Julgamento Lula
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23 de janeiro de 2018
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17:27

Lindbergh: ‘Não é hora de uma esquerda frouxa e burocratizada’

Por
Luís Gomes
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Lindberg Farias durante ato de juristas pela democracia na noite de segunda-feira | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Luís Eduardo Gomes

O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) foi uma das figuras políticas presentes no Ato de Juristas e Intelectuais em Defesa da Democracia, realizado na noite de segunda-feira (22), em Porto Alegre. O carioca fez um discurso inflamando, sendo aplaudido pela militância presente especialmente quando encaminhou uma mensagem à Rede Globo, convocando a emissora a “deixar de ser covarde” e achar um candidato para disputar a eleição com Lula nas ruas. Após o evento, o senador conversou brevemente com a reportagem sobre o que espera do julgamento o ex-presidente nesta quarta-feira (24) no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) e dos rumos que a esquerda deve seguir após os eventos desta semana.

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Questionado sobre o resultado que espera no julgamento, Lindbergh disse que não gostaria de se antecipar, mas que não nutre ilusões a respeito do judiciário, especialmente pela forma como o processo foi conduzido no TRF4 até agora. “Eu acho que o sistema judicial como um todo foi muito envolvido. Eles ficam falando de pressão, mas a grande pressão que tem é a pressão da Rede Globo, essa coisa da mídia em cima deles. Eles transformam essas figuras em astros do dia para a noite e eles ficam presos a essa imagem. Eu sei que, quando você vai olhar a sentença do Moro, é de uma fragilidade tão grande que muita gente diz o seguinte: ‘Olha, não tem outro caminho que não seja a absolvição'”, disse o senador.

Para Lindbergh, a Rede Globo é o símbolo da aliança entre a burguesia nacional e os setores partidarizados do sistema judicial. Diante desse cenário, não haveria outra alternativa para a esquerda senão adotar uma postura diferente daquela dos 13 anos de governos petistas, o que incluiria ter um programa diferente para o próximo período, que defenda abertamente a democratização dos meios de comunicação e o aumento da tributação às grandes fortunas.

“Não é hora de uma esquerda frouxa e burocratizada, é hora de uma esquerda que se apoie nas lutas sociais, uma esquerda mais aguerrida e nós vamos ter que reaprender a fazer isso”, disse. “Nós não vivemos um período de normalidade democrática. Não adianta a esquerda estar se comportando como no período anterior da história, achando que está tudo bem, que nós vamos derrotar esse golpe ganhando uma liminarzinha na Justiça ou disputando uma eleição que é uma eleição fraudada no caso de impedirem a candidatura do Lula. Acho que a gente tem que abrir mão um pouco dessa via excessivamente institucional do último período e apostar mais na organização do povo, nas mobilizações populares. Só povo na rua derrota esse golpe”, afirmou.

O senador ainda destacou que, independente do resultado do julgamento desta quarta-feira, a executiva nacional do PT irá se reunir na quinta-feira (25) para reafirmar a candidatura de Lula à presidência em 2018. “O processo penal é completamente diferente do eleitoral. Nós vamos registrar ele no dia 15 de agosto e eu estou convencido que eles não têm como tirar Lula da urna eleitoral”.

Senador defende que esquerda adote um caminho menos institucionalizado do que nos últimos anos | Foto: Guilherme Santos/Sul21

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