Fase é acusada de desmontar biblioteca de unidade na Vila Cruzeiro

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Fase é acusada de desmontar biblioteca de unidade na Vila Cruzeiro
Fase é acusada de desmontar biblioteca de unidade na Vila Cruzeiro
Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Unidade da Fase na Vila Cruzeiro | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Débora Fogliatto

Em 2012, a Fundação de Atendimento Sócio-Educativo do Rio Grande do Sul (Fase-RS) fechou uma parceria que permitiu aos jovens internos descobrirem novos interesses por meio dos livros. Para tanto, foi importante a construção de um espaço agradável e atrativo aos adolescentes, em muitos casos pouco afeitos à leitura. Um destes locais foi a Biblioteca Erni Darci, da Comunidade Socioeducativa (CSE), uma das unidades da Fase no Estado. No estanto, para surpresa dos funcionários, há cerca de um mês, os livros foram retirados da sala onde estava instalada a biblioteca e levados pra um depósito. A denúncia foi feita pelo Semapi — Sindicato dos Empregados em Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas e de Fundações Estaduais do Rio Grande do Sul, em seu site e nas redes sociais.

A administração da Fase informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a biblioteca está apenas sendo transferida, o que não prejudicaria os adolescentes, que podem ler em suas respectivas alas. Ainda de acordo com a assessoria, a nova sala será maior. “O espaço está sendo adequado; livros estão sendo transferidos, ambos os espaços são dentro do CSE”, informou a assessoria. O processo de mudança da biblioteca deve durar mais cerca de 30 dias.

A biblioteca da Comunidade Socioeducativa foi criada a partir de uma parceria entre o governo do Estado, a Organização Não-Governamental Banco de Livros e a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs). A partir de doações, a ONG forneceu os livros, mobília e software organizacional. De acordo com fontes do Semapi, que prefeririam não se identificar, uma bibliotecária do Banco foi até o CSE para encontrar o melhor local para instalar a biblioteca, que leva o nome de Erni Darci, funcionário que trabalhou na Fase por muitos anos e morreu pouco tempo antes da inauguração do espaço.

Livros ficaram em pilhas em depósito após serem retirados da biblioteca | Foto: Semapi/ Divulgação
Livros ficaram em pilhas em depósito após serem retirados da biblioteca | Foto: Semapi/ Divulgação

Ainda conforme o sindicato, em janeiro, a nova direção da Fase comunicou aos funcionários que seria necessário retirar os livros da sala dentro de cinco dias. As obras foram colocadas num depósito “escuro e empoeirado”, no piso inferior da Casa, segundo relatos. “Foi pedido que esse espaço físico fosse desocupado de forma arbitrária, livros foram esparramados pelo chão de uma sala qualquer”, contou Edgar Costa, da diretoria do sindicato.

Há cerca de uma semana, um funcionário postou um relato em sua página no Facebook, denunciando a situação dos livros, e o Semapi divulgou fotos em seu site. Segundo fontes do sindicato, a partir daí, a administração argumentou que um novo projeto estava sendo estudado para a biblioteca.

“Desde o dia em que foi pedido para esvaziar a biblioteca, no final de janeiro, até a divulgação no Facebook, semana passada, nenhuma sala tinha sido providenciada. Livros estavam ali, amontoados, algumas estantes foram colocadas na sala do técnico. No dia seguinte, arrumaram uma sala dividida com a pedagoga e colocaram os livros lá para baixo”, relatou uma fonte ligada ao Semapi, que preferiu não se identificar.

O sindicato também afirma que causou estranhamento a medida não ter sido anunciada anteriormente para os funcionários, que não sabiam qual seria o destino da biblioteca. A importância do espaço, que promove alternativas para os adolescentes e possibilidade de refletir e aprender, também é apontada pelo Semapi. “O que precisa realmente é uma pessoa de dedicação exclusiva para a biblioteca”, aponta o sindicato.

 Outras medidas

O Semapi também denuncia a centralização das chefias, visto que os coordenadores das unidades foram afastados e a chefia unificada. “A CSE possui em sua estrutura cinco unidades que atendem adolescentes de diferentes perfis e características, e uma Unidade de Atendimento Especial. Assim, embora a direção seja única, a sua estrutura é múltipla, e exige atenção diferenciada em respeito às suas características, e a volta deste modo de administrar, que já foi utilizado há anos atrás, é considerada ultrapassada e ineficaz”, afirma o sindicato em nota.

A administração da Fase foi procurada para comentar as críticas à centralização das chefias, mas, até o fechamento da notícia, não havia respondido.


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