Geral
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10 de outubro de 2022
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11:47

Um diálogo com os evangélicos sobre verdade, política e religião (por Demilson Figueiró Fortes e Dirlei Figueiró Fortes)

Comício de Lula em Florianópolis. Foto: Guilherme Santos/Sul21
Comício de Lula em Florianópolis. Foto: Guilherme Santos/Sul21

Demilson Figueiró Fortes e Dirlei Figueiró Fortes (*)

Na eleição de 1989 nosso pai e nossa mãe, evangélicos, votaram em Fernando Collor, sob o argumento de que o Pastor da Igreja afirmava que Lula era comunista e as fecharia. O curioso é que, poucos anos antes, nosso pai havia comentado, tomando um mate na beira da nossa casa em Palmeira das Missões, que gostava do Brizola. E mostrou disposição até de ir à luta para defender o líder trabalhista. Como pessoas de origem humilde, seria lógico que apoiassem um candidato operário, que defende os trabalhadores e as pessoas mais vulneráveis. Porém, o comportamento nada cristão e opressor do Pastor interferiu no pensamento e no voto dos nossos pais.

Lula se elegeu em 2002, foi presidente duas vezes. Depois, Dilma foi eleita presidenta. E, por ironia da vida, foi Lula que, como presidente da República, sancionou a Lei 10.825/2003, da Liberdade de Organização Religiosa. Foi também o então presidente Lula que sancionou a Lei 12.025/2009, que institui o Dia Nacional da Marcha para Jesus. E, foi a Presidenta Dilma que promulgou a Lei 13.246/2016, que institui o Dia Nacional da Proclamação do Evangelho. 

Portanto, nos governos petistas de Lula e de Dilma, todas as religiões tiveram liberdade de organização e funcionamento. Foi assegurado a liberdade religiosa e o fortalecimento do direito de professar a fé.  Ou seja, houve respeito a todas as crenças, garantindo o que consta na Constituição. 

Além disso, Lula pacificou o país, manteve a economia estável, assegurou aumento real do salário mínimo, criou e manteve programas sociais importantes, na educação, na moradia, no emprego e renda, na Previdência Social, assim como em diversas outras áreas.  

Passados mais de 30 anos, inacreditavelmente, muitos líderes religiosos, especialmente, evangélicos, insistem em disseminar falsas notícias, informações e afirmações injuriosas e caluniosas, com o objetivo de afastar as pessoas evangélicas de Lula e influenciar e dirigir o voto. Semeiam medo, terror, insegurança. Ameaçam de punição os fiéis que estão dispostos a votar em Lula. Certamente, não é esta a mensagem que Cristo deixou. Tampouco é exemplo de empatia, compaixão e amor, práticas que Jesus Cristo manteve quando passou pela Terra.

O que a população precisa neste momento é de debate saudável de ideias e realizações (no campo social e econômico) de cada candidato, a fim de comparar o que cada um já fez e o que, de fato, poderá fazer, para mudar a vida do povo, especialmente os que mais sofrem. 

A discussão deve ser centrada no que se refere ao emprego, ao salário e aos direitos trabalhistas, à aposentadoria e sua remuneração, ao custo de vida, às perspectivas de melhora na qualidade de vida. 

O povo quer viver em paz e ter uma vida digna, quer poder proporcionar à sua família refeições adequadas, moradia digna, emprego com descanso semanal (e direitos trabalhistas e previdenciários) e renda que lhe permita viver tranquilo, assim como a possibilidade de uma aposentaria; o povo quer sonhar e ser feliz. E claro, exercer sua fé sem a intervenção de ninguém, muito menos de governo. E é justamente isto que o presidente Lula sempre defendeu e praticou. 

Entretanto, a religião, tão importante do ponto de vista espiritual e direito de cada brasileiro e brasileira, tem sido instrumento de dominação por boa parte dos líderes religiosos, que buscam impor ideologias e disputam poder, agem sem ética e sem compromissos com a verdade e com a situação dos pobres. Tais líderes distanciam-se dos ensinamentos de Jesus Cristo, que foi um ser iluminado, que semeou o amor, acolheu os desamparados, defendeu os pobres e levantou-se contra as injustiças e contra os poderosos, inclusive, contra os líderes religiosos de sua época. 

Nesta eleição, a democracia está em risco. Nosso país passa por um momento decisivo. Não podemos votar considerando a religião como centro de nossa escolha. Após a eleição, para além das crenças de cada um de nós, a vida cotidiana será norteada pelo preço do pão, do feijão, da prestação da casa, do aluguel, do transporte, da escola ou da faculdade, da vaga de emprego e das condições do emprego. 

Lula já demonstrou que não interfere na fé, na religião ou em qualquer escolha que cada um faz. E já demonstrou que a vida foi bem melhor, para todos, enquanto governou. 

Por isso, acreditamos que optar por Lula, que tanto amparou os necessitados e promoveu a paz, assim como o bem-estar das famílias brasileiras, é estar em harmonia com a palavra de Jesus, que praticou o amor e o cuidado com os que sofrem. É um verdadeiro ato em defesa da vida, de comunhão e fé em Deus. Não esquecemos o que ouvimos dos nossos pais, que a palavra de Deus, expressa na Bíblia, aponta que o amor deve estar sempre em primeiro lugar.

(*) Demilson Figueiró Fortes é engenheiro agrônomo. Dirlei Figueiró Fortes é advogado.

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21


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