Rachel Duarte
Um grupo de jovens estudantes gaúchos está arrecadando recursos na internet para construir uma plataforma com informações dos candidatos que irão concorrer nas próximas eleições municipais. A intenção é sensibilizar as pessoas a se interessar pela política e ver o quanto os sujeitos a quem destinam o voto estão preparados para enfrentar os temas de interesse para o desenvolvimento das cidades. Por meio de um passo a passo no Facebook, será possível buscar os candidatos a vereador e prefeito no Rio Grande do Sul preocupados com determinadas áreas. Porém, o projeto ‘Voto Como Vamos’ só será executado se o valor de R$ 12,5 mil for alcançado até o dia 15 de junho.
As doações podem ser feitas na página do movimento, hospedada no coletivo Catarse e os recursos são administrados com o auxílio de uma rede de apoio a empreendedores na rede. O valor mínimo é R$ 10 e a partir de R$ 20 os doadores são promovidos dentro do movimento. “Publicamos os nomes deles na página do grupo, os identificamos com adesivos e todos podem ajudar a construir a plataforma conosco”, conta uma das integrantes, Silvia Kihara.
A ideia do Voto Como Vamos surgiu das reuniões do Porto Alegre Como Vamos, um movimento apartidário e independente criado em 2011 para acompanhar a gestão dos políticos na cidade de Porto Alegre. O movimento foi fundado por quatro estudantes universitários e hoje conta com pelo menos 10 membros ativos. “A ideia é envolver a sociedade civil na decisão sobre as questões públicas da cidade. É um movimento aberto e sem vínculos partidários. Recebemos quem quiser participar,de todos os campos ideológicos”, explica Silvia.
A inspiração do grupo foi iniciativas com propostas similares já vivenciadas em São Paulo, Salvador e Bogotá. A maioria dos adeptos é jovem com acesso a internet. “Sabemos que ainda não conseguiremos envolver a massa da sociedade, uma vez que muitos não utilizam as redes sociais ou não tem internet. Mas, pretendemos desenvolver a plataforma para acesso mesmo daquelas pessoas que não tem perfil no Facebook”, conta a estudante.
A plataforma ainda será desenvolvida por empresas parceiras que previamente baratearam o preço dos serviços para o orçamento ficar em R$ 12,5 mil, valor pedido na campanha virtual. “Se não atingirmos o valor, o administrador devolverá o dinheiro a todos. Se conseguirmos poderemos acessar os recursos ao final da mobilização. Esperamos conseguir, temos alguns dias e estamos com bastante adesões e pessoas interessadas em ajudar”, estima Silvia.
Candidatos a vereador e prefeito vão postar diretamente suas propostas
A intenção do Voto Como Vamos é que os próprios candidatos nas eleições municipais de 2012 postem as informações sobre as plataformas de campanha. A ideia é não mediar os dados do banco para evitar manipulações ou distorções de conteúdo.
O aplicativo vai dar link, a partir do nome dos candidatos, às propostas, notícias da imprensa relacionadas e comentários postados na rede social. A navegação também poderá ser feita com a busca direta por partidos ou temas de interesse, como sustentabilidade, segurança, etc. Se o acesso ao perfil do Voto Como Vamos for direto pela página do movimento, a navegação será educativa. “O usuário entra e escolhe a função Vereador ou Prefeito. Ao clicar aparece um vídeo explicativo da respectiva atividade desempenhada pelos candidatos àquela função. A partir daí, a busca é feita por temas. Ao escrever o assunto desejado, a plataforma fará a busca dos candidatos que tem a proposta equivalente ao tema”, explica Silvia Kihara.
Por mais básico que possa parecer, a funcionalidade de explicar as funções de prefeito e vereador e situar as propostas com partidos é uma orientação importante para a maioria da população, como ilustram os jovens do Porto Alegre Como Vamos no vídeo de divulgação do movimento.
“As informações divulgadas pelos candidatos e suas assessorias será de inteira responsabilidade deles. Assim como a ausência dos dados daqueles que não quiserem publicar na página. No ano seguinte à eleição pretendemos continuar acompanhando os candidatos para saber se estarão cumprindo as propostas anunciadas”, conta Silvia.
Caso os recursos sejam alcançados e a plataforma consiga ser construída em tempo, estas eleições poderão ter um bom aliado na transparência dos candidatos e no alcance dos eleitores que hoje tem emails e redes sociais invadidas pelas candidaturas. “Já alcançamos a metade do dinheiro necessário, o que já foi algo inesperado. Mas, a nossa luta é divulgar mesmo nosso movimento. Queremos sensibilizar as pessoas para o processo político. Mesmo sem os recursos, vamos continuar”, falou a estudante do Porto Alegre Como Vamos.
As escolas interessadas em debater política ou falar sobre o processo eleitoral podem convocar o grupo. Eles estão percorrendo os cursinhos pré-vestibular e escolas interessados em mobilizar os estudantes, já que o projeto utiliza uma rede social bem familiar aos jovens.
