Rachel Duarte
Os assessores de imprensa bem que tentaram evitar a foto da senadora Ana Amélia Lemos (PP) ao lado da candidata Manuela D´Ávila (PCdoB), adversária do atual prefeito de Porto Alegre José Fortunati (PDT), apoiado oficialmente pelo Partido Progressista. O ponto alto do registro ao lado da senadora progressista seria no começo da noite, com a inauguração do comitê suprapartidário pró-Manuela. Porém, após coletiva de imprensa na Federasul, onde Ana Amélia palestrou aos empresários nesta quarta-feira (18), as parlamentares trocaram cumprimentos sem se esconder dos fotógrafos de plantão.
Ainda que não seja a imagem do esperado abraço entre a senadora progressista e a deputada federal comunista, não faltarão oportunidades para a imprensa registrar Ana Amélia como cabo eleitoral de Manuela. Nesta quarta-feira (18), a senadora comunicou que está se licenciando por quatro meses do diretório do PP em Porto Alegre, no qual é filiada, para puxar votos para Manuela. “É o período da campanha eleitoral. Temos a posição do partido, mas farei o que minha consciência de cidadã me diz que é o certo”, disse, preferindo não tecer críticas à gestão de Fortunati.
O presidente do PCdoB, Adalberto Frasson estava eufórico ao assistir a cena do assédio dos fotógrafos em cima das duas personagens femininas do Congresso Nacional. “A imagem dela (Ana Amélia) e a sua representatividade política reforçam a nossa candidatura”, avaliou.
Para a senadora, a opinião pública já aceitou a ideia da união de partidos antagônicos. “Todos sabem que eu decidi apoiar a Manuela. Farei tudo que a legislação permitir para trabalhar por ela. Vou usar as redes sociais, lançar o comitê e participar de alguns comícios. Gostaria que a minha atuação fosse ainda maior”, disse sobre a impossibilidade de somar-se a Manuela na propaganda eleitoral de rádio e televisão.
Senadora não teme expulsão
A senadora entende o risco da atitude dissidente a decisão do diretório, mas afirma estar agindo em conformidade com a Constituição Federal. “A disciplina partidária não pode ficar acima da minha consciência como cidadã, a minha liberdade individual intrínseca”, argumentou. Ana Amélia garantiu que irá pedir voto para Manuela nos vários grupos de Porto Alegre que a apoiaram na eleição ao Senado.
Sobre críticas de divergências ideológicas entre as siglas, Ana Amélia adiantou que na disputa municipal o que prevalece são as relações locais. “Nesta eleição teremos o PT como o segundo partido em que mais fizemos alianças. Primeiro vem o PMDB com 35 coligações e depois o PT com 30 em que estamos aliados. Na última eleição eles eram o quarto partido das nossas alianças. Às vezes, são partidos antagônicos, mas os líderes dos partidos são próximos”, explicou.
Além de militar por Manuela D’Ávila, o licenciamento de Ana Amélia também atende a outras candidaturas. Só em agosto ela cumpre agenda em 44 municípios, para apoiar os candidatos ou coligações do PP no estado. O Partido Progressista tem 255 candidaturas onde encabeça as chapas, 225 em que está como vice e 114 candidaturas próprias. A intenção é dobrar o número atual de 146 prefeituras com gestão progressista. Ana Amélia brincou que gostaria de ser mais que a cereja do bolo na eleição. “Queria ser o bolo todo”, satirizou. Na hora de falar sério, não admitiu interesses em trabalhar pela sua futura candidatura ao governo do estado. “Não falo sobre esta matéria”, resumiu-se a dizer.
A senadora progressista abriu caminho para um grupo de progressistas também se manifestarem pró- Manuela D´Ávila. A organização do comitê suprapartidário da campanha da comunista, por exemplo, foi feita pelo deputado estadual Mano Changes. A casa na Rua Barros Cassal, no Centro de Porto Alegre, que será inaugurada nesta quarta-feira foi doada pelo deputado.