Da Redação
O primeiro dia de votação do pacote de medidas do novo prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro (PMDB), foi marcado por balas de borracha, spray de pimenta e Batalhão de Choque da Polícia Militar contra estudantes, servidores e manifestantes que se concentravam em frente à Câmara de Vereadores da capital catarinense para acompanhar a votação. A sessão extraordinária desta terça-feira (24) foi convocada em pleno recesso parlamentar, com menos de um mês de gestão do novo governo.
O pacote de medidas apresentado por Loureiro teria inicialmente 38 medidas – que iam desde mudanças no Plano Diretor da cidade à regulamentação do AirBnb, um site que funciona como serviço de hospedagens. Porém, o governo se viu obrigado a recuar em algumas das propostas, por ordem judicial, e foi abrindo mão de outras pautas para serem votadas no período normal, em fevereiro. Agora, 26 projetos seguem em votação.
Um vídeo postado pelo portal de jornalismo independente Catarinas, registra o momento em que a Guarda Municipal lança bombas de efeito moral e gás de pimenta nos servidores, que respondem atirando cadeiras. Segundo o Catarinas, “entre as medidas, estão cortes nos direitos trabalhistas dos servidores públicos municipais e a reforma administrativa que cria uma série de cargos comissionados. Ainda não há previsão de retorno da sessão”.
Segundo o jornal Diário Catarinense, a confusão começou após o carro de som que transmitia a sessão do lado de fora da Câmara ter o áudio cortado. A população que acompanhava a votação começou a protestar e pedir a retomada da transmissão, a Guarda Municipal respondeu disparando spray de pimenta. Em seguida, o Batalhão de Choque da Polícia Militar chegou ao local. Três servidores ficaram feridos por balas de borracha.
O Sindicato dos Servidores Municipais de Florianópolis (Sintrasem) compartilhou fotos que mostram as bombas e o reforço da Guarda na porta da Câmara, para evitar acesso de servidores. Na semana passada, eles chegaram a dialogar com a Prefeitura – que retirou propostas de unificação de fundos de previdência e aumento na alíquota da contribuição – mas decidiram manter a greve. O presidente do sindicato, Alex Santos, declarou ao jornal Notícias do Dia: “O município não colocou nos projetos de lei o balanço financeiro. A impressão que temos é de que os números estão sendo manipulados. O que queremos é a retirada dos projetos e a abertura de debate público com a categoria”.
A página Mídia Ninja também compartilhou vídeo que mostra o momento em que a Guarda Municipal sai de dentro da Câmara de Vereadores e segue em direção aos manifestantes:
Dados apresentados pela Prefeitura estimam que a dívida atual de Florianópolis gire em torno de R$ 633 milhões e que poderia chegar a R$ 1 bilhão. A justificativa do governo do PMDB para inserir medidas de austeridade e cortes na administração.
Gean Loureiro foi eleito prefeito de Florianópolis, no segundo turno, com 50,26% dos votos, derrotando a candidata do PP, Angela Amin. Em 2012, o peemedebista foi quem saiu derrotado das urnas, perdendo para o candidato do PSD, Cezar Souza Junior (PSD), com 27,3% dos votos válidos. Gean chegou a ser eleito deputado estadual em 2014, mas depois de um ano de mandato, renunciou para concorrer outra vez à Prefeitura da capital.
A sessão desta terça foi suspensa.
