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21 de julho de 2012
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20:00

As valiosas lições que os atletas olímpicos ensinam ao mundo

Por
Sul 21
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Alguns dos principais líderes mundiais, especialmente daqueles países que têm uma atração irresistível por ações militares e acham que tudo se resolve na base da força, deveriam cancelar todos os compromissos previstos na agenda para as três próximas semanas e tomar o rumo de Londres. Não para encontros em hotéis de muitas estrelas ou nos salões ricamente decorados dos inúmeros palácios, mas para uma viagem ao mundo real. Eles ocupariam alguns quartos na Vila Olímpica, com a devida concordância dos organizadores, e se misturariam às centenas de atletas que a partir do dia 27 vão disputar as medalhas.

Ao fim da experiência, sem a proteção sufocante de seus seguranças e assessores, longe dos lobistas que pressionam o tempo todo, de políticos à esquerda e à direita lutando por seus objetivos, teriam aprendido uma lição valiosa de convivência pacífica – e veriam, acima de tudo, como é simples fazer com que pessoas de diferentes credos e ideologias dividam espaços sem qualquer conflito. O mundo ficaria bem melhor depois disso.

Os raros conflitos na história dos Jogos Olímpicos (e de Copas do Mundo também) foram provocados exatamente pela intolerância permanente do mundo aqui de fora, como ocorreu em Munique, em 1972, quando um comando palestino invadiu a Vila para sequestrar atletas israelenses. No ambiente interno, entre os atletas, nada parece capaz de perturbar a paz – e é este ambiente que os líderes mundiais deveriam conhecer melhor.

Não apenas eles. Todos deveriam prestar atenção nas valiosas lições que os atletas, quase todos jovens, dão no dia a dia. Nas ruas internas, nos edifícios da Vila e na área externa de convivência (onde há alguns bares, lojinhas e centros de imprensa), os atletas circulam, conversam, trocam lembranças, se abraçam, telefonam. Vi tudo isso, pessoalmente, nos Jogos de Atenas, em 2004. Chegava cedo à Vila ou aos locais de competição para a cobertura, conversava com os atletas, mas, especialmente, observava – e ficava me perguntando, fascinado, por que fora dos limites da Vila todos aqueles abraços, beijos e gentilezas pareciam algo tão improvável. A resposta está no ambiente. Um incentiva a convivência, o outro (o do mundo em que vivemos) estimula o conflito.

Por isso, gostaria de ver Obama, Merkel, Cameron, Netanyahu, Putin e alguns outros dividindo as mesas nos refeitórios da Vila, caminhando pelas ruas, trocando suvenires na área comum de convivência, abraçando e respeitando todos aqueles que pensam diferente. Seria uma lição para sempre.

Do blog mariomarcos.wordpress.com


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