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31 de dezembro de 2015
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21:41

2015, o ano em que mudou o clima das Mudanças Climáticas

Por
Sul 21
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2015, o ano em que mudou o clima das Mudanças Climáticas
2015, o ano em que mudou o clima das Mudanças Climáticas
2015 foi o ano em que as alterações climáticas definitivamente passaram a fazer parte da agenda pública e política. (Foto: Sacha Rochele/Defesa Civil)
2015 foi o ano em que as alterações climáticas definitivamente passaram a fazer parte da agenda pública e política.
(Foto: Sacha Rochele/Defesa Civil)

Esquerda.net

Em 2015, nos meses de Outubro e Novembro, o planeta passou pela primeira vez dos 1ºC acima da temperatura pré-industrial, ultrapassando todas as previsões dos modelos climáticos até agora desenvolvidos. Foi o ano em que uma vez mais se bateram os recordes de emissões de gases com efeito de estufa, que aliás apenas abrandaram durante a crise financeira de 2007 e 2008, retomando desde então com níveis de crescimento mais acelerados que nunca. 2015 será o ano mais quente da história desde que há registros, ultrapassando por muito o ano de 2014 que era, até então, o mais quente.

Este foi também o ano em que se ultrapassou a barreira das 400 partes por milhão de CO2 na atmosfera, concentração que só pode ser encontrada recuando 800 mil anos. Em Portugal, este foi o ano em que se atribuíram 15 concessões de prospeção e exploração de gás e petróleo em terra (com a ameaça de gás de xisto) e em offshore, no Algarve, Alentejo e na zona centro. A nível internacional, a baixa do preço de petróleo colocou imensa pressão sobre as areias betuminosas e o gás de xisto, pressão que interessa apenas para travar um pouco a barbárie e a destruição selvagem provocada pela exploração dos combustíveis fósseis não convencionais.

A Volkswagen foi apanhada num esquema gigantesco de fraude ambiental, tendo falsificado os seus softwares para indicar emissões de gases com efeito de estufa menos significativas: mais de 11 milhões de viaturas emitem até 40 vezes a quantidade de óxidos nitrosos legalmente permitida, 8 milhões dos quais na Europa (algo de que a Comissão Europeia tinha conhecimento há pelo menos três anos). Esta fraude ocorreu ainda nos carros a gasolina da Volkswagen, e iniciou a exposição de diversas marcas como a Audi, a Opel, a BMW, a Citroen, a Mercedes-Benz e a Porsche, que utilizaram a mesma tática.

Quanto às emissões de CO2, estima-se agora que haja mais um quarto de emissões de gases com efeito de estufa de automóveis ligeiros, já que a diferença entre os testes laboratoriais e a emissão em estrada foi estimada em 50%, uma fraude monumental dada pela indústria automóvel. A COP-21, mais que conseguir qualquer acordo vinculativo ou de reduções de emissões a curto prazo, atirou para a segunda metade do séc. XXI não a descarbonização da economia, mas uma habilidosa neutralidade de carbono, isto é, a possibilidade de manter as emissões, desde que se inventem novos sumidouros de carbono, principalmente florestas industriais ou tecnologias fantasiosas ainda inexistentes.

Apesar de declarar que quer manter a subida da temperatura abaixo dos 1,5ºC, o acordo da COP-21 só apresenta medidas concretas que atirariam a temperatura para os 3ºC de subida, compreendendo um aumento de emissões para a maioria dos países nas próximas décadas. 2015 foi também o ano que viu surgir as primeiras raízes para um movimento global pelo clima e pela justiça climática, que deverá começar a provar em 2015 aquilo que pode conseguir. Este movimento tem pela sua frente possivelmente a tarefa mais importante que a Humanidade já enfrentou.


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