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15 de fevereiro de 2017
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19:26

EPTC diz que redução de viagens de ônibus ocorrerá em horários de menor movimento

Por
Luís Gomes
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EPTC diz que redução de viagens de ônibus ocorrerá em horários de menor movimento
EPTC diz que redução de viagens de ônibus ocorrerá em horários de menor movimento
Foto: Divulgação

Luís Eduardo Gomes

Nesta terça-feira (14), foi veiculado na imprensa local que a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) está estudando reduzir o número de viagens feitas por algumas linhas de ônibus da Capital como alternativa para reduzir os custos das empresas operadoras do sistema de transporte público, que alegam terem acumulado prejuízo de quase R$ 100 milhões em um ano. Em entrevista ao Sul21 nesta quarta (15), o diretor-presidente da empresa, Marcelo Soletti, reconheceu que a questão está sendo estudada, mas disse que o realinhamento de horários de linhas já ocorre com frequência e que terá como foco horários em que os coletivos circulam com um número reduzido de passageiros, como, por exemplo, a partir das 20h, ou em situações em que outras linhas realizem o mesmo trajeto, como em corredores.

“A gente tem, segundo o nosso controle, viagens que transportam às vezes dois, três passageiros a linha inteira. Às vezes, as viagens são de 15 em 15 minutos, se tu colocar elas de 18 em 18, não tem nenhum desatendimento”, disse Soletti, que afirma ainda que já há um diagnóstico feito sobre quais linhas poderiam ser afetadas com mudanças de horários, mas que isso será divulgado quando uma decisão definitiva sobre o assunto for tomada.

Ele acrescenta que o objetivo é buscar uma redução de custos sem gerar desatendimento. “A gente não pode perder mais passageiros”, disse.

O diretor-presidente afirma que a atual gestão tem a posição de que não é mais possível perder usuários e que, para isso, é preciso qualificar o sistema. Ele reconhece que o principal fator que leva a queda de passageiros é o valor da tarifa (o reajuste previsto para fevereiro ainda segue indefinido diante do impasse das negociações do dissídio dos rodoviários).

“Hoje, realmente, o valor da tarifa é um dos responsáveis pela redução dos passageiros nos ônibus”, afirmou. “Primeiro, a procura do usuário é preço, segundo acredito que seja qualidade, depois a limpeza, a certeza de que o ônibus vai passar ali e a segurança. São uma série de itens que afetam o sistema e alguns precisam de uma melhoria urgente”, complementou.

Como medidas para contornar prejuízos e tornar o sistema mais atrativo aos passageiros, Soletti afirma que a Prefeitura pretende começar a implementar ainda em 2017 a instalação de GPS nos ônibus para dar ao usuário mais informações e certeza sobre o horário de circulação dos coletivos e também facilitar a fiscalização por parte do poder público. Também pretende instalar câmeras para aumentar a sensação de segurança dos passageiros e softwares de reconhecimento facial para combater fraudes.

Corredores e faixas exclusivas

Com relação a implementação de corredores e faixas exclusivas para ônibus, Soletti afirma que, a partir de março, a Prefeitura irá começar a realizar testes, com carros circulando atrás de coletivos, para verificar quais são os pontos da cidade que mais atravancam o trânsito destes veículos e em quais áreas seria necessário manter a circulação exclusiva para ônibus. Segundo ele, em vez de delimitar faixas exclusivas ao longo da totalidade de uma rua ou avenida, a atual gestão irá procurar estabelecer trechos de circulação de coletivos que tenham um impacto maior na redução do tempo de viagens.

Diante disso, a EPTC está avaliando projetos da gestão anterior de instalação de faixas exclusivas em avenidas como Ipiranga e a Assis Brasil. “A Ipiranga é a via da cidade por onde passa o maior número de veículos e tem uma interferência em todas as esquinas. As pessoas acessam sempre a direita do sentido que estão indo. Então, nós acreditamos que não é toda a extensão das grandes avenidas que necessitam de algum tipo de faixa exclusiva. Acho que tem pontos bastante específicos que vão dar um ganho específico.

Posição da ATP

Também na terça, a assessoria de comunicação da Associação dos Transportadores de Passageiros (ATP) divulgou um levantamento realizado pelas empresas que aponta que, entre fevereiro de 2016 e janeiro de 2017, elas registraram prejuízos de R$ 94,4 milhões, incluindo R$ 20,9 milhões por parte da Carris, que pertence à Prefeitura. O restante seria referente aos prejuízos somados dos três consórcios que operam os seis lotes de linhas licitados em 2015. Segundo a ATP, esse valor deve subir para R$ 100 milhões no próximo dia 22, quando completa-se o primeiro ano de operação do sistema licitado.

As empresas apontam que o número de passageiros transportados caiu 11% desde fevereiro do ano passado e que, somente em janeiro, há uma queda de 20% em relação ao que previsto no edital de licitação. Diante desse cenário, a ATP diz que solicitou ao poder público um reequilíbrio do sistema, o que estaria previsto em contrato e poderia passar pela redução do número de viagens ou revisão da tarifa.

“Se o quadro de insuficiência econômico-financeira permanecer neste patamar, mesmo que o contrato assegure o seu equilíbrio, as empresas terão suas atividades suspensas, não por vontade, mas por total impossibilidade de continuarem operando”, disse o diretor-executivo da ATP, Gustavo Simionovschi.

A ATP defende ainda a revisão de isenções concedidas, como a segunda passagem gratuita para quem troca de ônibus em até 30 minutos.

Dados divulgados pela ATP | Fonte: ATP

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