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12 de agosto de 2016
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17:45

Sindicatos denunciam ‘alinhamento dos infernos’ entre Temer e Sartori

Por
Sul 21
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Frente em Defesa das Estatais realizou ato, na Praça da Alfândega, contra as privatizações e em defesa dos direitos dos trabalhadores. (Foto: Maia Rubim/Sul21)
Frente em Defesa das Estatais realizou ato, na Praça da Alfândega, contra as privatizações e em defesa dos direitos dos trabalhadores. (Foto: Maia Rubim/Sul21)

Marco Weissheimer

A Frente em Defesa das Estatais denunciou nesta sexta-feira (12), em ato realizado na Praça da Alfândega, o “alinhamento dos infernos” entre Michel Temer e José Ivo Sartori, ambos do PMDB, e as políticas de privatizações, desmonte de serviços públicos e de direitos trabalhistas que integram a agenda de seus respectivos governos. Coordenada pela CUT Metropolitana e com a participação da Nova Central Sindical, a manifestação reuniu sindicatos de várias categorias que decidiram unificar suas lutas em defesa dos direitos dos trabalhadores e contra as privatizações. O ato também serviu para divulgar a manifestação convocada por todas as centrais sindicais para o próximo dia 16 de agosto, às 7 horas, em frente à sede da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs).

“Estamos aqui mais uma vez para defender o que é público e os direitos dos trabalhadores. A cada vez que entra um governo que não valoriza o serviço público, temos que sair às ruas”, disse Paulo César Maciel, vice-presidente da Associação dos Técnicos das Companhias e Empresas de Energia Elétrica (ATCEEE). Maciel chamou a atenção para a correlação de forças desfavorável aos trabalhadores presente hoje no Congresso Nacional. “Vivemos hoje no Brasil um momento de crise da democracia. No Congresso, há grandes grupos de empresários representados, enquanto os trabalhadores têm uma representação muito pequena. Estamos deixando nossos direitos na mão desses grupos que têm na sua agenda o aprofundamento das terceirizações e a precarização da CLT”.

Sindicatos anunciaram unidade para enfrentar agenda de privatizações no Estado. (Foto: Maia Rubim/Sul21)
Sindicatos anunciaram unidade para enfrentar agenda de privatizações no Estado. (Foto: Maia Rubim/Sul21)

Em âmbito estadual, Maciel lembrou que a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) passou para o 8º lugar, entre 33 empresas que estão no ranking da Agência Nacional de Energia Elétrica. “Isso é qualidade de serviço público. Empresas como a CEEE, a Corsan e o Banrisul são fundamentais para o desenvolvimento do Rio Grande do Sul e não podemos permitir que sejam privatizadas. Para tanto, precisamos mobilizar mais nossos colegas e sair para a rua contra essa agenda que querem implantar”, defendeu.

José Joaquim Fonseca Marchisio, da Associação Nacional dos Participantes de Fundo de Pensão (Anapar), chamou a atenção para as ameaças trazidas pelo “alinhamento dos infernos” entre os governos de Michel Temer e José Ivo Sartori. “Mais uma vez, vinte anos depois, estamos voltando à estaca zero com o retorno de um neoliberalismno feroz. A previdência complementar não vai escapar desse ataque. O objetivo deles é se apropriar de todo o recurso público possível, transferindo-o para o setor privado”. Na área da Previdência, Marchisio destacou a falência do modelo de previdência privada implantado no Chile que, durante muitos anos, foi saudado pelos neoliberais como um exemplo a ser seguido em toda a América Latina.

“Esse modelo faliu. Bachelet está enviando um projeto para restaurar a previdência pública no país. Enquanto isso, aqui no Brasil, avançam as medidas para implantar um modelo de Previdência altamente destrutivo, colocando consultores privados na administração dos fundos de pensão”, disse o representante da Anapar. Ele lembrou que essa receita foi implantada no Postalis (Instituto de Previdência Complementar dos Correios), gerando um modelo caótico. “Agora, querem trazer esse modelo caótico para o sistema como um todo. A previdência complementar do setor público é o grande alvo deste processo. Precisamos nos insurgir contra isso”, defendeu Marchisio, que lembrou ainda o que aconteceu na década de 90 com a CEEE. “Quando ocorreu a privatização de parte da CEEE, na década de 90, as empresas privatizadas foram acabando com os planos de previdência, como aconteceu com a RGE por exemplo. Se não nos insurgirmos, eles vão conseguir fazer o que não conseguiram nos anos 90”, advertiu.

