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10 de dezembro de 2014
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17:33

Câmara pode votar nesta quarta projeto que acaba com “autos de resistência” nas polícias militares

Por
Sul 21
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Câmara pode votar nesta quarta projeto que acaba com “autos de resistência” nas polícias militares
Câmara pode votar nesta quarta projeto que acaba com “autos de resistência” nas polícias militares
Foto: Elza Fiúza/ABr
Maria do Rosário diz que governo apoia a medida, mas reconhece dificuldade de construção de maioria na base aliada | Foto: Elza Fiúza/ABr

Samir Oliveira

A Câmara dos Deputados pode votar na tarde desta quarta-feira (10) o projeto de lei 4471/2012, que impõe regras mais claras para investigação das mortes e lesões causadas por agentes do Estado à população. Na prática, a medida acaba com os chamados “autos de resistência”, que é a expressão utilizada pelas forças policiais para justificar as mortes resultantes de suas ações. A sessão ocorrerá na data em que se celebra o Dia Internacional dos Direitos Humanos.

O projeto estabelece regras claras para a atuação independente dos peritos para investigar os óbitos resultantes de ações policiais, cujos casos não poderão mais ser arquivados sob o pretexto de serem “mortes seguidas de resistência”, como ocorre atualmente. Assessor de Direitos Humanos da Anistia Internacional, Alexandre Ciconello entende que o modelo atual concede uma carta branca ao Estado para matar.

“Os autos de resistência são uma autorização para o Estado matar. Qualquer morte que a polícia comete é enquadrada como resistência e não gera uma investigação por homicídio. Não se sabe em que medida essas mortes são execuções sumárias”, explica.

A deputada federal Maria do Rosário (PT), que atuou em favor do projeto quando exerceu o cargo de ministra dos Direitos Humanos, considera a aprovação da medida um passo fundamental para “enfrentarmos um dos resquícios mais perversos da ditadura, que é a violência por dentro das forças policiais”. Para a petista, “o auto de resistência constrói uma situação de impunidade diante do abuso de autoridade e da violência praticados por agentes do Estado”.

 | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Advogado e militante da Frente Quilombola, Onir Araújo diz que projeto acaba com justificativa para impunidades de mortes cometidas por policiais | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

A deputada assegura que o governo “apoia integralmente” o projeto, mas reconhece a dificuldade de se construir uma maioria em torno do texto na própria base aliada do Palácio do Planalto. “Há uma resistência muito significativa no Congresso, como ocorre em relação
a todas as bandeiras progressistas. Nesse tema a base aliada é sempre muito diversa em seus posicionamentos, mas o PT trabalha integralmente pela aprovação do projeto e contamos com votos em outras bancadas”, comenta.

Advogado da Frente Quilombola e militante pelos direitos da população negra, Onir Araújo informa que o movimento fará uma vigília no Centro de Porto Alegre na tarde desta quarta-feira para acompanhar a votação do PL 4471/2012, da PEC 215 – que repassa ao Congresso a responsabilidade de titular territórios indígenas – e o julgamento da Adin 3239 no Supremo Tribunal Federal (STF), que foi proposta pelo DEM e questiona a titulação de terras quilombolas no país.

“O projeto dos autos de resistência é interessante, porque retira de cena a principal justificativa para a impunidade da Polícia Militar no que se refere à violência contra a população negra”, avalia o advogado.


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