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2 de outubro de 2016
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10:00

É hoje

Por
Sul 21
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People waiting in line to vote.Por Selvino Heck

Eleições não mudam o mundo. Mas em momentos cruciais eleições podem apontar rumos, podem construir futuro e esperança. Talvez seja o que está acontecendo neste momento histórico, na reta final de uma campanha que sofreu o impacto de um impeachment que é um golpe, de uma investida conservadora poucas vezes vista, os poderes todos da República, o poder econômico, o poder da mídia querendo apagar os avanços, querendo destruir as políticas que beneficiaram o povo trabalhador, querendo esmagar as consciências democráticas e calar as vozes da liberdade, da justiça e da participação popular.

Em capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, em Porto Alegre, ou em cidades como Campinas, o campo democrático e popular, apesar de todos os ataques conservadores, de todo esforço da grande mídia, permanece em pé, vivo. A consciência popular não está morta, não está varrida do mapa.

São eleições com resultado imprevisível. Possivelmente, aumentará o voto branco e nulo. Haverá surpresas. Haverá resultados inesperados.

Escrevo sobretudo como militante. Nesta hora não pode ser diferente. Tocar as consciências permanece essencial, embora difícil, mas possível. A busca do voto no corpo a corpo, no aperto de mão está ocupando um espaço como há muito não ocupava. Muitos militantes estão sendo ‘obrigados’ a colocar de novo a bandeira nos ombros, visitar casa a casa, olho no olho, conversar com paciência, ouvir as justas críticas contra os desvios no campo da esquerda, ser humildes e compreensivos, sem deixarem de serem sonhadores, o que não deixa de ser altamente educativo e conscientizador. Reaprende-se a fazer política com pouco ou nenhum dinheiro, a boa política que depende de ideias, de programas, de propostas, de sonhos, de utopia.

Assim, este início da primavera, como tantos em 2016, não será esquecidos, nem serão jogados na lata do lixo. São dias em que, além de buscar os votos de cada eleitora, de cada eleitor, toca-se o coração mais que a cabeça, toca-se a consciência, toca-se o que há de mais profundo nas pessoas.

A história não para, nem se resume, por certo, a três dias, ainda que possam ser de ressurreição. Veremos e viveremos.

.oOo.

Selvino Heck foi deputado estadual constituinte do Rio Grande do Sul (1987-1990).


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