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27 de setembro de 2010
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04:01

Quem diria: Grêmio agora só ganha fora de casa

Por
Sul 21
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Divulgação / Grêmio.Net
Vitória sobre Atlético-MG é a terceira consecutiva fora de casa | Foto: Divulgação / Grêmio.Net

Igor Natusch

Não foi uma partida das mais tranquilas, mas o Grêmio garantiu com alguns méritos sua vitória de 2 a 1 sobre o Atlético-MG, a terceira consecutiva fora de casa nesse Brasileirão. Demonstrando uma respeitável coesão tática, o Imortal teve várias boas oportunidades, e poderia até ter vencido com uma folga maior – embora tenha passado alguns apertos na partida, causados pela própria incapacidade de matar o jogo quando tinha a faca e o pescoço à disposição.

O jogo não era, teoricamente, dos mais fáceis. O Galo mineiro, embora vegetando no pântano sombrio dos rebaixáveis, tem um plantel cheio de nomes respeitáveis, e a recente chegada de Dorival Jr (demitido no começo da semana por Neymar, digo, pelo Santos) poderia dar um gás extra nos atletas, em busca de uma reação no Pindoramense. Mas não foi nada disso que se viu – na verdade, os primeiros 20mins deram a pinta de que poderia pintar até uma goleada histórica. O Grêmio, sem nenhum esforço, tirava a defesa atleticana para dançar, aproveitando a incrível confusão tática do adversário, que mais parecia um grupo de moleques disputando uma pelada em campo de terra batida. Os dois gols gremistas – de Jonas, artilheiro em chamas, e de Gabriel – surgiram com facilidade absurda, fruto de tabelamentos quase singelos no coração da defesa mineira. Mais do que jogar mal, o Atlético-MG dava fiasco. E o Grêmio, se forçasse um pouco mais, poderia ter liquidado a fatura de forma inapelável antes até da metade do primeiro tempo.

Mas aconteceu uma coisa engraçada na partida: o Grêmio resolveu não forçar. Pelo contrário: desconcentrou-se visivelmente do jogo. Começou a pensar nas festinhas pós-jogo, na partida de quarta (29) contra o São Paulo, na felicidade das formigas ou nos Manuscritos do Mar Morto. Pensava em tudo, menos na partida que ainda tinha diante de si. Estava tão fácil, que o Grêmio parou de jogar – e conseguiu, assim, complicar a partida. O gol de Diego Tardelli, concluindo de cabeça depois de linda jogada de Daniel Carvalho e ótima defesa de Victor, foi mais do que um sinal de alerta – foi consequência natural de um momento no qual o time visitante achou que podia simplesmente esperar o tempo passar. Não podia, e o 2 a 1 no placar era evidência clara disso.

Com o gol, o Grêmio despertou do transe, mas não se preocupou tanto assim em impor-se novamente na partida. Preferindo nitidamente o certo ao duvidoso, passou a cultivar a posse da bola, tentando sair apenas quando tinha boas chances de fazer o gol. O Atlético-MG chegava, impunha algum perigo, mas era uma pressão intermitente, muito mais na base da qualidade individual do que fruto de algum tipo de imposição tática. Na beira do gramado, o já normalmente sisudo Dorival Jr parecia bastante preocupado, já prevendo o longo trabalho que vai ter para corrigir o aparente vazio tático deixado pela grife Luxemburgo. Apesar de algumas chegadas perigosas – e algumas ótimas defesas de Victor – o Galo não fez por merecer o empate. E o Grêmio venceu com justiça, ainda que sem brilhantismo.

Agora, o Grêmio ocupa o que poderíamos chamar de zona de conforto na tabela – é 10º lugar, com 33 pontos, 11 a menos que o Cruzeiro (último classificado para a Libertadores), mas 7 pontos à frente do Atlético-GO, que está um pouco acima dos outros no meio da areia movediça. Mais que isso: o Grêmio tem, nesse momento, a melhor campanha do segundo turno, além de ostentar o artilheiro isolado, na figura do indefectível Jonas. Mentes delirantes já projetam cálculos mirabolantes, em um sonho lisérgico com a Libertadores do ano que vem. Enquanto isso, o Grêmio vai somando pontos em todas as rodadas – e Renato Gaúcho desconversa, dizendo que quer dar um passo de cada vez. A torcida, por enquanto, pede pouco: uma vitória sobre o São Paulo já deixará todos felizes. Para quem ganha de todo mundo como visitante, já está na hora de voltar a vencer dentro de casa.

ATLÉTICO-MG (1): Renan Ribeiro, Rafael Cruz (Diego Macedo), Rever, Werley e Leandro; Zé Luis, Serginho, Daniel Carvalho e Ricardinho (Eron); Diego Tardelli (Neto Berola) e Obina. Técnico: Dorival Júnior.
GRÊMIO (2): Victor, Gabriel, Vilson, Rafael Marques e Fabio Santos; Rochemback, Fernando (Roberson),Adilson (Neuton) e Douglas; Jonas e André Lima (Maylson). Técnico: Renato Portaluppi.
Gols: Jonas, aos 2mins, e Gabriel, aos 15mins para o Grêmio; e Diego Tardelli, aos 30mins do primeiro tempo
Estádio: Arena do Jacaré – Sete Lagoas (MG).
Árbitro: Arilson Bispo da Anunciação. Auxiliares: Emerson Augusto de Carvalho e Luiz Carlos Silva Teixeira/BA
Público: 12.262 pagantes. Renda: R$ 57.790,00


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