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9 de fevereiro de 2016
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09:05

Um tapa na cara, uma estocada no Vale do Silício

Por
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Um tapa na cara, uma estocada no Vale do Silício
Um tapa na cara, uma estocada no Vale do Silício

Por Adeli Sell

Alguém dirá que me vendi para  a inovação. Que capitulei para os projetos não colaborativos.

Nada disto, eu quando comecei a ler “De Zero a Um – O que aprender sobre empreendedorismo com o Vale do Silício” – achei que, mais uma vez, iria ler loas às vitórias e glórias dos vitoriosos da inovação.

Pensei mal, não deveria ter pensado assim, pois afinal quem me deu o livro é um cara diferenciado, um jornalista recém formado e escolado, na frente do seu tempo.

“Apresenta ideias completamente originais sobre como criar valor no mundo”, opa, quem diz isto? Mark Zuckerberg, chefão do Facebook. Agora, sim, meus amigos das plataformas abertas vão me matar. Calma. Vocês, depois de lerem o que vou escrever, vão ler o livro também e terão a certeza que continuo na luta por uma economia colaborativa, compartilhada.

A primeira verdade já confirmei: “cada momento nos negócios ocorre uma só vez.”

Segunda, copiando nada se aprende. É o drama dos chineses que copiam e copiam, o povo mais quer, eles poluem mais e lá vão eles se quebrando. Para os chineses, Peter Thiel, o autor, com a participação de Blake Masters, dá a dica: “os melhores caminhos são os caminhos não testados”. Por isso, o nome de Zero a Um, pois no mundo tradicional vai de Um ao Infinito. Mas tudo igual ao que já existe. Aumenta a escala. E se aumenta a escala de consumo de um chinês, indiano e paquistanês para ser e estar  como está o americano médio, o mundo plano, lotado e quente não aguentará,  já nos tinha mostrado o Tom Friedman, em outro livro provocativo.

Startups

Thiel nos leva ao título ” De Zero a Um” para explicar a importância de uma startup que dá certo, já que suas descobertas e avanços são um progresso vertical ou intensivo. Enquanto a economia tradicional, aquela que copia  coisas existentes, tem apenas crescimento horizontal.

Salienta, no entanto, que poucas startups dão certo.

E está  com razão quando diz:

“Num mundo de recursos  escassos , a globalização sem tecnologia nova  é insustentável.”

O autor buscando a reflexão nos faz  uma pergunta contestadora’

“Sobre que verdade importante pouquíssimas pessoas concordam com você?”

Traça a partir daí uma panorâmica dos anos 1990, mostrando o crescimento exponencial das “PONTOCOM”, como as bolhas tecnológica, mobiliária e tecnologia verde. Fala de vários exemplos de crash retumbante.

Thiel mostra os acertos de sua empresa PayPal – pioneira dos pagamento pela internet e a empresa de investimentos de capital de risco em startups – Founders Fund – que ajudou a financiar o Facebook.

Aponta o que segue:
1 – Faça avanços graduais
2 – Permaneça enxuto e flexível
3 – Concentre-se nos produtos, não nas vendas

Este último item ele mesmo contradiz como veremos em “vendedores “.

Mentiras

Ele nos ensina que os monopólios mentem para se proteger. Tentam esconder/ocultar seus monopólios para evitar ataques.

Já os não monopolistas mentem também ao dizer que estão solitários em tal ou qual área.

Mas salienta que há pontos positivos tanto nuns quanto noutros na medida que sirvam para a sociedade.

Concorrência

” A guerra é um negócio custoso.”

A concorrência, regra geral, leva ao fracasso. Uma empresa pode ganhar, mas outras muitas perdem.

Esta concorrência por qualquer coisa faz parte da natureza humana, mas é  desastrosa para os negócios.

Quem ri por último, ri melhor

O velho ditado se transforma em “a vantagem (é) de quem chega por último.”

Como prova o Twitter com a Times.

O que conta é o que a empresa valerá no futuro.

Loteria

“O sucesso não é acidental.”

Quem tem capital de risco faz algumas apostas, dentro de sua visão geral.

No mercado de capital de risco em startups também, mas diversidade demais é perda certa, já que a maioria não vingará. Logo, tem que eleger um pequeno grupo com potencial de êxito em seus projetos.

“Sair atirando” para todos os lados tende ao fiasco e prejuízo.

Segredos

Não aplicar no que é fácil, no convencional, nas coisas já resolvidas, nem nos mistérios, nas coisas impossíveis.

Mas invista no difícil, e o segredo vai aparecer.

A meta deve ser naquele empreendimento que pode ser alcançado com grande esforço.

Cita os casos do Uber e do Airbn.

Fundações

Fique com os teus. Continue firme com teus parceiros. Tem que ter comunhão de espírito e propósitos.

Isto cimenta as fundações do sucesso.

Foco integral. Mais que ligação no trabalho profissional.

Ele crítica duramente os consultores externos.

Talvez pelo tipo de atividade no Vale do Silício e por sua experiência.

Vendedores

Thiel defende que aquilo que se produz tem que ser vendido, tendo que gerar dinheiro. Dinheiro para mais pesquisa, mais produção, mais vendas.

Para gerar riquezas que sejam boas para toda a sociedade.

Saber se vender – branding – e saber vender o que for sendo produzido.

À guisa de conclusão

Não cabe numa tentativa de resenha uma análise sobre economia, inovação, nem uma análise crítica do livro de Thiel.

Levantei aqui alguns  pontos do livro “De Zero a Um” para provocar discussões tão em carência entre nós.

Faltam resenhistas.

Faltam espaços de publicação.

Aproveito as brechas para fazer o bom debate.

.oOo.

Adeli Sell – escritor e consultor – [email protected]


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