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28 de janeiro de 2016
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09:07

A culpa é do Sartori, sim

Por
Sul 21
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A culpa é do Sartori, sim
A culpa é do Sartori, sim

Por Antonio Escosteguy Castro

Nem a RBS aguentou. A situação da segurança pública no Rio Grande do Sul está de tal jeito que não foi possível esconder a “crise”. É claro que a cobertura jornalística é feita de maneira a diluir responsabilidades e, ao fim e ao cabo, culpar o Tarso Genro. Aliás, é fácil fazer o Jornalismo “A culpa é do PT”. Tem uma fórmula infalível: pega-se um elemento qualquer que se queira criticar; procura-se um momento qualquer na História em que este elemento esteve em condições melhores, desprezando inflação, conjuntura, tudo (um exemplo: quando o dólar chegou a R$ 4,17 foi o “ mais alto da história”, escondendo que se colocar a inflação, no Governo FHC chegou a R$ 8,76…). Encontrado um dado positivo, se faz a manchete: “Este elemento é o pior desde… ( e aqui põe a data encontrada)”. Pimba! A culpa é do PT.

Mas, sinceramente, meus estimados leitores, não há como eximir Sartori de suas responsabilidades. É certo que a crise no RS é antiga, mas no quesito da Segurança Pública, Tarso Genro começou todos os movimentos corretos para sua recuperação, ampliando os investimentos em equipamentos, instalações e viaturas, iniciando o processo de reversão do arrocho salarial dos brigadianos e dos policiais civis e dando sequência à construção de presídios. Isto sem contar as políticas sociais para afastar os jovens do crime.

Sartori chegou ao governo, cortou as horas extras (o que reduz o policiamento ostensivo e as investigações), reduziu as cotas de combustível, paralisando as viaturas e congelou as contratações mesmo para substituir quem está se aposentando. Investiu em 2015 cerca de 22% em equipamentos e instalações do que Tarso investiu em 2014. Como se surpreender com uma explosão de criminalidade em 2015? Porto Alegre está entre as 50 cidades mais violentas do mundo por causa dos homicídios. Ora, este ano São Paulo,com toda sua problemática social, está com os menores índices de homicídios deste século. Como explicar isto isentando Sartori?

Na verdade , a míope política de austeridade em execução no estado, cortando os gastos sem sequer examinar sua qualidade e utilidade, só pode levar ao sucateamento dos serviços públicos, principalmente aqueles que usam intensivamente mão de obra e alguns insumos especiais, como a polícia usa horas extras e combustível para patrulhar e investigar. Simplesmente cortar, como fez Sartori, quebra a prestação dos serviços. E a bandidagem se aproveita disto, porque sabe que não encontrará a polícia nas ruas , nem será perseguida depois por eles.

E não adianta bradar por leis mais duras e penas mais longas. Todos os estudos técnicos feitos até hoje asseveram que não é o tamanho da pena que serve como dissuasão aos bandidos, mas sim a efetiva possibilidade de serem presos. Não adianta prender 10% dos bandidos e condenar a 100 anos cada um. Seria bem melhor prender 100% dos bandidos, mesmo condenando a 10 anos cada um…

A situação caótica da segurança pública no Rio Grande do Sul não tem causas externas, não advém da crise econômica nacional, nem é herança de governos anteriores. É fruto da aplicação de cortes horizontais de verba ordenados pelo Governo do estado, que impedem a prestação dos serviços de policiamento ostensivo e de investigação na quantidade e qualidade necessárias a dar conta da realidade gaúcha. Por isso, os bandidos estão ganhando. E a culpa é, sim, do Sartori.

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Antonio Escosteguy Castro é advogado.


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