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18 de agosto de 2020
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15:22

Dia do Patrimônio

Por
Sul 21
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Dia do Patrimônio
Dia do Patrimônio
Mercado Público de Porto Alegre. Foto: Guilherme Santos/Sul21

IAB RS (*)

As dimensões simbólica, cidadã e econômica compõem as bases para o desenvolvimento da cultura no país, na qual está inserida a salvaguarda e valorização do patrimônio cultural brasileiro. São a pedra fundamental para um desenvolvimento com reconhecimento de nossa diversidade social, representada tanto pelos bens materiais (os edifícios, monumentos, e outros) quanto nas práticas sociais e saberes e fazeres populares de nossa gente.

Neste Dia Nacional e Estadual do Patrimônio, o IAB RS alerta para a preservação do Mercado Público de Porto Alegre sob essa perspectiva tridimensional da Cultura.

O Mercado é referência cultural simbólica para o povo negro de toda a cidade, e mesmo do Rio Grande do Sul. Do centro de sua encruzilhada o Bará do Mercado, lá assentado, emana seu poder simbólico unindo os inúmeros terreiros que fazem do Rio Grande do Sul um dos estados com maior número de casas de religiões de matriz africana no país.

Em cada uma de suas bancas há uma história de economias familiares que conquistaram dignidade e prosperidade, a partir de um modelo de gestão compartilhada entre público e privado de forma direta com o coletivo de pequenos empreendedores. É na diversidade e tradição de produtos e serviços que o Mercado se mantém como lugar de convívio e consumo para cidadãos e cidadãs das mais diferentes classes sociais, raças, credos.

O modelo de gestão implementado a partir de 1987 contribuiu para a recuperação e manutenção do prédio do Mercado Público. Os sucessivos desvios para fins diversos, a falta de fiscalização e atuação preventiva por parte dos últimos gestores públicos da cidade compõem um cenário de abandono que culminou com um incêndio que queimou parte de suas construções, sua memória, e fez chorar muitos portoalegrenses.

Nesse cenário surgem ideias fora do lugar, as quais querem tornar justificável um outro modelo que introduz um intermediário privado, o qual ameaça claramente seu caráter público. Um projeto de pasteurização que desconstitui esse marco de nosso patrimônio, de nossa memória e de nosso futuro em suas três dimensões: o simbólico, o cidadão e o econômico.

(*) Instituto de Arquitetos do Brasil (RS)

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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