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27 de setembro de 2012
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07:58

Sociedade menos desigual

Por
Sul 21
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O crescimento da economia brasileira na última década, associada a uma estabilidade nunca antes experimentada e a fatores como mudanças demográficas, aumento da escolarização e do emprego, produziu grandes transformações no perfil socioeconômico de nossa população.

Hoje, a classe média brasileira compõe um estrato robusto de 104 milhões de pessoas, o equivalente a mais da metade (53%) da população, vivendo com renda per capita entre R$ 291 e R$ 1.019 por mês. Os dados são de estudo encomendado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, que visa compreender melhor esse segmento social e oferecer fundamentos para a elaboração de políticas públicas específicas.

Em 2002, a classe média brasileira correspondia a 38% da população. Hoje, esse grupo comporta 37 milhões de pessoas a mais do que tinha há uma década, das quais apenas 8 milhões resultam do crescimento natural da população. Ou seja, a maior parte da expansão da classe média na população (29 milhões, 80%) advém dos processos de inclusão e melhoria de vida.

O estudo aponta também que a classe média está concentrada na área urbana, especialmente na região Sudeste, e constitui-se por maioria de pessoas com nível de escolaridade médio, empregos formais e nos segmentos de indústria e comércio.

A conclusão dos analistas é de que, além de um momento econômico favorável, contribuiu para o crescimento da classe média a redução das desigualdades sociais em nosso país. De acordo com o ministro da SAE, Moreira Franco, sem a queda da desigualdade a classe média não teria crescido além de 5%.

A adoção de um modelo de desenvolvimento com inclusão social, sustentado por políticas focadas na geração de empregos, na melhoria do rendimento dos trabalhadores, no fortalecimento do mercado interno e no combate à pobreza extrema, de fato, mudou o panorama social brasileiro.

A classe média brasileira é hoje essencial para a nossa economia, movimentando cerca de R$ 1 trilhão por ano. Enquanto seu consumo cresceu a 2,7% ao ano, a média das famílias brasileiras foi de 2,4%. Já a renda dos integrantes da classe média brasileira cresceu 3,5% ao ano, na última década, enquanto a renda média de todas as famílias brasileiras cresceu 2,4%, no mesmo período.

Outra constatação do levantamento é que quase 80% dos novos integrantes da classe média são negros. Esse aumento torna equilibrada a representatividade racial nesta fatia da sociedade: 53% da classe média é formada por negros e 47% por brancos. Contudo, o desequilíbrio ainda perdura nas demais classes, com sobrerrepresentação de negros na camada mais baixa, e de brancos na mais alta.

A partir dos dados de que a pobreza caiu de 27%, em 2002, para 15%, em 2012, e de que a extrema pobreza caiu de 10% para 5% da população no mesmo período, pode-se projetar que a classe média continuará crescendo nos próximos anos. De acordo com a previsão do estudo, passará de 53% para 57% de toda a população em 2022.

Essa considerável mobilidade? a ascensão de 29 milhões de pessoas à classe média e as 20 milhões que saíram da pobreza? é muito significativa das transformações profundas por que o nosso país vem passando. Mudanças que não aconteceram do dia para a noite e que fazem parte de um processo contínuo e acelerado de reformas que, cada vez mais, melhoram a qualidade de vida dos brasileiros, tornando a distribuição de riquezas mais justa e nossa sociedade mais igualitária.

José Dirceu, 66, é advogado, ex-ministro da Casa Civil e membro do Diretório Nacional do PT


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