Colunas>Sérgio Araújo
|
28 de setembro de 2017
|
10:28

Sartori e o PMDB fazem marketing com o salário dos servidores

Por
Sul 21
[email protected]
Sartori e o PMDB fazem marketing com o salário dos servidores
Sartori e o PMDB fazem marketing com o salário dos servidores
Se a fantasia do ingênuo bem intencionado serviu para que ele vencesse a eleição de 2014, para os servidores do Executivo, e acredito que para a maioria dos gaúchos, a tal pele de cordeiro perdeu o sentido. | Foto: Luiz Chaves/Palácio Piratini

Sergio Araujo

O uso da demagogia salarial serve para que Sartori tente amenizar a sua enorme rejeição, pela incapacidade de bem gerir o Estado, e, ao PMDB, para mais uma vez tentar iludir os eleitores, tentando criar um clima menos desfavorável à continuidade do partido no Piratini, a partir de 2019. 

A questão de fundo é: até quando os gaúchos vão permitir que um governo inepto e retrógrado, como o de José Ivo Sartori, trate os gaúchos como seres humanos acéfalos e de fácil doma? Se a fantasia do ingênuo bem intencionado serviu para que ele vencesse a eleição de 2014, para os servidores do Executivo, e acredito que para a maioria dos gaúchos, a tal pele de cordeiro perdeu o sentido.  

Como diz a máxima popular, que o pior cego é o que não quer enxergar, acreditar nas medidas ilusionistas e nas manobras tergiversionistas do governador, após quase três anos de estagnação social e econômica, é ter prazer pelo sofrimento.  

Responsável pelo drama de não saber como superar os obstáculos que impedem que o Estado volte a ser exemplo nacional de eficiência (avançar nem pensar), nem mesmo a pesquisa que coloca o Rio Grande do Sul em nono lugar (e pensar que já fomos o quarto) no Ranking de Competitividade dos Estados, realizada pelo Centro de Liderança Pública, é capaz de fazer Sartori mudar a rota do seu único projeto de governo que é a “Ponte para o Caos”. 

E olha que o que não falta são inverdades. Tantas que fica até difícil lembrar de todas. Começou na campanha, quando disse que não iria aumentar imposto e, uma vez eleito, aumentou. Depois foram as justificativas, ainda no primeiro mês de governo, para a crise financeira do Estado. Tudo culpa do governo Tarso e do funcionalismo público estadual, inobstante o fato do atual desequilíbrio do erário ter sido construído ao longo de quatro décadas. 

Na sequência, vieram as extinções de fundações e autarquias, medida inconclusa, uma vez que ainda restam a CEEE, a CRM, a Sulgás, a Corsan, o Badesul e o Banrisul (esqueci de alguém?), que sob o rótulo da racionalização de gastos esconde o verdadeiro objetivo, que é a transferência da máquina pública para a iniciativa privada. Isso sem falar na retirada de conquistas trabalhistas e no congelamento e parcelamento de salários. 

Mas como nesse governo nada está tão ruim que não possa piorar, mais um engodo acaba de anunciado. Com toda a feição de marketing eleitoral. Refiro-me à manifestação do governador de que não havendo dinheiro para efetuar uma primeira parcela salarial “digna” à todos os servidores do Executivo, o mais justo seria a priorização dos servidores com menores salários. E decidiu que assim será. 

Que sujeito democrático, que vocação cidadã, podem pensar os ingênuos. Que demagogia, digo eu! Por que demorou quase três anos para descobrir isso? E se tem dinheiro para indenizações e para propaganda, por que não paga integralmente os salários do funcionalismo? 

Tudo detalhadamente programado. Ou vocês não notaram que as boas notícias envolvendo o desgoverno Sartori está crescendo na mesma proporção que os recursos públicos estão sendo investidos em propaganda? E, acreditem, qualquer identificação com a proximidade das eleições gerais não é mera coincidência. Muito pelo contrário.  

Mas vejamos a importância desse último logro governista. Significa que vai pagar integralmente o “chão batido” salarial do magistério? Sim, porque nem de piso é possível chamar essa merreca que ele paga aos professores(as). Que os policiais terão recursos para, quem sabe, condições para comprar mais munição para as suas pistolas, ou coletes à prova de balas, e assim ter mais chance de sobrevivência no embate com os fuzis importados, usados pela bandidagem? Enfim, que os servidores mal pagos terão condições de saldar com mais presteza os juros dos empréstimos realizados por conta do parcelamento a que foram impostos?  

E os “abastados” do serviço público, que possuem um vencimento acima de um salário mínimo e meio (o limite para a primeira parcela é de R$ 1.500,00) e que são um dos maiores responsáveis por fazer girar a roda da economia (comércio, indústria e serviços), como ficam? Será que devem torcer pelos seus rápidos empobrecimentos, a fim de ingressarem na lista dos favorecidos por Sartori? 

Vergonha! Asco! Esses são alguns dos sentimentos mais sutis que me tomam ao ver mais essa tentativa descabida de um governo que só faz mentir e iludir aos gaúchos. Aliás, a grande ambição de Sartori e do seu PMDB é dividir os servidores públicos e colocar a população contra eles.  

Gostaria, sinceramente, de entregar o troféu “Inimigo do Rio Grande do Sul” ao mentor dos slogans utilizados por esse governo exterminador de futuro e de esperanças. “Meu partido é o Rio Grande”. “Todos pelo Rio Grande”. Pois sim, grande farsa.  

Por derradeiro, enalteço o acerto da tentativa de se criar a CPI do Parcelamento. Não havendo transparência governamental, nada mais justo e oportuno do que forçar a apresentação da realidade financeira do Estado. E a maior prova dessa necessidade é a contrariedade mostrada pela imprensa adesista, fato inédito na história do jornalismo político do Rio Grande do Sul. Que a verdade prevaleça e que tombem as máscaras.

***

Sergio Araujo é jornalista. 


Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora