Débora Fogliatto
No último mês, o vazamento de fotos íntimas de meninas de Encantado tem causado polêmica na cidade. As jovens pretendem buscar os responsáveis pela divulgação das imagens, enquanto o proprietário de um jornal fez uma postagem em sua página no Facebook sugerindo o uso de violência contra as vítimas. As meninas foram expostas também em uma coluna do mesmo veículo. Com a repercussão, o caso chegou à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, que irá enviar uma comitiva para a cidade do Vale do Taquari.
Os deputados realizaram uma reunião nesta quarta-feira (6) sobre o caso, por proposição de Manuela D’Ávila (PCdoB), em que definiram que devem ir à cidade no dia 14 de maio pela manhã. “Queremos fazer uma atividade pública, estamos pensando no local. As autoridades todas serão convidadas, a ideia é fazer momento de envolvimento da comunidade”, disse a deputada, acrescentando que ainda serão realizadas visitas às delegacias da região e ao Ministério Público.
Durante a reunião, Manuela lembrou de meninas que atentaram contra a própria vida após terem sua privacidade exposta nas redes. “Como se não bastasse, essas meninas foram criticadas publicamente. A típica culpabilização da vítima. Elas não cometeram crime algum, quem as expôs, sim. Essas pessoas precisam ser punidas”, afirmou.
Fotógrafo pede desculpas
No dia 23 de abril, o proprietário e fotógrafo do jornal Antena, Juremir Versetti, fez uma postagem em seu Facebook que alcançou cerca de 700 curtidas e diversos comentários, a maioria de moradores de Encantado o apoiando. “Alguém me disse que elas precisariam de um acompanhamento psicológico. Tem remédio sim, uma boa cinta de couro de búfalo com uma fivela de metal fundido, isso sim ajudaria e muito no psicológico delas”, defendeu.
Já nesta quarta-feira (6), enquanto acontecia a reunião na Assembleia, Versetti pediu desculpas “a todos que se sentiram ofendidos”, reiterando que havia conversado com familiares das meninas expostas. “(…) Me coloquei no lugar deles, resolvi desabafar. Não tive a intenção de pregar a violência contra a mulher, não odeio o sexo feminino e nem quis incentivar a cultura ao estupro”, afirmou, dizendo que havia apenas “desabafado” e acabou “utilizando expressões fortes”. Ele ainda disse que se solidariza com “a dor das famílias e principalmente das vítimas”.