Luís Eduardo Gomes
Quem passar pelo Viaduto Otávio Rocha, também conhecido como Viaduto da Borges, na tarde deste sábado (5) pode ser surpreendido por uma oficina de Hip Hop, contações de histórias infantis, apresentações musicais, feijoada ou até mesmo por um pedaço de bolo. Essas ações fazem parte das celebrações da semana de aniversário do viaduto, que está completando 83 anos. Também fazem parte das atividades ações que visam discutir o papel da obra e do centro na cidade e até mesmo oficinas para ajudar na captação de recursos para a obra de revitalização do viaduto.
As festividades de celebração da semana de aniversário começaram na terça-feira (1°) com um ato ecumênico e com um abraço coletivo ao viaduto. Na quarta (2) e quinta-feira (3), ocorreu a apresentação do projeto de restauração do viaduto. Já na sexta-feira (4), foi realizada uma oficina de capacitação de recursos.
Segundo Adacir Flores, presidente da Associação Representativa e Cultural dos Comerciantes do Viaduto Otávio Rocha (Arccov), a semana de aniversário do viaduto é comemorada desde 2006, sendo organizada por comerciantes e entusiastas do viaduto. Em 2009, uma lei aprovada na Câmara dos Vereadores instituiu a Semana Municipal do Viaduto Otávio Rocha, a ser comemorada a partir de então sempre na primeira semana do mês de dezembro. Na edição deste ano, as atividades são promovidas pela Arccov, pelo Movimento dos Amigos do Viaduto e pela Associação de Comerciantes do Centro Histórico.
Entre as atividades, estão o varal fotográfico “Viaduto em Foco”, que mostra imagens recentes e atuais do viaduto e está em exposição do Armazém Porto Alegre, e a exposição fotográfica “História do Viaduto”, mostra que será realizada durante todo o mês de dezembro no Hotel Everest. Segundo Flores, esta exposição de 13 painéis tem o objetivo de contar a história do monumento década a década. Ela é patrocinada pela prefeitura e tem o objetivo de ser transformada em exposição itinerante.
O Viaduto Otávio Rocha foi concluído em 1932, mas começou a ser planejado ainda em 1914. O primeiro Plano Diretor da cidade previu a abertura de uma rua para ligar as zonas leste, sul e central de Porto Alegre, até então isoladas pelo chamado “morrinho”. Ele fez faz parte de uma série de obras que faziam parte de um plano de “embelezamento da cidade” e foi tombado como patrimônio cultural pelo município em 1988.
Projeto de revitalização
No último mês de setembro, a prefeitura de Porto Alegre anunciou que a empresa Engeplus concluiu o projeto de revitalização do Viaduto Otávio Rocha, que foi apresentado durante a semana pelo secretário de Obras, Mauro Zacher.
O projeto prevê novas instalações elétricas, hidráulicas e pinturas anti-pichações para o viaduto. Também está prevista uma sala de segurança com câmeras, iluminação com lâmpadas de LED, piso adaptado para portadores de deficiência e a recuperação dos banheiros.
No entanto, não há previsão de quando as obras poderão começar porque não há verba disponível para a reforma, orçada em cerca de R$ 27 milhões. Para auxiliar a prefeitura com isso, nesta sexta (4), foi realizada uma Oficina de Captação de Recursos dentro do quadro de atividades da semana de celebração do viaduto. Segundo Flores, a ideia era formar um corpo técnico para auxiliar nessa captação.
“O que queremos é que a prefeitura faça uma PPP (Parceria Público Privada) com a Arccov”, disse. “A prefeitura entra com equipamento, 50% do valor da obra, e o restante a Arccov iria buscar recursos com parceiros públicos e privados, através de incentivo à cultura, por exemplo”.
Na terça-feira, o vice-prefeito Sebastião Melo defendeu a revitalização e disse que o viaduto precisa sair da “mesmice” em que se encontraria – o plano da prefeitura é tornar o viaduto um pólo turístico e gastronômico da cidade. “Só que, ao meu ver, a mesmice se dá pelo desleixo de quem deveria cuidar. Onde está a secretaria da Cultura? Onde está a secretaria de Turismo?”, questiona Flores.
Flores diz que, para 2016, a Arccov já garantiu, através de emendas federais e outras fontes, recursos de R$ 200 mil para a realização de projetos culturais relacionados ao viaduto, o que inclui a realização do projeto Memória Viva, em que serão produzidos um livro fotográfico e um documentário sobre o monumento, e a ampliação da feira multicultural que já acontece no local.
Confira a programação deste sábado:
– A partir das 9h30: Feira multicultural com artesanato, antiguidades, saldão do vinil e escambo de livros sob os Arcos do Viaduto;
– 10h: Oficina de zeladoria patrimonial e sustentabilidade na Sala Franco do Hotel Everest
– 11h: Oficina de contação de histórias infantis com Rejane Verardo, sob os Arcos do Viaduto
– 12h: Feijoada dos amigos do viaduto, no Tutti Giorni Bar, nas escadarias do Passeio Outono
– 14h: Hip Hop, grafitagem e movimentos da juventude nas escadarias do Passeio Outono
– 15h: Oficina de artes gráficas no Tutti Giorni Bar, nas escadarias do Passeio Outono
– 15h: Teatro de bonecos com Circo Marimbondo, nos Altos do Viaduto
– 16h: Oficina “Imaterialidade, Centrificação no Urbanismo”, no Armazém Porto Alegre, no Passeio Outono
– 17h: Apresentação do Homem-banda de Porto Alegre, nos Altos do Viaduto
– 18h: Ensaio público do Bloco da Diversidade, nos Altos do Viaduto
Confira mais imagens históricas e atuais do viaduto:
