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13 de agosto de 2014
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21:56

Morre candidato à presidência Eduardo Campos

Por
Sul 21
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Da Redação*

O candidato à presidência pela coligação Unidos pelo Brasil (PPS, PHS, PRP, PPL, PSL e PSB) Eduardo Campos, morreu em um acidente aéreo, ocorrido na manhã desta quarta-feira (13), em Santos, no litoral paulista. A aeronave modelo Cessna 560 XL Citacion, prefixo PR-AFA, caiu por volta das 10h depois de arremeter na primeira tentativa de pouso. Todos os cinco passageiros e dois tripulantes morreram, entre eles o fotógrafo oficial da campanha e o assessor de imprensa de Campos.

O Comando da Aeronáutica informou em nota que a aeronave decolou do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, com destino ao aeroporto de Guarujá (SP). De acordo com a Infraero, a aeronave deixou solo carioca às 9h21. Quando se preparava para pouso, no litoral paulista, o avião arremeteu devido ao mau tempo. Em seguida, o controle de tráfego aéreo perdeu contato com o piloto. A Aeronáutica já iniciou investigações para apurar as causas do acidente.

Eduardo Campos;  “Não dá para achar que é normal o Imposto de Renda incidir na renda de alguém que ganha R$ 1,8 mil" | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
Eduardo Campos participou no final de julho de evento na Famurs | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Eduardo Campos, que na noite de terça-feira (12), deu uma entrevista ao Jornal Nacional, se deslocava para um evento no Guarujá, no jatinho da campanha. “Ele está há mais de uma hora sem contato”, disse o deputado federal Marcio França (PSB-SP), que o esperava no local. “Parece que não há sobreviventes. Parece que perdemos o Eduardo. O Eduardo não conseguiu descer (o avião não conseguiu pousar), não há sobreviventes na aeronave. É uma perda irreparável”, disse o deputado Júlio Delgado visivelmente emocionado.

A presidenta Dilma Rousseff deve fazer um pronunciamento oficial ainda hoje. Ela cancelou a entrevista marcada para hoje a noite no Jornal Nacional e na Globo News.

Formação

Nascido no Recife, capital pernambucana, Eduardo Campos é filho do poeta e cronista Maximiano Campos (1941-1998) e da ex-deputada federal e atual ministra do Tribunal de Contas da União Ana Arraes (1947). É neto de Miguel Arraes (1916-2005), ex-governador de Pernambuco, sendo considerado seu principal herdeiro político, além de sobrinho de Guel Arraes, cineasta e diretor da Rede Globo de Televisão.

Eduardo Campos era casado com a também economista e auditora do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco Renata Campos, com quem tem cinco filhos. Seu filho mais novo, Miguel, nascido no dia 28 de janeiro de 2014, foi diagnosticado com Síndrome de Down.

Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Vida Política

Eduardo Campos começou na política ainda na universidade quando foi eleito presidente do Diretório Acadêmico da Faculdade de Economia. Em 1986, Campos trocou a oportunidade de fazer um mestrado nos Estados Unidos pela participação na campanha que elegeu o avô Miguel Arraes como governador de Pernambuco. Com a eleição de Arraes, em 1987, passou a atuar como chefe de gabinete do governador. Neste período foi o responsável pela criação da primeira Secretaria de Ciência e Tecnologia do Nordeste e da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (FACEPE).

Congresso Nacional

Em 1994, Campos foi eleito deputado federal com 133 mil votos. Pediu licença do cargo para integrar o governo de Miguel Arraes como secretário de Governo e secretário da Fazenda, entre 1995 e 1998. Neste último ano voltou a disputar um novo mandato de deputado federal e atingiu o número recorde de 173.657 mil votos, a maior votação no estado.

Em 2002, pela terceira vez no Congresso Nacional, Eduardo Campos ganhou destaque e reconhecimento como articulador do governo Lula nas reformas da Previdência e Tributária. Por três anos consecutivos esteve na lista do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP) entre os 100 parlamentares mais influentes do Congresso.

No decorrer de sua vida pública no Congresso Nacional, Eduardo Campos participou de várias CPIs, como a de Roubo de Cargas e a do Futebol Brasileiro (Nike/CBF). Nesta última, atuou como sub-relator, onde denunciou o tráfico de menores brasileiros para o exterior fato que teve ampla repercussão na imprensa nacional e internacional.

Como deputado federal, Eduardo foi ainda presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Natural Brasileiro, criada por sua iniciativa em 13 de junho de 2000. A Frente tem natureza suprapartidária e representa, em toda a história do Brasil, a primeira intervenção do Parlamento Nacional no setor.

Eduardo foi também autor de vários projetos de lei. Entre eles, o que prevê um diferencial no FPM para as cidades brasileiras que possuem acervo tombado pelo IPHAN; o do uso dos recursos do FGTS para pagamento de curso superior do trabalhador e seus dependentes; o que tipifica o sequestro relâmpago como crime no código penal; e o da Responsabilidade Social, que exige do Governo a publicação do mapa de exclusão social, afirmando seu compromisso com os mais carentes.

Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

 

Ministério da Ciência e Tecnologia

Em 2004, a convite do presidente Lula, Eduardo Campos assumiu o Ministério da Ciência e Tecnologia, tornando-se o mais jovem dos ministros nomeados. Em sua gestão, o MCT reelaborou o planejamento estratégico, revisou o programa espacial brasileiro e o programa nuclear, atualizando a atuação do órgão de modo a assegurar os interesses do país no contexto global.

Como ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos também tomou iniciativas que repercutiram internacionalmente, como a articulação e aprovação do programa de biossegurança, que permite a utilização de células-tronco embrionárias para fins de pesquisa e de transgênicos. Também conseguiu unanimidade no Congresso para aprovar a Lei de Inovação Tecnológica , resultando no marco regulatório entre empresas, universidades e instituições de pesquisa. Outra ação importante à frente da pasta, foi a criação da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas — considerada a maior olimpíada de Matemática do Mundo em número de participantes.

Presidência do Partido Socialista Brasileiro

Eduardo Campos assumiu a presidência nacional do PSB no ano de 2005.  No início de 2006, se licenciou da presidência nacional do PSB para concorrer ao governo de Pernambuco, pela Frente Popular. Em 2011, foi reeleito presidente do partido, com mandato até 2014. Foi reconduzido ao cargo, por aclamação, e sem concorrentes.

* Com informações do Brasil 247, Agência Brasil, Rede Brasil Atual e O Estado de S. Paulo


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