Rachel Duarte
O domingo de sol contribuiu para a caminhada das mulheres e homens interessados em alertar sobre o aumento da violência contra mulheres no Rio Grande do Sul. O basta foi incentivado pelo governo estadual, por meio da Secretaria de Políticas para as Mulheres, e contou com a presença de autoridades, movimentos sociais e políticos interessados em ligar sua imagem à causa. Entre eles, os candidatos a Prefeitura de Porto Alegre Adão Villaverde (PT) e Manuela D´Ávila (PCdoB). O prefeito municipal José Fortunati foi convidado, mas não compareceu à atividade.
A partir das 10h30, os primeiros ativistas começaram a chegar ao Monumento ao Expedicionário, no Parque da Redenção. Aos poucos, o tradicional ponto de encontro dos gaúchos na capital foi se transformando em um mar de bandeiras e cartazes com palavras de ordem pelo fim do machismo no estado. Pirulitos e bandeiras de candidatos e partidos políticos também foram se misturando na caminhada.
Antes da concentração de pessoas sair em direção à Avenida Osvaldo Aranha, a primeira-dama do estado, Sandra Genro, recebeu uma carta com seis recomendações ao governador. O documento foi editado pela Secretaria de Política para as Mulheres e o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES-RS).
“Sugerimos ao governador incluir o tema das políticas de enfrentamento da violência contra mulheres como prioridade de todas as secretarias de governo, na pauta da Fundação Cultural Piratini e nas empresas de comunicação do estado. Também sugerimos a ampliação das varas judiciais para tratar destes casos”, explicou o titular do CDES-RS, Marcelo Daneris.
Segundo o secretário, o assunto tem que ser administrado de forma transversal no governo estadual. “O governo tem programa de repressão e prevenção à violência na Secretaria de Segurança Pública, mas tem que ser um assunto de todas as pastas. A carta é uma recomendação simbólica e formal do governador e reforçará isso”, disse.
Em briga de marido e mulher se mete a colher
A secretária adjunta de Política para as Mulheres, Catherine Topper, confirma que a violência contra mulheres é fruto de um machismo que precisa ser enfrentado dentro e fora da vida doméstica. “Precisamo romper com a crença de que violência contra mulher é assunto privado. Em briga de marido e mulher se mete a colher sim. É um assunto que atinge toda a família, amigos, vizinhos e todos devem anunciar. Em momentos como esta caminhada, é uma oportunidade de chamarmos atenção para isso e divulgarmos o serviço estadual de proteção às vitimas e o Disque Denúncia”, falou.
Catherine falou que o governo estadual dispõe de recursos federais para incentivar políticas públicas de gênero nas prefeituras. Ela elogiou o recém criado Centro Municipal de Referência da Mulher de Porto Alegre. “Nós visitamos o prefeito (Fortunati) várias vezes para falar deste vazio que a capital tinha. Foi inaugurado há poucos meses o Centro Municipal, mas irá auxiliar no atendimento às vítimas, que hoje estavam sendo acolhidas apenas no Centro de Referência Vânia Araújo”, conta.
Marcha contra Mídia Machista ocorreu no sábado
A caminhada “Basta de Violência contra a Mulher” ocorreu um dia depois da Marcha contra a Mídia Machista, promovida de forma voluntária pela internet e realizada no sábado (1º). De acordo com a representante da Marcha Mundial de Mulheres, Cláudia Prates, que esteve na marcha, o protesto teve baixa adesão. Ela atribuiu ao fato da proposta crítica à mídia e ao período eleitoral. “Ao mesmo tempo que auxiliam a ampliar os atos, os políticos as vezes acabam abafando outras lutas”, avaliou.