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3 de junho de 2016
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14:30

Sul21 recomenda Paz para nós em nossos sonhos, Yorimatã e Tempos de Solidão – Missa do Orfanato

Por
Sul 21
[email protected]

Milton Ribeiro

Dois belos pequenos filmes entraram em cartaz na última quinta-feira: o lituano Paz para nós em nossos sonhos e o brasileiro Yorimatã. Dentre as novidades também recomendamos Uma Noite em Sampa, de Ugo Giorgetti. Abaixo, maiores detalhes.

Porém, a iniciativa mais bonita e que nos cria grande expectativa é o espetáculo cênico musical Tempos de Solidão – Missa do Orfanato, que estará no Theatro São Pedro neste final de semana. Pela qualidade do pessoal envolvido, deverá ser inesquecível. E o ingresso são alimentos não perecíveis. 

De segunda a sexta, atualizamos nosso Guia21, com a programação do que acontece em POA.

Todas as semanas, o Sul21 traz indicações de filmes, peças de teatro, exposições e música para seus leitores. Não se trata de uma programação completa, mas de recomendações dos melhores espetáculos que assistimos. O critério é a qualidade. Se você tiver sugestões sobre o formato e conteúdo de nosso guia, por favor, comente. Boa semana!

Cinema – Estreias

Paz para nós em nossos sonhos (****)
(Peace To Us in Our Dreams), de Šarunas Bartas, França / Lituânia / Rússia, 2015, 107 min

Cena de 'Paz para Nós em Nossos Sonhos'
Cena de ‘Paz para Nós em Nossos Sonhos’

Paz para nós em nossos sonhos é um belíssimo filme. Trata-se de um longa lituano dirigido e estrelado por Sharunas Bartas, bastante conhecido e admirado em seu país e na Rússia por este filme e outros ótimos títulos. O drama desperta curiosidade justamente por não deixar nada muito claro, motivos ou razões para tudo o que acontece ou aconteceu. Sequer são revelados os nomes dos personagens, mas o “mistério” e todo o clima do filme vai nos fazendo mergulhar em sentimentos engasgados. Sharunas interpreta um pai que parece distante e talvez desconectado da família e que resolve passar uns dias numa casa de campo com sua jovem filha de 16 anos e sua atual esposa, uma violinista que parece ter perdido o interesse pela vida. Aos poucos, vamos conhecendo alguns outros personagens, inclusive um garoto que vaga pelas florestas da região e furta um rifle com mira telescópica para caçadores. (Adaptado do Blah Cultural).
https://youtu.be/ZPyN5EHcBnQ
No Guion Center 3, às 16h30 e 20h45

Uma Noite em Sampa (***)
de Ugo Giorgetti, Brasil, 2016, 75 min

Uma Noite em Sampa
Há que ter respeito por Giorgetti. Ele é o grande diretor de Festa (1989), Sábado (1995), Boleiros – Era uma vez o futebol (1998) e do maravilhoso O Príncipe (2002). Uma Noite em Sampa provocou amor e ódio. O filme conta a tragicômica viagem de um grupo de interioranos que não à São Paulo ver uma peça global. A situação que o grupo passou após a sessão de teatro ficará marcada em suas mentes por uma simples razão: na saída, o ônibus que os levaria de volta para suas casas está trancado e sem o motorista. O que fazer? Perdidos, desorganizados e com medo, os passageiros ficam à espera e o resultado é uma história misteriosa, divertida e com desfecho surpreendente. O filme foi rodado em uma única locação, precisamente ao lado do Teatro Ruth Escobar. É um filme interessante se o espectador comprar a farsa montada por Giorgetti.
https://youtu.be/ujtMxLFD3sM
No Espaço Itaú 2, às 18h
No CineBancários, às 15h e 19h

