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30 de junho de 2015
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19:02

Movimentos realizam ato contra a redução da maioridade penal em Porto Alegre

Por
Sul 21
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Foto: Guilherme Santos/Sul21
Ato político-cultural aconteceu a partir do meio-dia nesta terça-feira | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Débora Fogliatto

Um ato político-cultural no Largo Glênio Peres marcou os protestos de movimentos sociais da capital gaúcha contra a redução da maioridade penal, que será votada pela Câmara de Deputados nesta terça-feira (30). A mobilização foi feita pelo Comitê Gaúcho Contra a Redução, que reúne diversas entidades. Representantes do mesmo grupo também estiveram nesta manhã no aeroporto Salgado Filho conversando com passageiros e com deputados que embarcaram para Brasília.

A partir das 12h, militantes, autoridades e políticos se revezavam no microfone para expressar os motivos pelos quais são contra a redução. O grupo Arte do Risco realizou um grafite pela causa, e o coletivo de teatro Levanta Favela fez uma intervenção cênica no local. Havia também um adolescente “preso” em uma pequena cela, representando o encarceramento da juventude, em performance do Conselho Regional de Psicologia. O Comitê também distribuiu materiais, como panfletos e adesivos.

O Comitê é formado por diversas entidades, entre elas a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o Conselho Regional de Psicologia, a União Nacional dos Estudantes (UNE), o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), a Associação de Apoio à Criança e ao Adolescente (Amencar). Em frente a um caminhão da Defensoria Pública, em que estavam pendurados balões com frases contra a redução, ativistas argumentavam contra a PEC 171.

Frei Luciano Bruxel, presidente do CMDCA, disse lamentar que “o Estado brasileiro não tenha chegado nesses jovens dando mais direitos e agora o Congresso chegue propondo a prisão”. Também estavam presentes no ato alguns movimentos de juventude, como o Movimento Mudança, Juntos, Levante Popular da Juventude e União da Juventude Socialista (UJS), além de representantes do PT, PSOL, PCB.

Foto: Guilherme Santos/Sul21
Movimentos de juventude e estudantes também estavam presentes | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Alguns vereadores também se fizeram presentes, como Fernanda Melchionna (PSOL), que destacou que os adolescentes na verdade são vítimas da violência, e não perpetuadores. “Os jovens cumprem pena sim desde os 12 anos, essa impunidade é uma mentira. Eles querem diminuir o Estado social, reduzindo a maioridade e diminuindo as políticas sociais, enquanto aumentam o Estado penal”, criticou. Alberto Kopittke (PT) apontou que “vivemos a maior onda de conservadorismo dos últimos 60 anos”. “O que eles querem é a juventude negra e pobre no presídio”, constatou.

O presidente da Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (Fase), Robson Zinn, também esteve presente para manifestar sua contrariedade à proposta. “Apenas 30% dos jovens que passam pela Fase voltam, enquanto no sistema prisional esse índice é de 70%. É um sistema desumano que não reinsere ninguém”, criticou, afirmando que a Fundação “executa sua atividade fim” ao promover possibilidades de educação e cursos para os jovens.

O rapper Sinistro, do coletivo Parrhesia, criticou o papel da mídia no debate: “Vemos a mídia dizer que precisamos de mais segurança. Precisamos mesmo, ou de mais educação? Nossos jovens estão sendo exterminados”, apontou. Um dos membros do Comitê, Matheus Gonçalves de Castro explicou que a proposta será votada pelo Plenário da Câmara e, depois, irá para o Senado, de onde voltará para a Câmara. Por se tratar de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC), não cabe ir a veto da presidência. “Por isso que, não importa o resultado, não termina hoje a nossa luta”, afirmou.

Foto: Guilherme Santos/Sul21
Um jovem em uma cela realizava uma performance no local | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Ameaça em protesto

Pela manhã, um grupo de jovens protestou contra a redução na avenida Mauá, onde queimaram pneus e trancaram o trânsito. O ato teve um momento de tensão quando um homem passou de carro por cima dos pneus, furando o bloqueio de manifestantes, e em seguida parou o carro e sacou uma arma. Alegando ser um policial, ele perguntava quem havia batido “na viatura”. Após perceber que estava sendo filmado, ele guardou a arma e em seguida voltou ao carro, seguindo em frente.

Brasília 

Diversas entidades se mobilizam em Brasília, em frente à Câmara, para protestar contra a redução. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), um dos principais articuladores da votação, disse que distribuiria 200 senhas para pessoas que quisessem acompanhar a sessão. Segundo o coletivo Amanhecer Contra a Redução, os jovens conseguiram um habeas corpus para tentar acompanhar a votação, mas mesmo assim foram proibidos pelo deputado.

Veja mais fotos do ato:

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