Na mesma direção. Oniro Camilo, presidente da Nova Central Sindical no Rio Grande do Sul, criticou a proposta de privatização da Companhia Riograndense de Mineração (CRM), que está na agenda do governo Sartori. “Falo em nome de uma categoria que está sendo extinta pela ausência de uma política nacional para o carvão. A multinacional Tractebel quer fechar a usina de Charqueadas, o que pode provocar o desemprego de mais de dois mil trabalhadores em toda a cadeia produtiva que gira em torno da usina. A categoria dos mineiros está sendo exterminada no Rio Grande do Sul. Já fomos mais de 10 mil e hoje não chegamos nem a mil trabalhadores. A entrega da CRM para o capital estrangeiro é uma ameaça para as comunidades das regiões do Baixo Jacuí e de Candiota”, advertiu.

Claudir Nespolo, presidente da CUT-RS, convocou sindicatos para ato dia 16 de agosto, em frente à Fiergs. (Foto: Maia Rubim/Sul21)
Claudir Nespolo, presidente da CUT-RS, convocou sindicatos para ato dia 16 de agosto, em frente à Fiergs. (Foto: Maia Rubim/Sul21)

O presidente da Central Única dos Trabalhadores no Rio Grande do Sul, Claudir Nespolo, criticou o papel desempenhado pelas grandes empresas de comunicação na construção do golpe e na ofensiva contra direitos e serviços públicos. “A grande imprensa está toda ela a serviço do grande capital e do rentismo que desejam se apropriar do maior número de empresas públicas possível. Já vivemos um período onde essa mesma imprensa trabalhou diariamente para passar a ideia de que as empresas estatais eram deficitárias e ineficientes. Um dos resultados dessa campanha foi a venda da Vale do Rio Doce a preço de banana, privatização esta que foi financiada por dinheiro público”.

“O cerco do golpismo de Temer”, acrescentou o dirigente da CUT, “está se fechando aqui no Rio Grande do Sul com um alinhamento dos infernos”. “Eles têm maioria na Assembleia Legislativa e no Congresso Nacional e governos dispostos a implementar toda a pauta neoliberal. E contam com a grande imprensa para convencer a população a aceitar essa pauta, com o objetivo de passar a régua nas empresas públicas e na previdência pública. Claudir Nespolo anunciou que no próximo dia 16 de agosto, a classe trabalhadora estará nas ruas em todo o país para denunciar esse plano. No Rio Grande do Sul, será realizado um ato em frente à Fiergs que, segundo ele, “é um símbolo da elite que financiou o golpe”. “Todas as centrais sindicais estarão lá, às 7 horas da manhã. Nada será como antes. Não tem zona de conforto. Precisamos desalienar a população e só se faz isso com luta na rua”.

Leandro Almeida, do Sindiágua: "É a aposentadoria e os direitos de todos os trabaçhadores que estão em jogo". (Foto: Maia Rubim/Sul21)
Leandro Almeida, do Sindiágua: “É a aposentadoria e os direitos de todos os trabaçhadores que estão em jogo”.
(Foto: Maia Rubim/Sul21)

Gérson Borba, presidente do Sindipolo, também fez uma convocação para o ato do dia 16 na Fiergs. “É dali que sai o dinheiro para financiar os patos amarelos que desfilam na Paulista e para toda a pilantragem que está em curso contra nossos direitos. Em 64, esses grupos tiveram o apoio da mídia para aplicar o golpe contra Jango. Hoje o golpe é feito diretamente pela própria mídia”, assinalou.

O presidente do Sindiágua, Leandro Almeida, criticou a agenda defendida pelo governador José Ivo Sartori que, segundo ele, foi “soldadinho do Britto em 1995”. O sindicalista garantiu que os trabalhadores da Corsan não permitirão a privatização da empresa; “Não vamos permitir isso. Aqui é o Estado dos gaúchos, não do Sartori. Não estamos fazendo uma defesa corporativa. É a aposentadoria e os direitos de todos os trabalhadores que estão em jogo”, enfatizou.

 


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