Yorimatã (****)
de Rafael Saar, Brasil, 2014, 116 min

Yorimatã
Eleito o melhor Filme pelo júri e pelo público no Festival In-Edit Brasil em 2015, Yorimatã é o primeiro longa-metragem dirigido por Rafael Saar, e retoma a história de duas artistas de obra e vida incomum que marcaram o cenário musical brasileiro nas décadas de 70 e 80. Luhli e Lucina não formam apenas uma dupla musical, formaram juntas também uma família ao lado do fotógrafo Luiz Fernando Borges da Fonseca. Ao mesclar imagens de arquivos com depoimentos de parceiros, intérpretes e registros cotidianos da vida atual de Luhli e Lucina, Yorimatã devolve à dupla o seu lugar na música brasileira. Entre seus intérpretes estão artistas como Nana Caymmi, Tetê Espíndola, Zélia Duncan, Secos e Molhados, e especialmente Ney Matogrosso que, entre muitas outras canções da dupla, gravou “Bandoleiro”, “O vira” e “Fala”. Descrito pelo crítico Carlos Alberto Mattos como “um manifesto anticonservadorismo”, Yorimatã foi também um dos 10 filmes mais bem votados pelo público na Mostra Internacional de Cinema SP, em 2014.
https://youtu.be/Yc-RDFzgDIk
No CineBancários, às 17h

Cinema – Em cartaz

O Tesouro (***)
(Comoara), de Corneliu Porumboiu, França / Romênia, 2015, 89 min

O tesouro
Caixas enterradas com dinheiro, ouro e objetos valiosos são um mito que mexe com o imaginário das pessoas. No filme romeno O tesouro, dois homens resolvem fazer uma escavação no quintal de uma casa para tentar encontrar pertences dos antepassados de um deles. O personagem principal leva uma vida pacata com a esposa e o filho em Bucareste. Ele enfrenta dificuldades financeiras, pois o país vive uma crise constante (como mostra um debate na TV), mas consegue manter-se razoavelmente. Um vizinho o procura com a proposta de desenterrar o tesouro que estaria escondido na antiga casa dos avós, desapropriados na época da dominação comunista. O sentimento de esperança os faz levar adiante o plano, que ainda terá a participação de um operador de detector de metais. Há algo de irônico e surreal no ar.

Na Sala Paulo Amorim, às 15h

Ponto Zero (****)
de José Pedro Goulart, Brasil, 2015, 94 min

Ponto_zero_Gramado
Um pai de caráter nada inspirador, uma mãe perturbada pela confusão mental e quase nenhum aliado isolam o protagonista adolescente de Ponto zero. Alvo de agressões físicas e de zombaria na escola, ele também é asfixiado pelo complicado ambiente familiar. Vivido por Sandro Aliprandini, Ênio está ansioso e sozinho, em permanente silêncio por quase toda a trama do longa. Num contexto de cruel discriminação e quase nula vivência social — vivendo praticamente na companhia do celular — surge o desejo sexual. E Goulart o persegue nessa noite de aventura em busca do amadurecimento. É um rito de iniciação que demonstrará se ele tem fôlego para crescer.
No Cinespaço Wallig 7, às 15h50, 17h40, 19h30 e 21h20
No Espaço Itaú 8, às 14h, 16h, 20h e 21h50
No GNC Iguatemi 1, às 13h30 e 19h45
No GNC Moinhos 3, às 15h50 e 20h
No GNC Praia de Belas 4, às 13h40 e 19h30
No Guion Center 1, às 21h10

Os Anarquistas (****)
(Les Anarchistes), de Élie Wajeman, França, 2014, 101 min

os anarquistas
Não se engane com o título. A história tem pouco a ver com anarquismo, mas o tema é excelente. Nos últimos anos do século XIX, um sargento (Tahar Rahim) é encarregado de se infiltrar um grupo de anarquistas em Paris, podendo ganhar uma promoção caso a tarefa seja bem-sucedida. Para ele, é a ocasião de subir na vida. Enquanto fornece relatórios aos seus superiores, ele começa a questionar a operação e desenvolve sentimentos pessoais por membros do grupo. A bela ideia do filme é misturar a violência do sentimento amoroso e da forte amizade ao ideal político. O cineaste Élie Wajeman é jovem e talentoso. Olho nele!

No Guion Center 2, às 14h20, 17h45, 19h35

Maravilhoso Boccaccio (***)
(Maraviglioso Boccaccio), de Vittorio e Paolo Taviani, Itália, 2014, 115 min

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O Decameron de Boccaccio já havia servido de inspiração a várias adaptações cinematográficas, sendo a mais famosa a de Pasolini. A nova versão dos irmãos Taviani (cada um com mais de 80 anos), Maravilhoso Boccaccio trata da velha arte de contar histórias. Para tanto, selecionaram cinco dos cem contos do original. que tem como fio condutor um conjunto de jovens que, para escapar (e sobreviver) à Peste Negra em Florença no século XIV, se isolam num mosteiro, tendo como única forma de consolo o de narrar pequenas ficções. A representação dos atores-narradores peca por um excesso de teatralidade, mas quando aquelas personagens abrem a infinidade de portas narrativas o filme se torna interessante, oscilando entre a comédia e o melodrama, a fantasia e a realidade, abordando temas tão diferentes como a hipocrisia na religião ou o ciúme disfarçado de paternalismo. (Do c7nema).

No Guion Center 3, às 18h30

De Amor e Trevas (***)
(A Tale of Love and Darkness), de Natalie Portman, Israel / EUA, 2015, 98 min

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Filme inspirado no excelente livro homônimo de Amos Oz, marca a estreia de Natalie Portman na realização de longas-metragens, com a atriz a assumindo ainda o cargo de argumentista e protagonista desta ambiciosa obra. A palavra ambição não significa competência e Natalie Portman não parece ter unhas para, ao menos nesta sua fase da carreira, conseguir tocar esta guitarra. O maior elogio que podemos fazer a “A Tale of Love and Darkness” surge com algum veneno: é semelhante à carreira de Natalie Portman como atriz, ou seja, alterna entre o bom, o razoável e o medíocre. “A Tale of Love and Darkness” perde-se em alguns tropeços de iniciante, aliados a uma devoção excessiva de Natalie Portman em relação ao material que tem entre mãos. Só a história e a lembrança do livro fazem com que gostemos do filme. (Com Rick’s Cinema)

No Guion Center 1, às 15h50

Nise — O Coração da Loucura (****)
de Roberto Berliner. Brasil, 2015, 108 min

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Aconteceu um milagre, na década de 1950, no Brasil. Os mais importantes museus de arte moderna abriam seus salões para artistas de que nunca se ouvira falar. Muitos críticos assinalaram que essas exposições revelavam pintores que, apesar de desconhecidos, deveriam desde já ser considerados entre os maiores artistas brasileiros. Falou-se que essa explosão inédita de arte e beleza indicava que algo, comparável com a Renascença, poderia estar acontecendo no Rio de Janeiro. Por trás deste milagre não havia nenhuma academia de artes, nenhum mecenas ou marchand. Apenas uma psiquiatra, ridicularizada por seus colegas, e um ateliê de pintura, criado por ela em um hospital psiquiátrico nos subúrbios da cidade. Os artistas eram esquizofrênicos e pobres, internados, alguns há várias décadas, abandonados por suas famílias e desenganados pelos médicos. Este filme conta a história deste “milagre” e da vida dessa psiquiatra rebelde, franzina e cativante: a Dra. Nise da Silveira.

No Espaço Itaú 8, às 18h

Truman (****)
de Cesc Gay, Espanha / Argentina, 2015, 106 min

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Em Truman, Ricardo Darín interpreta Julián, um doente terminal de câncer que decide interromper o tratamento diante do agravamento de seu estado de saúde. E, acompanhado pelo melhor amigo, tenta encontrar um novo lar para Truman, seu cachorro. Quando Julián (Ricardo Darín) recebe uma visita inesperada do seu amigo de infância Tomás (Javier Cámara) que vive no Canadá, o encontro é ao mesmo tempo doce e amargo. Este reencontro, depois de vários anos, será também o último. Depois de lhe ser diagnosticado um câncer terminal, Julián decide pôr fim ao tratamento continuado que recebe, para poder concentrar-se em deixar todos os seus assuntos em ordem: a distribuição dos seus bens, as coisas para seu funeral, e acima de tudo, encontrar um lar para o seu mais fiel amigo -– o cão Truman. Entre diálogos repletos de humor e passeios pelas ruas de Madrid visitando livrarias, restaurantes, médicos e veterinários, a relação dos dois amigos vê-se fortalecida, sendo cada vez mais difícil a separação.

No GNC Moinhos 4, às 17h40
Na Sala Paulo Amorim, às 19h

A Juventude (*****)
(La Giovinezza), de Paolo Sorrentino, Itália/França/Suíça/Grã-Bretanha, 2015, 124 min

A Juventude
Fred (Michael Caine) e Mick (Harvey Keitel) são dois velhos amigos com quase oitenta anos que se encontram a desfrutar de um período de férias num hotel encantador, no sopé dos Alpes. Fred é um maestro e compositor aposentado, sem intenção de voltar à sua carreira musical que abandonou há muito tempo, enquanto Mick é um realizador, que ainda trabalha, empenhado em terminar o roteiro do seu mais recente filme. Ambos sabem que os seus dias estão contados e decidem enfrentar o seu futuro juntos. No entanto, ninguém além deles parece preocupado com o passar do tempo. O filme foi considerado pela crítica o melhor filme europeu de 2015. E Michael Caine, pelo mesmo filme, o melhor ator.

Na Sala Paulo Amorim, às 16h45

Exposições e Artes Plásticas

“Francisco Brennand – O Senhor da Várzea, da Argila e do Fogo”
De 08 de junho à 04 de setembro de 2016
Santander Cultural – Rua Sete de Setembro, 1028 – Centro Histórico

Esta deve ser a maior e melhor exposição deste ano no Santander Cultural. Francisco de Paula Coimbra de Almeida Brennand (Recife PE 1927). Ceramista, escultor, desenhista, pintor, tapeceiro, ilustrador, gravador. Inicia sua formação em 1942, aprendendo a modelar com Abelardo da Hora (1924). Posteriormente, recebe orientação em pintura de Álvaro Amorim (19-?) e Murilo Lagreca (1899 – 1985). No fim dos anos 1940, pinta principalmente naturezas-mortas, realizadas com grande simplificação formal. Em 1949, viaja para a França, incentivado por Cicero Dias (1907 – 2003). Freqüenta cursos com André Lhote (1885 – 1962) e Fernand Léger (1881 – 1955) em Paris, em 1951. Conhece obras de Pablo Picasso (1881 – 1973) e Joán Miró (1893 – 1983) e descobre na cerâmica seu principal meio de expressão. Entre 1958 a 1999, realiza diversos painéis e murais cerâmicos em várias cidades do Brasil e dos Estados Unidos. Em 1971, inicia a restauração de uma velha olaria de propriedade paterna, próxima a Recife, transformando-a em ateliê, onde expõe permanentemente objetos cerâmicos, painéis e esculturas. Em 1993, é realizada grande retrospectiva de sua produção na Staatliche Kunsthalle, em Berlim. É publicado o livro Brennand, pela editora Métron, com texto de Olívio Tavares de Araújo, em 1997. Em 1998, é realizada a retrospectiva Brennand: Esculturas 1974-1998, na Pinacoteca do Estado – Pesp, em São Paulo. Desde os anos 1990, são lançados vários vídeos sobre sua obra, entre eles, Francisco Brennand: Oficina de Mitos, pela Rede Sesc/Senac de Televisão, em 2000.

Horários de Visitação
De terças a sábados, das 10hs às 19hs
Domingos, das 13hs às 19hs.
Não abre às segundas feiras e feriados.
Brennand

Mostra “Coleção de Pinturas do Acervo”
No Margs, Praça da Alfândega, s/n° Centro Histórico, de terças a domingos, das 10h às 19h
Até 19 de junho

O Museu de Arte do Rio Grande do Sul, dando continuidade ao programa de exposições do acervo permanente do museu, apresenta a mostra “Coleção de Pinturas do Acervo”, em cartaz na Galeria Aldo Locatelli, de 19 de maio a 19 de junho, com entrada franca. A mostra, organizada pelo Núcleo de Curadoria do MARGS, reúne 12 telas de artistas nacionais e estrangeiros, produzidas nos séculos XIX e XX. O MARGS possui atualmente 3.661 obras catalogadas em seu acervo, que vão da primeira metade do século XIX até os dias atuais. São trabalhos que envolvem diferentes linguagens das artes visuais como pintura, escultura, gravura, cerâmica, desenho, arte têxtil, fotografia, instalação, performance, arte digital, design, entre outros. A coleção do museu é composta por arte brasileira, com ênfase na produção de artistas gaúchos, e também por obras estrangeiras, da qual conta com nomes significativos da arte mundial. O MARGS funciona de terças a domingos, das 10h às 19h, sempre com entrada gratuita. Visitas mediadas podem ser agendadas com o Núcleo Educativo, através do e-mail [email protected].

