Agenda Clandestina
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23 de outubro de 2020
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19:07

Agenda Clandestina: o que conferir no Porto Alegre em Cena

Por
Sul 21
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Revista Clandestina

Na quarta-feira, 21 de outubro, iniciou a 27° edição do Porto Alegre em Cena, um dos maiores e mais tradicionais festivais de teatro. Em uma edição híbrida e histórica, com eventos virtuais e presenciais, o festival se reinventa com cenários e performances dentro e fora de casa. A programação deste ano reúne, ao longo de dez dias, uma mostra do que o mundo do teatro está fazendo para se superar, criar e provocar as pessoas em tempos de pandemia.

As atrações dessa edição vão desde projeções gigantescas, em prédios públicos, a interpretações individuais, por meio de uma ligação telefônica. Neste ano, os palcos de teatros locais não serão ocupados pelo festival, o que abre fronteira para novas ideias de manifestações, de criações e de espetáculos. Serão utilizadas plataformas de comunicação digital, como Zoom, Youtube e até mesmo WhatsApp, para as apresentações individuais, locais, internacionais e nacionais. As ações e performances presenciais estarão disponíveis no Canal Em Cena no site do festival.

A programação conta com performances, espetáculos e obras locais no projeto Em Quadros e do Braskem em Cena, instalações urbanas-humanas presenciais, conversas sobre as criações, apresentações de áudio-teatro, galerias virtual e presencial, oficinas e espetáculos internacionais e nacionais. Para ajudar a escolher o que assistir, a Agenda Clandestina desta sexta-feira convidou seus curadores e personalidades das artes cênicas para indicar eventos da programação. Confira a seleção:

206820

Indicação da bailarina Paula Finn, 206820 é uma investigação teatral-cinematográfica que permeia temas como clausura e liberdade, ficção e realidade, através do uso e manipulação de máscaras e bonecos frente à linguagem audiovisual. “Eu sou muito fã do trabalho do Máscara EnCena, é muito consistente e de muito bom gosto. 2060820 é uma trabalho que tem dramaturgia própria do coletivo. Eu estou muito curiosa para ver o que eles vão fazer”, conta Paula. O espetáculo acontece no dia 29 de outubro, às 19h, através do Youtube e site do festival. O evento é online e gratuito.

206820. Foto: Divulgação/Porto Alegre em Cena

Paula ainda sugere: “O festival é uma oportunidade para ver os trabalhos locais e também para se jogar em algo internacional, os valores estão muito bons. Além disso, vai ter as performances anti-aglomeração, que também vale bastante conferir. Na verdade, eu sempre digo que festival é assim: vê o horário que você pode e não deixa de ver nada”.

Body A

Sugestão da atriz e jornalista Laís Auler, Body A é uma das atrações internacionais, sendo exibida do dia 21 a 30 de outubro pelo canal do Youtube e site do festival, sempre às 20h30. O evento é gratuito. “Trata-se de uma vídeo-instalação de Collette Sadler e Mikko Gaestel que mistura dramaturgia e ideias conceituais com elementos de Sci-fi. A vídeo-instalação também pode ser conferida na Galeria .ISTA. A performance propõe reflexões sobre o corpo, a tecnologia e os limites da relação entre o humano e o não humano”, conta Laís.

Body A. Foto: Divulgação/ Porto Alegre em Cena

Ponto de não retorno

Outra indicação de Auler é o vídeo-performance Ponto de não retorno, que será exibido no dia 27 de outubro, às 20h. É possível conferir pelo Youtube, site do festival ou pela cidade. A apresentação é gratuita. “Neste ano, o festival conta ainda com o Projeto em Quadros, que irá projetar vídeos de artistas gaúchos em prédios de Porto Alegre e também terá exibição pelo canal do Youtube e site do festival. Oendu de Mendonça apresenta o vídeo-performance Ponto de não retorno, que sobrepõe filmes e fotografias de memórias captadas em viagens e da ocupação indígena que vive sua família na fronteira oeste do Rio Grande do Sul. O trabalho busca retomar terras ancestrais e discutir a colonização etnocida do Brasil”, comenta Laís.

