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13 de junho de 2012
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19:17

Em meio a suspeitas, gaúcho assume Banco do Vaticano

Por
Sul 21
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O gaúcho Ronaldo Hermann Schmitz

Milton Ribeiro

O novo presidente do Banco do Vaticano é o economista gaúcho Ronaldo Hermann Schmitz. Nascido em 30 de outubro de 1938 em Porto Alegre, ele era vice-presidente do Banco do Vaticano na gestão de Ettore Gotti Tedeschi, recém destituído. Depois do ensino médio no Rio de Janeiro, Schmitz estudou Administração de Empresas e Economia entre os anos de 1958 e 1962 na Universidade de Colônia. Após vários cargos em empresas menores, em 1980 ele foi nomeado para a Diretoria Executiva da BASF. Depois, em 1990, ingressou como Gerente Geral do Deutsche Bank.

A história de sua ascensão ao cargo é típica do Vaticano. No último dia 25 de maio, o Conselho de Supervisão do Instituto para as Obras de Religião (IOR), conhecido como o Banco do Vaticano, destituiu o então presidente da instituição, o economista italiano Ettore Gotti Tedeschi. O comunicado, expedido pelo Escritório de Imprensa da Santa Sé, era duro: “O Conselho adotou por unanimidade a decisão de destituir o Presidente, por não ter desempenhado várias funções de importância primordial para seu cargo”.

Após conhecer a decisão do Conselho, Gotti Tedeschi disse no mesmo dia à agência italiana ANSA: “Estou entre a ansiedade de explicar a verdade e não querer incomodar o Santo Padre”. “Meu amor pelo Papa prevalece inclusive sobre a defesa de minha reputação que foi posta em questão”, acrescentou. O comunicado não precisava as razões da destituição.

Marcinkus: "“Não se pode dirigir a Igreja apenas com Ave Maria”

“Não se pode dirigir a Igreja apenas com Ave Maria”. Esta frase foi proferida pelo falecido arcebispo Paul Casimir Marcinkus, responsável pela gestão, a partir de 1971, do Banco do Vaticano. Parece verdade.

O IOR foi fundado em 1942 numa iniciativa do papa Pacelli (Pio XII). Hoje, é governado por um Conselho de Administração formado por 5 laicos — um deles presidente –, e existe uma Comissão de Cardeais que o fiscalizam.

Muito se falou sobre a permanência de Marcinkus no IOR durante o pontificado do papa Wojtyla (João Paulo II). Durante aquele período, 100 milhões de dólares foram repassados para a federação sindical polonesa Solidarnosc (Solidariedade), dirigida por Lech Walesa, ponta-de-lança do papa Wojtyla em sua cruzada pelo fim do comunismo. Na era pós-Marcinkus, como escreveu Gianluigi Nuzzi no best seller Vaticano S/A, surgiu um novo e sofisticado sistema de contas cifradas tendo como artífice o cardeal Donato de Bonis: “Contas cifradas de banqueiros, empresários e políticos de ponta”.

Ettore Gotti Tedeschi, o presidente destituído

Para salvar o IOR das chamas do inferno e cuidar de um patrimônio líquido avaliado em 5 bilhões de euros, o papa Bento XVI confiou a sua presidência, em setembro de 2009, ao financista católico e docente universitário Ettore Gotti Tedeschi. Em fevereiro passado, após ser acusado de encobrir casos de clérigos pedófilos, o IOR complicou-se com o sequestro, pela Magistratura italiana, de 23 milhões de euros. Tudo por suspeita de lavagem de dinheiro em bancos italianos e em operações proibidas pela União Europeia.

Agora, Gotti Tedeschi, com uma vida de serviços prestados no Vaticano, espera por uma conversa com Ratzinger. Já se fala que assumirá outro cargo de prestígio.

No citado comunicado, o Conselho Supervisor do IOR assinalava que se iniciava um “processo de busca de um novo e excelente Presidente, que ajudaria o Instituto a restabelecer relações amplas e eficazes entre com a comunidade financeira, apoiadas no mútuo respeito dos padrões bancários internacionalmente aceitos”.

Com informações do Acidigital, Terra Magazine e Deutsche Bank.


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