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11 de fevereiro de 2018
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15:00

Memória restaurada: Porto-alegrense dá cores a fotos antigas da Capital

Por
Sul 21
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Mercado Público, 1917/1932. Foto: Autor Desconhecido/Acervo Museu de Porto Alegre Joaquim José Felizardo

Annie Castro

Uma das laterais do Mercado Público de Porto Alegre é cercada por um terminal de ônibus e paradas, mas, antigamente, havia uma praça ali. Um jardim em estilo francês, com bancos, árvores e uma fonte, fazia parte do cenário. Um homem compra algo em uma carrocinha que está parada na frente da Praça Parobé, ao lado de um Ford T. Outros dois, conversam entre si. Todos utilizam roupas da época, como chapéus e boinas. Essa cena, inicialmente registrada em preto e branco em uma fotografia, provavelmente tirada entre 1917 e 1932, ganhou cor este ano, assim como outras imagens que mostram como era a Porto Alegre da época.

A colorização das fotografias antigas da cidade está sendo feita pelo designer gráfico Leonardo Ramos, de 42 anos, que criou a página Cores da Memória no Facebook para publicar o resultado. A ideia de resgatar a história da cidade surgiu após Ramos se deparar com algumas fotos antigas na internet, que mostravam como diversos lugares da Capital eram antigamente. “Pelas fotos dá para sentir como era a vida pelos anos de 1900. Como era viver em uma cidade em expansão e cheia de possibilidades”, afirma.

Ao perceber que outras páginas da rede social estavam resgatando essas imagens, Ramos decidiu ‘dar mais vida aos registros’, tornando-os coloridos. O trabalho é feito digitalmente no Photoshop e em outro programa de edição de imagens. As fotografias são escolhidas de acordo com o que retratam, como costumes e espaços públicos. “Não estou focado apenas em fotos de arquitetura da época, mas também no registro do modo de vida e personalidades. Acho interessante ver os rostos de pessoas que hoje só conhecemos como nomes de ruas”, conta Ramos. Todas as fotos publicadas na página até agora são do Acervo Museu de Porto Alegre Joaquim José Felizardo, que foi onde o designer se sentiu mais bem recebido.

Antes da colorização, o porto-alegrense realiza também uma extensa pesquisa sobre cores em outros registros da época e em prédios restaurados, que, segundo ele, geralmente são pintados com tons parecidos com os originais. O tempo gasto para colorir depende de cada imagem. Algumas são coloridas em horas, enquanto em outras o trabalho leva quase um mês para ser concluído. Em muitos casos, Ramos precisa ainda realizar restaurações nas fotografias, em função de desgastes causados pelo tempo. Apesar disso, ele pretende publicar uma foto por semana na página, tornando possível ‘o encontro entre passado e presente’ nas ruas de Porto Alegre.

Avenida Borges de Medeiros, 1932. Foto: Autor desconhecido/Acervo Museu de Porto Alegre Joaquim José Felizardo.
Praça Otávio Rocha, 1917/1932. Foto: Autor Desconhecido/Acervo Museu de Porto Alegre Joaquim José Felizardo.
Vista da cidade de Porto Alegre, década de 1900. Foto:  Virgilio Calegari/Acervo Museu de Porto Alegre Joaquim José Felizardo

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