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21 de março de 2015
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17:22

Fogo cruzado

Por
Sul 21
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Rodrigo Bastos | Foto: Otto Carlos Pohl/Clube Paranaense de Tiro
Rodrigo Bastos | Foto: Otto Carlos Pohl/Clube Paranaense de Tiro

Por Luiz Humberto Monteiro Pereira
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Final olímpica do Tiro Esportivo no Rio de Janeiro é o alvo do dentista Rodrigo Bastos

Aos 47 anos, com seus 1,80 m e 105 kg – um tanto concentrados na linha da cintura -, o dentista paranaense Rodrigo Bastos está longe do estereótipo de um atleta olímpico. Mas o Dr. Rodrigo tem boas chances de brilhar nos jogos de 2016, no Rio de Janeiro. Quando não está atendendo em sua clínica odontológica em Guarapuava, no interior no Paraná, está de espingarda em punho. Sua especialidade é o Tiro ao Prato, modalidade do Tiro Esportivo também conhecida como Fossa Olímpica. Na prova, máquinas lançam pratos de 11 cm de diâmetro, em diversas angulações definidas por computador. No ano passado, Rodrigo conquistou a quinta colocação no Campeonato Mundial de Tiro Esportivo, na Espanha, e ocupa atualmente a oitava colocação no ranking da Fossa Olímpica da Federação Internacional de Tiro (ISSF). “Não dá para conseguir sucesso trabalhando como dentista e praticando o esporte. Se eu conseguir ficar exclusivamente na preparação para 2016, vou ter chance de medalha”, explica Rodrigo, que em 2014 foi escolhido pelo Comitê Olímpico do Brasil como melhor atleta do ano no Tiro Esportivo.

Como a maioria dos atletas de destaque, Rodrigo começou cedo. Ainda adolescente, já estava entre os melhores do país. Foi medalha de bronze no Pan-Americano de Indianápolis, em 1987, campeão na Copa de Mundo de Tiro Esportivo no México, em 1988, medalha de prata no Pan-Americano de Santo Domingo, em 2003. Também participou de duas Olimpíadas. Ficou em quarto lugar em Seul, em 1988, e em 11º em Atenas, em 2004.

O Tiro Esportivo rendeu ao Brasil sua primeira medalha de ouro olímpica, conquistada na Antuérpia em 1920, por Guilherme Paraense. Desde então, nunca mais o Tiro nacional conseguiu lugar no pódio olímpico. Mas o dentista de Guarapuava pretende mudar essa história. A tatuagem no antebraço direito, com a frase em latim “alis volat propriis” – que significa “voe com suas próprias asas” –, expressa bem suas ambições. “A cada torneio, aperfeiçoo pontos fundamentais como a agilidade, precisão e concentração”, comemora o atleta, que acaba de ser contemplado com a Bolsa Pódio – programa do Ministério do Esporte que remunera os atletas que estão entre os 20 melhores no ranking mundial de suas categorias. Dia 15 de março, Rodrigo embarcou para disputar a etapa dos Emirados Árabes Unidos da Copa do Mundo de Tiro Esportivo. Duas vagas para as Olimpíadas de 2016 serão decididas no evento, que termina dia 29 de março.

Por Luiz Humberto Monteiro Pereira – Como se aproximou do Tiro Esportivo?

Rodrigo Bastos – Em 1979, com 12 anos, meu pai me trouxe para o meio dos atiradores, no Clube de Caça e Tiro de Guarapuava. Desde o início, sempre tive resultados excepcionais. Em três anos, já era campeão paranaense e brasileiro juvenil. No Mundial Juvenil de 1980, nos Estados Unidos, já fiquei ranqueado entre os 20 melhores do mundo.

Por Luiz Humberto Monteiro Pereira – Quais são seus pontos fortes? E quais fundamentos precisa aprimorar?

Rodrigo Bastos – Concentração sempre foi o meu ponto forte. Algo que poderia aprimorar é o fato de participar de poucas competições. Se competisse mais vezes, certamente evoluiria mais. Tem gente com três anos de carreira que já deu mais tiros do que eu em 35 anos…

Jogos Cariocas – Qual é a coisa boa e a parte ruim do Tiro Esportivo?

Rodrigo Bastos – O Tiro faz a pessoa ser muito calma e tranquila nas suas atitudes. Ajuda bastante nas decisões do dia a dia. E te obriga a ser mais prefeccionista. Precisão é tudo! A única coisa ruim é que algumas pessoas temem a proximidade com as armas, pedem para os outros terem cuidado comigo… Essas coisas…

Por Luiz Humberto Monteiro Pereira – Quais foram os seus momentos mais emocionantes, dentro do esporte?

Rodrigo Bastos – As participações nas Olimpíadas de Seul, em 1988, e de Atenas, em 2004. A conquista da medalha de ouro na Copa do Mundo de 1988, o bronze na Copa do Mundo de 1989 e a prata no Pan-Americano de Santo Domingo, em 2003, também foram marcantes.

Por Luiz Humberto Monteiro Pereira – Quais são suas expectativas para as Olimpíadas de 2016?

Rodrigo Bastos – Espero estar na final dos Jogos de 2016, no Rio de Janeiro. E, chegando à final, quero conquistar uma medalha! Com todo respeito aos adversários, esse é o meu plano. O apoio dos patrocinadores – a marca de ferramentas Vonder e pela rede varejista Superpão, ambos do Paraná, o fabricante italiano de espingardas Perezzi e agora a Bolsa Pódio –, me permite uma dedicação aos treinamentos que eu nunca pude ter antes.

Por Luiz Humberto Monteiro Pereira – O fato de atuar “em casa” pode representar uma vantagem para os atletas brasileiros em 2016?

Rodrigo Bastos – Não sei… Acho importante ser em casa, mas quanto ao benefício ou não de competir aqui… Para mim, acho bom! Seria interessante ter mais rapidez na conclusão das instalações, para que os atletas brasileiros tenham condições de treinar mais e tirar alguma vantagem das Olimpíadas serem no Rio.

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