Débora Fogliatto
Atualizada às 14h30min
Após 12 dias de greve, os municipários de Porto Alegre encerraram a paralisação na manhã desta sexta-feira (13). A greve foi suspensa imediatamente, por volta das 11h15min, mas os trabalhadores votaram por permanecer em estado de greve por 60 dias. Os servidores da saúde que trabalham à tarde foram orientados a já voltar ao serviço ainda nesta sexta-feira.
A direção do sindicato da categoria (Simpa) se reuniu com o governo municipal pouco antes da assembleia, para continuar o encontro iniciado nesta quinta-feira (12), quando o vice-prefeito Sebastião Melo (PMDB), que representou a prefeitura nas conversas, aceitou negociar com os grevistas e concordou com a compensação das faltas. No entanto, houve resistência por parte do governo em formular um documento formal a respeito, tendo apenas concordado com uma ata, que foi levada para a assembleia.
A proposta feita pela prefeitura foi: reajuste de 6,28% retroativo a 1º de maio; vale-alimentação de R$ 17, aumento de 13,33%; projeto básico do plano de saúde a ser construído com uma comissão da categoria; ajuste nos plantões, com participação do Simpa; compromisso assumido de avaliar pautas específicas de cada secretaria ou departamento; concessão de salário mínimo a partir de janeiro, com acréscimo do reajuste a partir de maio; a elaboração de uma lei do assédio moral, realizada pela secretaria de administração com o Simpa; caso a proposta fosse analisada e aceita em sua integralidade, a prefeitura aceita compensar os dias paralisados, incluindo os dias de fevereiro e março das greves da saúde. Assim, há a garantia de não haver retaliações, incluindo às pessoas em estágio probatório, funções gratificadas e às monitoras da educação.
A assembleia foi realizada no ginásio da Associação de Servidores do Demhab, local que, menor do que o Centro de Eventos do Parque da Harmonia, ficou rapidamente lotado. “Estamos fazendo esse movimento numa conjuntura muito difícil. Quantas vezes (o prefeito José) Fortunati (PDT) disse que não negociava com grevistas? E ele teve que se reunir. Isso é consequência da nossa luta e mobilização”, iniciou Carmen Padilha, Diretora de Comunicação do Simpa.
Após a apresentação da proposta, os municipários que se inscreveram se manifestaram no microfone, mostrando em sua maioria opiniões favoráveis à sua aprovação. Alguns deles consideraram a greve uma “grande vitória política”, “luta firme e forte”, “vitória já em fazer o governo negociar”, enquanto outros afirmaram que “não houve vitória nenhuma”, pois o índice de reajuste de 6,28% era o mesmo proposto pela prefeitura desde o início da paralisação.
“A prefeitura ficou o tempo inteiro tentando amarrar a direção, mas a gente disse que essa assembleia aqui que decide os rumos do movimento. A gente tem um limite para sair de cabeça erguida, espinha ereta e coração tranquilo”, falou Silvana Brazeiro Conti, da diretoria do Simpa. Apesar de uma minoria ter votado contra encerrar a greve, os aplausos e comemorações que acompanharam as falas da diretoria demonstraram a força que o sindicato tem com a categoria.
A proposta foi aceita por grande maioria, assim como a manutenção de coordenações regionais para avaliar os rumos do movimento. Em seguida, a diretoria propôs a manutenção do estado de greve, com assembleia em 60 dias para avaliar a continuidade do movimento e as conquistas adquiridas, o que foi aceito por quase unanimidade.
Confira mais fotos da última assembleia: