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11 de maio de 2015
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14:20

Parlamento britânico: mais conservador e mais feminino

Por
Sul 21
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Parlamento britânico: mais conservador e mais feminino
Parlamento britânico: mais conservador e mais feminino

Luiza Bulhões Olmedo

Na última quinta-feira (7) cerca de 50 milhões de britânicos foram às urnas para eleger o Parlamento, e, consequentemente, o primeiro-ministro do Reino Unido. Apesar das pesquisas eleitorais divulgadas até a véspera da eleição indicarem um empate técnico entre trabalhistas e conservadores, o resultado do pleito foi a vitória do Partido Conservador, que conquistou a maioria dos assentos. Portanto, não será necessária a formação de coalizões, e, desta vez, o partido poderá governar sozinho.

| Foto: Nick Atkins Photography/Flickr
David Cameron| Foto: Nick Atkins Photography/Flickr

O dia ensolarado de maio contribuiu para a mais alta participação eleitoral dos últimos 18 anos no Reino Unido, 66,1% do eleitorado votou. Entretanto, diferente do que esperavam os analistas, isso não representou uma vantagem para o Partido Trabalhista. Dos 650 assentos parlamentares, os trabalhistas ficaram com apenas 232, enquanto os conservadores conquistaram 331. Dessa forma, David Cameron, líder do Partido Conservador, renova seu mandato como primeiro-ministro por mais cinco anos. A vitória surpreendente foi considerada por Cameron como a “mais doce de todas”, conforme afirmou em seu discurso após o resultado.

Para os trabalhistas, a surpresa foi bem mais desagradável. Além de ficarem longe da maioria, ainda perderam 25 dos assentos que já possuíam. Com a derrota, Ed Miliband, líder do Partido Trabalhista, renunciou. Em um discurso emocionado, ele assumiu a total responsabilidade pela derrota, e disse que esse é o momento para um amplo e honesto debate no partido, e para uma nova liderança.

Além de Miliband, outros dois líderes partidário renunciaram após os resultados: Nick Clegg, do partido Liberal Democrata, e Nigel Farange, do Partido pela Independência do Reino Unido (UKIP), de ultradireita. Para os liberais democratas, a derrota já era esperada, já que nas últimas eleições eles se aliaram ao Partido Conservador e acabaram perdendo a popularidade entre seu eleitorado devido às concessões à direita que se viram obrigado a fazer. O resultado foi a perda de 49 cadeiras. Já o UKIP recebeu 13% do total de votos, mas como o sistema de votação é distrital, ao partido elegeu apenas um parlamentar, e Farage não entrou.

Na Escócia, o resultado foi uma impressionante vitória do Partido Nacional Escocês (SNP). O Partido, que em 2010 não ocupou mais de 6 vagas no Parlamento, esse ano conquistou 56 das 59 cadeiras escocesas. A principal bandeira do partido é a independência da Escócia, e a onda de popularidade cresceu muito, mesmo após o plebiscito de independência ter sido derrotado no ano passado. Com o resultado, o SNP se torna o terceiro partido com mais cadeiras no parlamento.

Mulheres no poder

Quem também tem motivos para comemorar nessas eleições britânicas são as mulheres. De acordo com o jornal britânico The Mirror, esse ano, 26,1% dos parlamentares eleitos são do sexo feminino, um número recorde. 190 mulheres foram eleitas, 42 a mais do que as 148 eleitas em 2010.  Claro que o número ainda está muito longe dos 325, que representariam a equidade de gênero no Parlamento, mas certamente é um avanço na direção certa. Antes de 1987 as mulheres não representavam nem 5% dos parlamentares britânicos.

Dentre as mulheres eleitas esse ano, encontramos outro recorde: o de parlamentar mais jovem eleito desde 1997. Mhairi Black, uma universitária escocesa de 20 anos, se candidatou pelo SNP, e acabou com o domínio de 95 anos do Partido Trabalhista em seu distrito. Além disso, ela venceu por uma diferença de quase 6 mil votos.

Uma brasileira também esteve entre as mulheres que concorreram a uma cadeira no Parlamento britânico esse ano. Paula Dolphin, de 44 anos, nascida no Brasil (onde viveu até os 25 anos) e filha de pai inglês, se candidatou pelo Partido Liberal Democrata, mas não foi eleita.

O avanço feminino foi uma importante vitória nessas eleições, mas a disparidade ainda é enorme. Dos 650 distritos em disputa, em 102 deles não havia nenhuma mulher concorrendo.


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