Milton Ribeiro
No dia 6 de agosto de 1945, Paul Tibbet dirigiu uma aeronave chamada Enola Gay em direção à Hiroxima. O avião tinha sido batizado por ele, Paul, com o nome de sua mãe, Enola Gay. Ele disse não se arrepender de ter “deixado cair” em Hiroxima a bomba que matou instantaneamente 78 mil e, nos dias seguintes, mais 62 mil japoneses em consequência da ação letal da radiação deixada pela explosão, sem contar o rastro de doenças e problemas genéticos decorrentes.
Três dias depois, seria a vez de Nagasaki sofrer novo crime contra a Humanidade. Mais de 80 mil pessoas foram mortas pela nova explosão. Os Estados Unidos arrasaram inteiramente duas cidades japonesas sem nenhuma importância estratégica. A guerra no Pacífico já se encontrava em seus momentos finais. Em julho daquele ano o governo japonês estudava as condições para a rendição, considerando que o país se encontrava cercado, desabastecido e destruído por sucessivos ataques aliados.
O Projeto Manhattan, que planejou e construiu a nova arma, tinha sido concebido em sua origem como um contra-ataque ao programa da bomba atômica da Alemanha nazista. Com a derrota da Alemanha, vários cientistas que trabalhavam no projeto consideraram que os EUA não deveriam ser os primeiros a usar tais armas. Um dos críticos proeminentes dos bombardeios foi Albert Einstein.
Antes do ataque, os cientistas defendiam que o poder destrutivo da bomba poderia ser demonstrado sem causar mortes. Não foram ouvidos.
Os fatos
Então, na madrugada de 6 de agosto de 1945 o bombardeiro B-29, batizado como Enola Gay, pilotado pelo coronel Paul Tibbets, decolou da base aérea de Tinian no Pacífico Ocidental, a aproximadamente 6 horas de voo do Japão. A meteorologia determinou a escolha do dia 6. O capitão da Marinha William Parsons armou a bomba durante o voo. O ataque foi executado de acordo com o planejado e a bomba com 60 kg de urânio-235, comportou-se como o esperado.
Inicialmente, o alvo seria Kyoto, ex-capital e centro religioso do Japão, mas o secretário da Guerra, Henry Stimson, trocou-o por Hiroshima. O avião aproximou-se da costa a mais de 8 mil metros de altitude. Cerca das 8h, o operador de radar em Hiroshima concluiu que o número de aviões que se aproximavam era muito pequeno, não mais do que três, provavelmente, e não faz soar o alerta de ataque aéreo.
Os três aviões eram o Enola Gay, o The Great Artist e um terceiro avião que no momento não tinha batismo, mas que mais tarde seria chamado de Necessary Evil (“Mal Necessário”). O primeiro transportava a bomba, o segundo tinha como missão de vigilância e o terceiro foi encarregado de fotografar e filmar a explosão. Às 8h15, o Enola Gay largou a bomba nuclear sobre o centro de Hiroshima. Ela explodiu a cerca de 600 metros do solo, com o equivalente a 13 mil toneladas de TNT, matando instantaneamente um número estimado de 78 mil pessoas e destruindo mais de 90% das construções da cidade.
Nagasaki foi atingida no dia 9 de agosto, às 11h02 da manhã. Inicialmente o plano era de jogar a bomba sobre Kokura, em Fukuoka. Mas o tempo nublado impediu que o piloto visualizasse a cidade, escolhendo a segunda opção. Os americanos não consideravam Nagasaki “um alvo ideal” porque a cidade é rodeada por montanhas, o que diminuiria a devastação.
Hoje, Hiroxima é um símbolo da luta pela paz. Em 6 de agosto de 1945, parece ter sido vítima de um mero teste. O teste, além das mortes instantâneas, fez com que até a terceira geração de nascidos na cidade apareçam com mutações genéticas, sem olhos, sem órgãos, outros com câncer generalizado.