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2 de julho de 2015
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22:21

Funcionários protestam contra a possível privatização do Parque Zoológico

Por
Sul 21
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Funcionários fizeram manifestação em frente ao Jardim Botânico para chamar atenção da população sobre privatização do zoológico e o trabalho desenvolvido pela Fundação Zoobotânica|Foto: Guilherme Santos/Sul21
Funcionários fizeram manifestação em frente ao Jardim Botânico para chamar atenção da população sobre privatização do zoológico e o trabalho desenvolvido pela Fundação Zoobotânica|Foto: Guilherme Santos/Sul21

Jaqueline Silveira

Servidores da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul fizeram duas manifestações nesta quinta-feira (2) contra a privatização do Parque Zoológico de Sapucaia do Sul, na Região Metropolitana, cogitada pelo governo do Estado. Eles também aproveitaram para reclamar do atraso no pagamento dos salários previsto em acordo coletivo para o segundo dia útil do mês, entanto isso não ocorreu nesta quinta.

O grupo de servidores fez uma manifestação do meio-dia às 14h e das 16h às 17h. Os funcionários com cartazes e alguns até com o rosto pintado se dividiram. Enquanto uma parte permaneceu em frente ao Jardim Botânico, outros foram para o cruzamento da Rua Salvador França e aproveitavam o fechamento do sinal para levantar os cartazes, que tinham frases como “Preservação não é lucro”, “Não à extinção das fundações” e “Não à privatização”.

Alguns servidores se dividiram e foram para os cruzamentos da Rua Salvador França e levantavam os cartazes quando o sinal fechava |Foto: Guilherme Santos/Sul21
Alguns servidores se dividiram e foram para os cruzamentos da Rua Salvador França e levantavam os cartazes quando o sinal fechava |Foto: Guilherme Santos/Sul21

Os cartazes também traziam palavras que remetiam ao trabalho realizado pela Fundação Zoobotância, que é constituída pelo Jardim Botânico, Museu de Ciências Naturais e o Parque Zoológico de Sapucaia. A fundação é a única no Estado que cuida da conservação da biodiversidade gaúcha e presta serviço tanto a empresas públicas quanto privadas. Entre os trabalhos realizados, estão o mapeamento de áreas, o zoneamento ecológico e econômico e a identificação da flora e da fauna ameaçadas.

Diretora colegiada do Sindicato dos Empregados em Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas e de Fundações Estaduais do Rio Grande do Sul (Semapi), que representa os servidores do órgão, Berenice de Luca diz que a categoria espera que o governo chame as entidades, os funcionários e a sociedade para debater a privatização do zoológico. “A fundação é nossa vida. Passa governo e entra governo e nós permanecemos aqui. A gente precisa entender qual é o projeto (do zoológico)”, argumenta ela, que trabalha há 21 anos na Zoobotânica.

Berenice sustenta que o Estado tem a obrigação de conservar o meio ambiente. “O Estado está querendo se furtar disso”, acrescenta a diretora do Semapi. “Está se configurando que esse governo não está preocupado com a preservação do meio ambiente”, observa outra funcionária, que preferiu não se identificar.

Analista bióloga da fundação, Ingrid Heydrich avalia que a privatização do zoológico pode ser o ponto de partida da desestruturação de todo órgão, comprometendo as atividades desenvolvidas no Estado em prol do meio ambiente, já que a Zoobotânica é a única que cuida da conservação da biodiversidade no Rio Grande do Sul. “A gente pode perder esse trabalho importante”, alerta ela. Os servidores, conforme Ingrid, só têm conhecimento da possibilidade de privatização do Parque Zoológico por meio das informações divulgadas na imprensa. “Com esse ato, queremos demonstrar nosso descontentamento e mostrar a importância do nosso serviço à sociedade”, explica a analista bióloga.

Estado estuda modelo de exploração 

O Parque Zoológico de Sapucaia do Sul tem 78 servidores do Estado. Já o trabalho de manutenção é terceirizado. Em audiência pública  realizada no começo de junho na Assembleia Legislativa para tratar sobre a privatização do parque e de 23 unidades de conservação, o diretor de Biodiversidade da Secretaria de Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Gabriel Ritter, informou que o processo das concessões está em tramitação na Secretaria Estadual do Planejamento, que estuda o melhor modelo econômico para a exploração comercial dessas unidades. Assim que esse modelo for definido, segundo ele, será publicado um Procedimento de Manifestação de Interesse para que as empresas interessadas possam se inscrever. Na avaliação de Ritter , as unidades de conservação existentes no Estado “estão sendo muito pouco utilizadas” e o governo pretende “usá-las mais”.

Manifestantes reclamam de não terem informações sobre a prviatização a não ser pela imprensa |Foto: Guilherme Santos/Sul21
Manifestantes reclamam de não terem informações sobre a privatização a não ser pela imprensa |Foto: Guilherme Santos/Sul21

Manifestações em outras fundações

Na manhã desta quinta-feira, em Porto Alegre, funcionários de duas outras fundações também fizeram protesto, contudo a reivindicação era somente contra o atraso nos salários. Funcionários da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Fase) fizeram uma manifestação em frente à sede na Fase durante toda a manhã. Já a manifestação dos servidores da Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência e Altas Habilidades (Faders) ocorreu no Centro Abrigado Zona Norte (Cazon).


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