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30 de julho de 2012
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22:40

Servidores decidem ocupar CPD da UFRGS por tempo indeterminado

Por
Sul 21
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Servidores montaram acampamento no CPD para pressionar o governo federal | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Samir Oliveira

Diante do adiamento de mais uma reunião com o governo federal, os técnico-administrativos da UFRGS, em greve desde o dia 11 de junho, resolveram acampar no Centro de Processamento de Dados (CPD) da instituição por tempo indeterminado. Os servidores faziam uma manifestação no local quando foram surpreendidos com a notícia de que o Ministério do Planejamento resolveu reagendar para o dia 13 de agosto uma reunião que estava marcada para esta terça-feira (31), quando o Palácio do Planalto apresentaria uma proposta para a categoria.

Com o cancelamento do encontro, os servidores decidiram levar barracas e banheiros químicos para o local, onde permanecerão até que o governo abra as negociações com a categoria. A intenção é fazer do CPD uma espécie de sede do comando de greve, realizando lá as assembleias e reuniões.

A ação se enquadra na orientação nacional repassada pela Federação de Sindicatos de Trabalhadores em Educação das Universidades Brasileiras (Fasubra), que comanda a greve em todo o país e adota o slogan: “Sem negociar, nem matrícula, nem vestibular”. As ações dos grevistas visam à interdição das estruturas físicas da universidade para inviabilizar o início do segundo semestre deste ano.

Berna Menezes diz que governo desrespeita os técnico-administrativos | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

O temor dos servidores é que o governo federal acabe empurrando a data da reunião até o dia 31 de agosto – prazo máximo para se enviar uma proposta com impacto salarial ao Congresso Nacional. “Queremos impedir as matrículas e o vestibular. O governo quer levar a situação até o dia 31 e fazer uma proposta para pegarmos ou largarmos. É um desrespeito imoral com a categoria”, critica a coordenadora-geral da Associação dos Servidores da Ufrgs (Assufrgs), Bernadete Menezes.

Os funcionários reivindicam um piso de três salários mínimos, adequações no plano de carreira e a aplicação de 10% do PIB em educação. Atualmente, o salário é de R$ 1.034. Com o aumento reivindicado, a remuneração passaria a cerca de R$ 1.600.

Professores também retardam início do segundo semestre

A estratégia dos funcionários técnico-administrativos de utilizar o início do segundo semestre como forma de pressionar o governo também é adotada pelos servidores docentes da UFRGS, que estão em greve desde o dia 25 de junho, quando a representação gaúcha da Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior (Andes) aprovou a adesão ao movimento nacional.

Na UFRGS, a situação entre os professores é diferente, já que eles são representados por duas entidades. O Andes possui cerca de 200 filiados e adota uma postura mais intensa em declarações e atos. E o Sindicato dos Professores das Instituições Federais de Ensino Superior de Porto Alegre (ADUFRGS) conta com 912 docentes da UFRGS filiados e decretou greve somente no dia 10 de julho, com uma postura bem menos combativa em relação ao governo federal.

A orientação do Andes para que os docentes retenham a publicação dos conceitos (notas) dos alunos e, assim, retardem o início do segundo semestre, já está surtindo efeito. Uma nota oficial no site da UFRGS informa que a pré-matrícula, que deveria ser efetivada no dia 26, será reagendada para esta semana, ainda sem dada definida, porque a universidade estava tendo dificuldades na obtenção dos conceitos.

“A universidade estima que 30% dos conceitos não foram computados. Nós achamos que é mais”, explica o professor Carlos Alberto Gonçalves, integrante do comando de greve do Andes na UFRGS. Ele acredita que essas ações – tanto a dos servidores docentes, quanto a dos técnico-administrativos – não provocarão a suspensão do segundo semestre, mas poderão adiar o início das aulas e fazer com que o calendário escolar se estenda até o carnaval.

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Carlos Alberto calcula que mais de 30% dos professores da UFRGS estão retendo conceitos | Foto: ANDES

“O Ministério do Planejamento está forçando a barra e pedindo que as universidades deem andamento aos calendários. Há uma pressão muito forte sobre os reitores, não querem que essa greve continue no segundo semestre”, comenta o dirigente.

Está prevista para esta quarta-feira (1) uma reunião entre os dirigentes do Andes nacional com o governo. O sindicato irá rejeitar oficialmente a contraproposta feita pelo Palácio do Planalto, que apresentou um reajuste de 25% a 45%, com a última parcela prevista para ser paga somente em 2015.

Ao contrário do Andes, a ADUFRGS resolveu aceitar a proposta do governo e orientar a categoria para que seja encerrada a greve na UFRGS. Um plebiscito virtual no site da entidade irá definir quais serão os próximos passos.

O Andes reivindica a incorporação das gratificações ao vencimento salarial básico; plano de carreira de 13 níveis; piso salarial de R$ 2.329,95 para jornada de trabalho de 20hs semanais, com recomposição calculada pelo DIEESE; e recomposição salarial emergencial de 22,08%, referentes a perdas acumuladas desde 2010.

A ADUFRGS reivindica uma equiparação salarial dos professores com os pesquisadores do Ministério da Ciência e Tecnologia. Com isso, salário básico de um doutor passaria de R$ 5 mil para R$ 8 mil. E o teto passaria de R$ 8 mil para R$ 17 mil. Além disso, eles querem a elaboração de uma carreira única e mais simples, com 13 níveis e uma política de progressão bem definida, que leve em conta a valorização da titulação e do regime de trabalho.


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