmebol mude de ideia pela ducentésima vez em sua história recente e reabilite a vaga recentemente eliminada do Brasil. O Gre-Nal, mais do que um clássico emocionante, virou uma partida chave para todo o campeonato. “O Grêmio vai sair campeão!”, era a alegre cantoria dos torcedores na saída do Estádio Olímpico. Impossível? Falem por vocês – eu, pessoalmente, não duvido de mais nada.

GRÊMIO (2): Victor, Gabriel, Paulão, Rafael Marques e Fábio Santos (Gílson); Vilson, Fábio Rochemback, Lúcio e Douglas; Jonas (Diego Clementino) e Júnior Viçosa (Ferdinando). Técnico: Renato Portaluppi
CRUZEIRO (1): Fábio, Jonathan, Léo, Edcarlos e Pablo (Gilberto); Fabrício, Henrique, Marquinhos Paraná (Roger) e Montillo; Wellington Paulista e Thiago Ribeiro (Farias). Técnico: Cuca
Gols: Montillo (CRU), aos 28, e Júnior Viçosa (GRE), aos 48 mins do primeiro tempo; Jonas (GRE), aos 29 mins do segundo tempo.
Árbitro: Paulo César Oliveira (Fifa/SP). Auxiliares: Roberto Braatz (Fifa/PR) e Fabrício Vilarinho da Silva (GO)
Cartões amarelos: Fábio Santos, Douglas e Ferdinando (GRE); Montillo, Marquinhos Paraná, Fabrício e Léo (CRU).
Público total: 41.435 torcedores. Renda: R$ 914.890,50.


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