Débora Fogliatto*
Representantes da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul foram a Encantado na manhã desta quinta-feira (14) conversar com a comunidade sobre o recente vazamentos de fotos íntimas de jovens da região. O caso tomou grandes proporções após duras críticas feitas às meninas por um comunicador da cidade em seu perfil no Facebook. A declaração motivou um grupo de garotas a formar o Coletivo de Mulheres de Encantado e Vale do Taquari.
Desde então, pelo menos duas jovens registraram boletins de ocorrência para que os responsáveis pelo vazamento das fotos sejam investigados. Elas foram expostas a partir de um grupo de compartilhamento no WhatsApp, pelo qual rapazes da região enviavam as imagens uns para os outros.
Na cidade, os deputados Manuela D’Ávila (PCdoB) e Catarina Paladini (PSB) participaram de uma reunião na Câmara de Vereadores, onde ouviram estudantes, familiares e integrantes da comunidade. Algumas das vítimas estiveram presentes, enquanto outras enviaram relatos por escrito, que foram lidos no encontro. “Essas adolescentes não fizeram nada de errado. Cada um faz com o seu corpo o que bem entender. Mas divulgar essas imagens é crime. As pessoas precisam ser responsabilizadas por isso”, destacou Manuela.
Para a deputada, o caso de Encantado deve servir como exemplo de combate ao machismo e a este tipo de vazamento. “As meninas não se calaram, não se omitiram. Enfrentaram os comentários jocosos e machistas. Saíram às ruas para manifestar indignação”, afirmou. Após o encontro, os deputados foram até a Delegacia da Mulher e ao Ministério Público na cidade, onde constataram que as instituições estão bastante envolvidas nas investigações. Eles se comprometeram a acompanhar o caso para garantir que as punições sejam devidamente cumpridas.
Para as integrantes do Coletivo de Mulheres de Encantado, a reunião foi importante para a articulação com diferentes setores da cidade, incluindo uma escola, onde serão promovidas oficinas e aulas abertas sobre gênero e sexualidade. “Cobramos um posicionamento e um trabalho efetivo das autoridades. Conseguimos nos articular com o CAPS (Centro de Atendimento Psicossocial), o que foi bem importante. Vão nos ajudar com o grupo de acolhimento e também a pensar nas oficinas nas escolas”, explicou Silvia Zonatto.
Atendimento na Rede Lilás
A deputada Manuela sugeriu que as vítimas de crimes virtuais possam ser atendidas pela Rede Lilás no Estado. Ela irá propor o tema na próxima segunda-feira (18), durante audiência pública na Assembleia sobre o pacto de enfrentamento contra violência e funcionamento da Rede Lilás.
*Com informações da assessoria de imprensa da deputada Manuela D’Ávila