Corpos Ditos

A primeira sugestão da produtora cultural Brenda Knevitz é a peça Corpos Ditos, que será exibida no dia 24 de outubro, às 19h, pelo Youtube e site do festival. O espetáculo é gratuito. “É uma peça gaúcha do grupo Pretagô, que já apresenta há algum tempo montagens muito boas e pertinentes à nossa realidade. Eles trazem um elenco exclusivamente negro. Em Corpos Ditos, eles celebram os discursos das pessoas negras, exaltando a vida não só daqueles que conseguiram vencer, mas também das pessoas que tiveram sua história apagada. É um espetáculo bem interessante e importante”, ressalta Knevitz.

Corpos Ditos. Foto: Divulgação/ Porto Alegre em Cena

Tudo o que coube em uma VHS

A segunda sugestão de Knevitz é a produção Tudo o que coube em uma VHS, do grupo Magiluth. O espetáculo acontece do dia 22 a 26 de outubro, de forma online. Os ingressos custam de R$ 5 a R$ 10. “Esse espetáculo foi feito com intenção de ser voltado para o virtual. Mesmo no digital, a peça conseguiu criar uma conexão forte entre o público e os atores. Para isso, eles usam muitas plataformas, como WhatsApp, Youtube, Instagram, e-mail. E o espectador também é agente de construção da história. A peça propõe entregar uma experiência única e individual. É um espetáculo muito poético e sensível em que acompanhamos as memórias de uma pessoa sobre um relacionamento. Essa produção é muito bacana porque traz muito a ideia do teatro como uma resistência. Mesmo com tudo o que está acontecendo, a gente ainda consegue fazer teatro”, enfatiza a produtora.

 

Tudo o que coube em uma VHS. Foto: Divulgação/ Porto Alegre em Cena

#paraiso_afogado

Sugestão da atriz Sissi Venturin, #paraiso_afogado será transmitido no dia 23 de outubro, às 19h, através do Zoom. A apresentação é gratuita. “O espetáculo é da minha companhia de teatro, a Cia. Espaço em Branco. Devido à pandemia, foi ensaiado e criado em ambiente virtual, primeira produção do grupo neste formato. Faz parte de uma trilogia do dramaturgo alemão Thomas Köck. O primeiro espetáculo, Tocar Paraíso, também foi produzido pela Cia e estreou no ano passado. A nova produção tem tema contundente sobre aquecimento global e colonização-devastação das américas pelos europeus”, explica.

Método Rítmico

A segunda indicação de Venturin é a peça Método Rítmico, que será exibida no dia 26 de outubro, às 19h, pelo Youtube e site do festival. Esse é mais um evento gratuito. “Gostei do tema sobre amor, gravidez, relações. A equipe é muito interessante e competente. Recentemente, vi o espetáculo Coalas, com texto e atuação da Luiza Waichel e direção do Marcos Contreras, e gostei muito! A Luiza é autora e atua também em Método Rítmico. Está na minha lista”, conta a atriz.

Método Rítmico. Foto: Divulgação/ Porto Alegre em Cena

Mostra de Resultado: Inquieta Cia – Residência Artística “Forte”

Por último, Sissi convida todos e todas para conferir os resultados da residência artística FORTE, que proporcionou trocas entre artistas de Fortaleza e Porto Alegre. O evento é gratuito e acontece no dia 30 de outubro, às 21h, através do Zoom. “Essa residência está sendo uma experiência linda, reunindo 11 artistas de Fortaleza e Porto Alegre em encontros virtuais. Conduzida pelos integrantes da Inquieta Cia, teve uma alquimia especial entre o grupo, trazendo respiro e movimento para nossos tempos de quarentena e isolamento. No dia 30, estaremos compartilhando com o público o resultado da residência, venham!”, convida Sissi.

Clique aqui para conferir a programação completa do Porto Alegre em Cena!

 

 

 


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