Débora Fogliatto
A diretoria do sindicato dos professores do Rio Grande do Sul (Cpers/Sindicato) se reuniu com os secretários da Fazenda, Educação, Casa Civil e Secretaria-Geral para começar as negociações sobre reajuste salarial nesta quinta-feira (14). Os sindicalistas colocaram sua reivindicação de 13% de reajuste e fim do estorno do vale-refeição, mas não obtiveram ainda nenhuma resposta por parte do governo. Os secretários afirmaram que devem analisar o pedido e marcar uma nova reunião.
Enquanto a presidente do Cpers, Helenir Aguiar, disse ter saído “frustrada” do encontro, os secretários da Casa Civil Márcio Biolchi e da Educação Vieira da Cunha consideraram “um avanço” a constituição da mesa. “Viemos com a expectativa de que alguma proposta seria alcançada. Já chegamos no nosso limite recebendo 48% do que deveria, não é possível a gente fazer mais sacrifícios”, criticou ela, dizendo que o sindicato só irá a outras reuniões se houver propostas a serem apresentadas.
Helenir relatou que a categoria não descarta uma greve, mas que isso terá que ser construído “de uma necessidade e do chão da escola”. “A partir de junho, estaremos percorrendo todo estado em uma caravana da educação, fazendo denúncia do que vivenciamos hoje na questão salarial e alimentando a mobilização da categoria para dar uma resposta, caso nossa pauta não seja atendida minimamente”, afirmou.
Já o secretário Biolchi justificou que a reunião aconteceu “atendendo a um pedido do sindicato”. “O governo vem enfrentando dificuldades severas e por isso não podemos ser definitivos em relação aos pedidos. Conhecemos a importância do magistério e da educação, inclusive excetuamos do decreto o chamamento de professores”, apontou, acrescentando que os pedidos da categoria “impactam financeiramente o estado” que, portanto, não tem “condições de sinalizar positivamente”.
A necessidade de buscar recursos da União foi destacada pelo secretário Vieira da Cunha, o qual considerou a instalação da mesa um fato “muito relevante por si só”. “Se pudermos contar só com recursos próprios, é certo que não haveria avanço. Mas a lei nacional que garantiu reajuste em janeiro tem que ser cumprida. Ou o governo federal repassa os recursos necessários para pagar o piso, ou o piso continuará sendo descumprido”, alegou.
Vieira da Cunha afirmou ter “disposição para avançar” no diálogo, mas destacou que as dificuldades financeiras para a educação são um problema nacional. “Esse é um assunto nacional e como tal deve ser tratado. Precisamos desse auxílio aos estados e municípios, sob pena de que esses movimentos que já existem em Santa Catarina, Paraná e São Paulo se espalhem por todo o país com consequências muito negativas para a comunidade escolar”, ponderou, apontando que 75% dos royalties do pré-sal devem ser destinados para a educação.
Para reivindicar tais recursos, Vieira disse manter um “diálogo permanente” com o ministério da Educação. Uma próxima reunião ainda não foi marcada, mas ele afirmou que irá conversar com os outros secretários presentes para “construir uma proposta com resposta objetivas”.