A Imigrante, de Luigi Napoleone
A Imigrante, de Luigi Napoleone

Exposição comemora os 57 anos de Barra do Ribeiro
No Instituto Renato Borghetti de Cultura e Música — Rua Júlio de Castilhos, 1120, Centro
Até 30 de junho
De quartas a sextas-feiras, das 9h às 12h e das 14h às 19h, sábados, domingos e feriados, das 10h às 13h e das 14h às 21h

A exposição Barra do Ribeiro em Fotos abre na sexta-feira, dia 27 de maio, às 19h, na Fábrica de Gaiteiros – Instituto Renato Borghetti de Cultura e Música (Rua Júlio de Castilhos, 1120, Centro), em comemoração aos 57 anos do município. Organizada pelos fotógrafos Beatriz Donelli e Willian Corrêa, tem o apoio da Câmera Viajante – escola de fotografia e cinema digital -, de Porto Alegre, e apresenta 63 trabalhos. As imagens foram produzidas por 32 fotógrafos de Barra do Ribeiro, profissionais e amadores, e por alunos e professores da Câmera Viajante, retratando as belezas naturais e aspectos geográficos, culturais e urbanísticos da cidade situada às margens do lago Guaíba. A mostra, que em fevereiro de 2016 esteve em cartaz na sede da AABB de Barra do Ribeiro, poderá ser visitada agora na Fábrica de Gaiteiros de Borghettinho.

Foto: Divulgação
Foto: RAR

Quatro décadas de arte com Ivan Pinheiro Machado
No Margs, até o dia 19 de junho

A mostra traz mais de 90 obras que representam um passeio em quatro décadas de produção artística, desde os anos 1970 até os dias atuais. São trabalhos que tratam, em sua maioria da temática urbana, extremamente realistas, que procuram captar aspectos inusitados do cotidiano das grandes cidades. “O que no primeiro momento lembra a fotografia documental de uma cena urbana tem a capacidade de nos capturar para uma nova intuição, o peso subjetivo, o olhar do artista e a poética desta construção inteiramente ficcional”, diz o crítico Jacob Klintowitz sobre a pintura de Ivan Pinheiro Machado. Desde uma mesa de bar, até um sinal de trânsito, o artista transita em torno do cotidiano, transformando em arte a banalidade das ruas, da cidade grande com ruas semidesertas, onde a figura humana é uma “presença ausente” conforme definição do crítico Paulo Perdigão.
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Exposição Aguapé
No Espaço de Artes da UFCSPA, R. Sarmento Leite, 245
Até 16 de junho

O Espaço de Artes da UFCSPA inaugura a exposição Aguapé com entrada franca e aberta ao público externo. O trabalho do artista visual Emanuel Monteiro poderá ser visitado até o dia 16 de junho. Monteiro desenvolve trabalhos em desenho, pintura e livros de artista. Explora a partir dessas linguagens os desdobramentos do conceito de paisagem. “A imagem da ruína perpassa os desenhos que compõem a exposição Aguapé, tanto pela observação da imagem da casa em estado contínuo de deterioração, quanto pela ação da matéria efêmera que constitui os próprios trabalhos. A casa em ruínas é um espaço que se apresenta confuso e híbrido, já não pode demarcar claramente os limites entre o espaço da cultura e da natureza. A ruína reintegra a cultura à natureza”. Impregnações, manchas, marcas, sobreposições, suspensão da matéria (água, aquarela, macerado de flores de Espatódea e seus resíduos, terra, folhas) são modos de investir sobre o desenho. A matéria orgânica transborda as estruturas lineares, como o espaço interno escoa para fora da casa, ou como a noite invadindo o seu interior. Quantas imagens e memórias podem ser evocadas e salvas no trabalho contínuo de descascar as paredes de um lugar?”, descreve o artista sobre seu trabalho.
exposição aguapé

