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19 de setembro de 2016
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10:30

A briga do xavante é para subir: existem provas e convicção

Por
Sul 21
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Por Eduardo Silveira de Menezes1

Terceiro colocado na Série B do Campeonato Brasileiro de 2016, o Grêmio Esportivo Brasil está, hoje, entre os times que disputam o acesso. A derrota por 2 a 1, em casa, para o Criciúma, na última sexta-feira (16), em nada abala a grande campanha realizada até aqui. Sem contar com o meia Diogo Oliveira desde o final da primeira etapa, o time precisou se superar em campo. Mesmo desgastados pelas duas partidas longe do Bento Freitas – no Pará, diante do Paysandu, e no Mato Grosso, frente ao Luverdense –, os jogadores deram o máximo. Não fossem os erros de arbitragem, certamente o xavante poderia ter tido melhor sorte.

Foto: Carlos Insaurriaga
Foto: Carlos Insaurriaga

Depois de um jogo bastante equilibrado, nos primeiros 45 minutos, o zagueiro Cirilo voltou do vestiário com sangue nos olhos. Logo no início do segundo tempo, ele subiu mais alto do que a defesa adversária e deu números iniciais à partida. Não parecia que o Brasil estava com um jogador a menos. O time se adaptou às circunstâncias. Jogava no contra-ataque e aproveitava as cobranças de falta e escanteio. O Criciúma, ao contrário, não oferecia muito perigo à meta defendida por Eduardo Martini. Tanto que, aos 16 minutos do tempo complementar, Elias teve a chance de ampliar o marcador, mas o chute saiu por cima do gol. Cinco minutos depois, outra grande oportunidade. Ramon foi lançado por Marlon, em condição legal, mas o juiz marcou impedimento. O atacante rubro-negro ficaria cara a cara com o goleiro.

O empate do Criciúma chegou aos 39, depois de uma cobrança de falta. Um chute forte, de muito longe, surpreendendo Martini. Quando faltavam apenas dois minutos para encerrar a partida veio o castigo final. Falta a favor do time catarinense, muito tumulto na pequena área, a bola bate na mão do volante Leandro Leite, do Brasil, e antes de entrar, é tocada por um jogador adversário que estava em condição irregular. A arbitragem não interpreta o lance como penalidade e, novamente de forma equivocada, deixa de assinalar o impedimento do atleta do Criciúma.

Caso o juiz marcasse pênalti, nada assegura que a bola teria entrado. Nesse tipo de cobrança, Martini tem 100% de aproveitamento na competição. Nas duas partidas em que foi exigido – contra o Avaí e o Paraná – fechou o gol. Quando se fala que um time vencedor começa por um bom goleiro não é somente força de expressão. Em 2014, o arqueiro rubro-negro foi um dos responsáveis diretos pelo acesso diante do Brasiliense. Além de fazer grandes defesas durante a partida, ao final, pegou duas penalidades.

Mantendo-se na parte de cima da tabela, desde o início da competição, o Brasil tem demonstrado regularidade. Não há dúvidas de que existe convicção. A direção tem convicção no trabalho de Rogério Zimmermann. O treinador, por sua vez, tem convicção das suas decisões. Os jogadores também estão convictos de que a fórmula adotada está dando certo. Não poderia justamente o torcedor fazer um juízo contrário. Diferente do que ocorre por meio do processo de judicialização da política nacional, no futebol xavante as convicções estão embasadas em elementos irrefutáveis. Não apenas existe a convicção de que o time brigará para subir até o final da Série B, como também estão sendo apresentadas as evidências necessárias para a comprovação de que esse objetivo, de fato, pode se concretizar.

Os acessos da Série D para a C, em 2014, e da C para a B, em 2015, são provas contundentes de que se trata de um grupo vencedor. Entrar na 27º rodada, com 40 pontos, atrás apenas do Vasco da Gama e do Atlético Goianiense é outro indício importante. Mas a certeza de estar muito próximo de retornar à elite do futebol brasileiro só leva a um veredito final na medida em que os jogos começam a ficar cada vez mais difíceis. Todo torcedor xavante sabe: quando os erros de arbitragem tornam-se uma constante e já começam a colocar em dúvida o trabalho que está sendo feito, aumenta – e muito – a chance de sucesso.

A trajetória recente do Grêmio Esportivo Brasil está sendo escrita muito mais por transpiração do que por convicção. Para ser levado a sério, o xavante precisou provar que, além de convicções, tem potencial. É por isso que existe o reconhecimento da torcida. Os aplausos após a derrota para o Criciúma, em pleno Bento Freitas, é a maior comprovação de que as convicções que merecem crédito são aquelas verdadeiramente incontestáveis. O rubro-negro pelotense está no caminho certo. Faltam 12 rodadas para acabar o campeonato. Nos últimos 30 anos, a Série A do Campeonato Brasileiro nunca esteve tão perto. Há mais do que convicção sobre a possibilidade de subir. Existem provas definitivas de que o campeonato do Brasil é – e sempre foi – para permanecer no G4 até o fim da competição.

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1 Eduardo Silveira de Menezes é jornalista, mestre em Ciências da Comunicação pela Unisinos, doutorando em Letras pela Universidade Católica de Pelotas (UCPel) e, acima de tudo, torcedor xavante. E-mail: [email protected].


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