STF terá que rever a Lei da Anistia, defende governador Tarso Genro

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Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
Na manhã desta quarta-feira (3), foi realizada a abertura da Conferência Internacional Memória, Direitos Humanos e Reparação no Memorial do Rio Grande do Sul | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Nícolas Pasinato

Na manhã desta quarta-feira (3), foi realizada a abertura da Conferência Internacional Memória, Direitos Humanos e Reparação no Memorial do Rio Grande do Sul. O evento teve a presença do governador do Estado, Tarso Genro, do secretário de Direitos Humanos do Uruguai,  Javier Miranda, do secretário-executivo do instituto de políticas públicas em Direitos Humanos do Mercosul, Victor Abramovich, do secretário da Cultura do Estado, Assis Brasil, entre outras autoridades presentes na plateia.

Na ocasião, o governador Tarso Genro defendeu a revisão da Lei da Anistia, condenando a decisão do Supremo Tribunal Federal, que, em 2010, foi contrário a essa ação. “Aquela decisão vergonhosa do Supremo, dizendo que a Anistia se aplica a quem torturou, matou e estuprou vai ter que ser revista. Não é possível que um país, com o estado de direito consolidado como o nosso e com juristas de primeira grandeza, mantenha uma posição como essa, que contraria todo o direito humanitário internacional e o bom senso”, declarou o governador.

Javier Miranda destacou a necessidade de novos espaços para que a agenda dos direitos humanos possa avançar. “Temos que restituir a dignidade de lutadores e grupos oprimidos, além de prevenir futuras violações. A justiça não promove a vingança, mas consolida a memória de valores que as ditaduras tentaram calar como igualdade, liberdade e solidariedade”, defendeu. “Essa é uma luta carregada de emoção. Na entrada do Memorial, há uma foto de um desaparecido uruguaio. A foto é do meu pai. Estamos em casa, velho”, comentou ele ao encerrar a sua fala. 

Victor Abramovich falou da importância do espaço não somente para o Rio Grande do Sul, mas também para o Mercosul. “É preciso recuperar a memória de um processo terrível que foi as ditaduras civis no cone sul, mas também lembrar das lutas populares de resistência às ditaduras”, disse.

Lilian Celiberti, sequestrada com seus dois filhos em 1978 durante a Operação Condor, veio da plateia e falou da importância de um evento como a Semana da Democracia, que ocorre após 50 anos do golpe militar. “É muito mais do que olhar o passado. É pensar no presente sobre que tipo de sociedade e de democracia queremos construir hoje”, defendeu. Lilian também lembrou do sequestro que sofreu em Porto Alegre. “Fomos sequestrados em uma cooperação entre as ditaduras do Cone Sul, amparadas pela segurança nacional. A Semana da Democracia abre espaço para debater o assunto e eliminar da cabeça dos cidadãos brasileiros a ideia de que as ações na ditadura foram justificáveis”, completou.  


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