Xadalu ”Elementos Urbanos”
Até 11/06/2016
Centro Cultural Erico Veríssimo CEEE

Conhecido pelas colagens e intervenções urbanas que estampam a figura do indiozinho Xadalu pelo mundo, Dione Martins apresenta uma série de novos trabalhos, realizados especialmente para esta exposição. “Elementos Urbanos” parte de sua imersão pelo espaço das grandes cidades. Como artista visual vinculado à arte urbana (a chamada street art), Dione não só se expressa nas ruas, como também retira delas os elementos que compõem sua produção. No ambiente de Porto Alegre, onde costuma fazer andanças noturnas para realizar seus trabalhos, o artista topa com toda sorte de pessoas e situações. Vêm do contato com a dinâmica desse meio social mais à margem e de seus códigos específicos os motivos do que se apresenta nesta mostra. São obras em linguagem de arte urbana que se valem de técnicas e procedimentos diversos, partindo sempre da observação e das experiências de Dione em seus percursos pela cidade. Nessas rotas de passagem, o artista depara com o cotidiano de marginalização social, ao mesmo tempo em que o olhar se sensibiliza pela dura desigualdade que pauta a vida nos grandes centros. Assim, em “Elementos Urbanos”, Dione dá sequência a uma produção visual que reflete o lado comprometido de seu trabalho, agora ampliando as questões indígenas para outros grupos marginalizados pela sociedade.

Foto: Carol Essan
Foto: Carol Essan

Avalanche, na Galeria Ecarta (Av. João Pessoa, 943)
De terça a sexta, das 10h às 19h; sábado, das 10h às 20h; e domingo, das 10h às 18h
Até 19 de junho

Formada pelos artistas Matheus Walter e Virginia Simone, a Avalanche inaugura a exposição Compacto Simples em 5 de maio, às 19h, na Galeria Ecarta (Av. João Pessoa, 943), em Porto Alegre. O título, extraído do universo da música pop, faz referência à maneira que a exposição será montada. Trabalhos realizados em técnicas e suportes distintos serão exibidos em cada uma das salas (ou lados) da galeria. As obras, no entanto, têm na questão da memória um assunto comum. No Lado A, Vídeo da Casa reúne imagens captadas em formato digital, entre 2010 e 2014, que mostram a destruição de um velho sobrado da Rua Santo Antônio, em Porto Alegre. Entre os anos de 2005 e 2012, a casa, também chamada de Avalanche, foi lugar de morada, criação e convívio, além de abrigo para um acervo de roupas e objetos reunidos em anos de pesquisas. “Os anos de ocupação da casa, tingidos de alegria e entusiasmo, contrastam com o aspecto cru da demolição de um imóvel urbano. Vídeo da Casa possui, inevitavelmente, um apelo político passível de discussão em tempos de crise: o debate sobre a especulação imobiliária e suas conseqüências”, considera Matheus. No Lado B, a série Álbuns traz uma coleção de impressos, fotos, desenhos, etiquetas, adesivos, panfletos e recortes, todos materiais de diferentes tempos e espaços reunidos em antigos álbuns de fotografias. O trabalho propõe uma forma de organização e apresentação do que a dupla chama de achados arqueológicos. Os temas são variados e organizados por conteúdo, forma, período histórico ou livre associação: o Álbum da Indústria Fonográfica evoca a produção gráfica de capas de discos e publicações do gênero; o Álbum da Mulher reúne desenhos e imagens femininas de revistas e livros de diversas épocas; o Álbum de Botticelli insere folhas de uma planta medicinal em um livro sobre o pintor renascentista. “Em um típico caso ‘A influencia B’, todo o conceito dos álbuns vem da necessidade de criar obras menores. O motivo é o simples fato de a casa, estrutura gigantesca e misteriosa – pode-se dizer um grande álbum que guardava toda a sorte de objetos -, ter sido destruída e o tamanho do ‘atelier’ drasticamente reduzido”, explica Virginia. Compacto Simples tem visitação até 19 de junho. No dia anterior ao encerramento, sábado, 18, haverá um evento com diversas atividades. Às 17h, os artistas Matheus Walter e Virginia Simone conversarão com o público e com o curador da exposição, Leo Felipe, sobre o processo “arqueológico” de pesquisa. Logo depois, a dupla promove uma performance envolvendo moda e música. Uma publicação referente à exposição será lançada na ocasião. Todas as atividades têm entrada franca.

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Sergio Camargo: Luz e Matéria
Fundação Iberê Camargo
De terça a domingo (inclusive feriados), das 12h às 19h (último acesso às 18h30)
Até 12 de junho

A Fundação Iberê Camargo e o Itaú Cultural firmaram uma parceria para trazer ao público mais uma exposição de grande relevância no cenário artístico nacional. Dia 3 de março, a instituição em Porto Alegre inaugura a mostra Sergio Camargo: Luz e Matéria com trabalhos de um dos mais importantes nomes das artes visuais do século XX no Brasil. Com curadoria de Paulo Sergio Duarte e Cauê Alves, a mostra reúne, até 12 de junho, mais de 60 obras de colecionadores privados e do espólio do artista. A exposição é um novo recorte da versão exibida no Itaú Cultural em São Paulo, entre novembro de 2015 e fevereiro de 2016, e Porto Alegre é a primeira cidade a recebê-la, após seu encerramento na Capital paulista. Na Fundação, a exposição ocupa dois andares com trabalhos de grande formato e em menor dimensão Sergio Camargo; torres e relevos em formas que jogam com a luz e a sombra, esculpidos em mármore carrara branco ou negro belga, datadas entre as décadas de 1960 e 1980. O conjunto faz uma síntese das sucessivas experiências de Sergio Camargo (1930-1990).
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Música

Ospa leva “Música das Américas” ao Araújo Vianna
Em 5 de junho, domingo, às 11h, no Auditório Araújo Vianna

Em concerto com entrada franca, obras de Leonard Bernstein (1918-1990), George Gershwin (1898-1937), Radamés Gnattali (1906-1988), Arturo Marquez (1950-) e Astor Piazzolla (1921-1992) formarão um mosaico sonoro multicultural no palco do Auditório Araújo Vianna. A regência é do maestro e diretor artístico da Ospa, Evandro Matté, e os solos, do violonista Maurício Marques.

ENTRADA FRANCA
Distribuição de senhas:
Sábado, dia 04/06, das 9h às 17h, na bilheteria do Auditório
Domingo, dia 05/06, das 9h às 11h, na bilheteria do Auditório
Cada pessoa poderá retirar duas senhas.

PROGRAMA
Bernstein, L.: West Side Story
Gnattali, R .: Suite Retratos (Adapt. para violão)
Gershwin, G.: Porgy and Bess (Suíte para concerto)
Piazzolla, A.: Libertango
Marquez, A.: Danzon nº2

Foto: Ana Eidam
Foto: Ana Eidam

Nas Velas do Violão – Lançamento de livro de Raul Ellwanger
No dia 4 de junho, às 17h, na Palavraria, Vascoo da Gama, 165

raul elwanger

Teatro

“Tempos de Solidão – Missa do Orfanato”, espetáculo cênico com música de Mozart
Nos dias 04 e 05 de junho, sábado às 20h e domingo às 15h e 18h,
No Theatro São Pedro, Praça da Matriz, s/n
Entrada franca mediante a doação espontânea de alimento não perecível ou agasalhos

