Rachel Duarte
No dia em que falsos explosivos apareceram em Porto Alegre e no interior, em ação atribuída a policiais militares, o governo do Estado fez uma nova proposta aos servidores da Brigada Militar, substituindo o abono por um reajuste de 23% sobre o vencimento básico da categoria, que vai analisar a oferta. Enquanto isso, os agentes da Polícia Civil anunciaram uma paralisação, nos dias 28 e 29, contrários à proposta apresentada pelo governo.
Nesta quarta, o governador Tarso Genro reagiu com indignação ao suposto protesto no centro de Porto Alegre – um falso explosivo foi amarrado a um boneco fardado de PM no viaduto Otávio Rocha, próximo do Palácio Piratini. “Este protesto, que inclusive ameaçou a população, pode ser de pessoas com certo vínculo com a Brigada ou alguém que seja da corporação, mas isto é atitude de marginal. Algo infantil pra causar dano a quem? A população de Porto Alegre”, disse Tarso.
Mais tarde, em clima de cordialidade, dirigentes das associações de policiais militares e secretários estaduais se reuniram no gabinete do chefe da Casa Civil, Carlos Pestana. Ao final do encontro, pareciam ter encontrado uma saída para equacionar a promessa de Tarso Genro em alcançar o teto de R$ 3,2 mil para os salários dos brigadianos. O governo propôs reajustes de 23,5% para os soldados e de 10,5% para os primeiros tenentes, divididos em duas etapas. O governo também ofereceu a ampliação das promoções para 2,8 mil servidores e não mais 1,2 mil. Os benefícios começariam a ser concedidos ainda em 2011, contemplando 700 servidores por ano até 2014.
Na avaliação do vice-presidente da Associação dos Sargentos Subtenentes e Tenentes da Brigada Militar (ASSTBM), Olivo Moura, a proposta ainda não é a desejada pelos policiais, mas bem melhor que a primeira, quando o governo ofereceu abono de R$ 300,00. “Não é o que esperávamos, mas já é melhor que o abono oferecido. Convocaremos as regionais para que a categoria decida até quarta-feira que vem”, informou. Segundo o dirigente, a tendência é pela aceitação da proposta. “A discussão sobe a matriz salarial segue aberta”, ponderou.
A continuação das negociações sobre a matriz salarial da categoria visando o reajuste a ser concedido em março de 2012 é a principal reivindicação dos policiais. “Agora começamos uma nova negociação para a matriz de março. Queremos o pagamento de R$ 400 milhões ao ano para alcançar o teto até 2014”, disse o presidente da Abamf, Leonel Lucas.
Segundo Carlos Pestana, a proposta do governo não encerra a discussão sobre os salários dos brigadianos. “Esta proposta é para atender a uma situação emergencial, pois entendemos que os salários da Brigada Militar estão muito aquém do que deviam. Nosso compromisso de valorizar gradativamente a categoria continua de pé e é nossa prioridade dar prosseguimento ao processo de melhora dos salários ao longo do nosso Governo”, enfatizou. Governo e servidores da Brigada devem ter nova reunião nesta sexta.
Paralisação na Polícia Civil
Enquanto o governo parece se acertar com os servidores da Brigada Militar, os agentes da Polícia Civil anunciam uma paralisação nos dias 28 e 29. A decisão foi tomada nesta quinta pelo conselho de representantes da Ugeirm. A categoria decidiu não aceitar os índices de 7% em outubro e 3% em abril de 2012, propostos pelo governo na semana passada.
Além do índice de reajuste em si, que é baixo, há grande indignação pela falta de tratamento isonômico com outras categorias da segurança pública. “Fizemos o alerta formal ao governo no dia 2 de setembro. Não aceitamos quebra de simetria salarial e isso aconteceu em outras negociações por iniciativa do governo”, disse Isaac Ortiz, presidente da Ugeirm. Uma nova reunião dos policiais civis com o governo deve ocorrer nesta sexta.
