Luiza Bulhões Olmedo
A Associação Psicanalítica de Porto Alegre (APPOA) e o Departamento de Difusão Cultural (DDC) da UFRGS estão lançando em parceria o projeto NósOutros Gaúchos. O objetivo da ação é refletir sobre a identidade gaúcha, em seus traços mais arraigados, destacando os principais conflitos decorrentes dela. Qual o mal-estar que a cultura rio-grandense produz? Estas e muitas outras questões serão discutidas na jornada de debates NósOutros Gaúchos que terá seu primeiro encontro dia 06 de maio (quarta-feira), às 20h30, e seguirá com mais quatro encontros até outubro.
O projeto entende que o sintoma “bairrista” que se manifesta na forma como nos relacionamos entre nós e com os “estrangeiros” pode ser motivo de orgulho, mas está na raiz das tensões que minam as relações de confiança, entravam as parcerias, produzem maniqueísmos e impedem o desenvolvimento em diversas áreas. NósOutros Gaúchos, através das mesas de debates e de um ciclo de filmes, buscará lançar luz sobre esses sintomas sociais, e abrir um espaço para a troca de ideias.
O projeto surgiu quando Walter Lídio Nunes, diretor-presidente da empresa Celulose Riograndense, procurou a APPOA, propondo essa questão. “Ele é daqui, trabalhou fora e chegando de volta se deparou com esse jeito tão difícil de fazer as coisas acontecerem. Ele veio à APPOA e disse: olha, queremos refletir sobre isso”, relata o diretor do Instituto APPOA, Jaime Betts. A partir daí, foi desenvolvida a parceria com a UFRGS, e agora se inauguram os trabalhos que pretendem desencadear um debate mais amplo na sociedade sobre a identidade gaúcha.
“Para poder dar um salto adiante, a gente tem que entender quais são os traços culturais que se repetem, nem sempre do mesmo jeito, com alguma variante, mas na mesma direção. Assim, poderemos fazer desses traços algo mais interessante, mais produtivo e menos desgastante na maneira de nos relacionarmos”, afirma Betts.
Os encontros temáticos programados pelo projeto acontecerão nas quartas-feiras, no Salão de Festas da Reitoria. Cada um deles será guiado por questões centrais:
06 de maio: Por que colocar NósOutros Gaúchos em questão? Quais são nossos sintomas sociais? Qual o mal-estar e sofrimento que produzem?
27 de maio: Quais são as raízes e seus desdobramentos contemporâneos que conformam a cultura do RS?
01 de julho: Quais são as expressões dos conflitos de base do RS em seus diversos campos de expressão cultural?
12 de agosto: Qual a visão dos outros sobre a cultura gaúcha e os modos de ser dos gaúchos?
09 de setembro: Quais as questões e sintomas sociais de nossos vizinhos e como os enfrentam?
As mesas de debate reunirão em torno de quarenta convidados das mais diversas áreas. Além dos psicanalistas, estarão presentes profissionais dos campos de: artes, teatro, cinema, música, história, economia, filosofia, entre outros. O evento é aberto ao público em geral, com entrada franca, mas há um limite de 60 vagas. Por isso, os interessados deverão realizar inscrição antecipadamente, no site do evento.
Além disso, NósOutros Gaúchos também realizará um ciclo de filmes, com quatro obras relacionados à temática do projeto. Após as exibições, na Sala Redenção, haverá uma sessão de debates.
03 de junho: Sobre Sete Ondas Verdes Espumantes
22 de julho: Os Senhores da Guerra
05 de agosto: Castanha
02 de setembro: Os Famosos e os Duendes da Morte