Secretaria de Estado da Cultura, Fundação Theatro São Pedro e Instituto de Artes da UFRGS apresentam Tempos de Solidão – Missa do Orfanato, espetáculo cênico com música de Mozart que retrata a solidão no mundo contemporâneo em três apresentações, no Theatro São Pedro, dias 04 e 05 de junho, com entrada franca. A quinta edição do Projeto “Ópera na UFRGS”, apresenta o espetáculo cênico-musical “Tempos de Solidão – Missa do Orfanato”, com base na música de Mozart. As apresentações serão nos dias 04 e 05 de junho, sábado às 20h e domingo às 15h e 18h, no Theatro São Pedro, com entrada franca mediante a doação espontânea de alimento não perecível ou agasalhos. Este ano, o projeto conta com a parceria da Secretaria de Estado da Cultura e Fundação Theatro São Pedro. A equipe do espetáculo é composta por professores e alunos do Instituto de Artes da UFRGS, além de músicos convidados. São mais de oitenta artistas, entre orquestra, atores e coro. O projeto tem a direção geral da diretora do Instituto de Artes, professora Lucia Carpena, direção cênica da professora Camila Bauer, direção vocal da professora Luciana Kiefer e direção musical do maestro Diego Schuck Biasibetti. Este ano o projeto diversificou sua proposta ao trabalhar com a “Missa do Orfanato”, de Mozart. O compositor austríaco Wolfgang Amadeus Mozart tinha doze anos de idade quando compôs a “Missa Solene em dó menor, K. 139/47a”, também conhecida como “Missa do Orfanato” porque foi utilizada na primeira celebração realizada na Igreja do Orfanato, em Viena, no dia 7 de dezembro de 1768. Aceitando o desafio de “encenar uma missa com alunos em uma faculdade de arte”, os diretores de “Tempos de Solidão – Missa do Orfanato” optaram pela criação coletiva. Os alunos levaram aos ensaios suas experiências, sentimentos e análises sobre o tema da solidão, apropriados pelo grupo para a criação das cenas. Assim, o espetáculo foi construído a partir das inquietações e vontades dos envolvidos, inspirados pelo conceito de orfanato e pelo tema da solidão, abordado a partir de um olhar contemporâneo. A montagem de “Tempos de Solidão – Missa do Orfanato” pelo Instituto de Artes desafia cânones da musicologia. Como é próprio de um gênero (a Missa) que não foi pensado originalmente para a encenação, não há personagens ou fábulas definidas no texto da obra de Mozart, mas cantos religiosos que deixam espaço para a livre criação cênica e dramatúrgica. Mais do que uma reflexão sobre a solidão, a montagem é uma prece artística que anseia pelo fim do isolamento solipsista dos indivíduos do século XXI e pela restauração da comunicação verdadeira entre as pessoas.

Duração do espetáculo: 60 minutos
Classificação etária: 14 anos

Ingressos: entrada franca, mediante a doação espontânea de 1kg de alimento não perecível ou agasalho.
Retirada dos ingressos: a partir de 1° de junho na bilheteria do Theatro São Pedro (das 13h às 18h em dias normais e das 13h até a hora de início do espetáculo nos dias de apresentações)
orfanato

Flamenco Imaginário
No Teatro de Arena, na escadaria da Borges
De 04 a 26 de junho — Sábados às 16h, Domingos às 11h e 16h

A Cia de Flamenco Del Puerto comemora em 2016 17 anos de existência com um projeto inédito e inovador: um espetáculo de flamenco para crianças, que estreia no próximo dia 04 de junho no Teatro de Arena. Flamenco Imaginário é livremente inspirado na dramaturgia de “O corcunda de Notre Dame”, de Victor Hugo. A montagem é vencedora do Prêmio de Incentivo às Artes Cênicas do Teatro de Arena de Porto Alegre e se propõe o desafio de desenvolver uma obra com identidade flamenca focada nos pequenos. Flamenco Imaginário conta com trilha sonora inédita composta especialmente para o projeto por Giovani Capeletti e figurinos de Antonio Rabadan. Idealizado por Daniele Zill, tem direção de Denis Gosch e coreografias de Juliana Prestes. No elenco, além de Daniele, Ana Medeiros, Juliana Kersting e Leonardo Dias. O projeto conta ainda com uma série de contrapartidas, entre elas oficinas de dança e música, que serão oferecidas gratuitamente durante a temporada de estreia.

Serviço:
Flamenco Imaginário
De 04 a 26 de junho
Sábados às 16h, Domingos às 11h e 16h
Ingressos: R$ 30,00 – descontos para Classe Artística, Estudantes e Idosos mediante comprovação
Local: Teatro de Arena
Estacionamento conveniado: Rua Duque de Caxias, 1247 (Safe Park)

Foto: Adriana Marchiori
Foto: Adriana Marchiori

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