Um fim nada doce para a casa de Caio Fernando Abreu

A casa em que o escritor gaúcho Caio Fernando Abreu viveu seus últimos anos de vida foi totalmente demolida no dia 18 de julho deste ano, em Porto Alegre.

Localizada nº 12 da Rua Doutor Oscar Bittencourt, no Menino Deus, a casa foi para onde Caio voltou em 1994, após receber o diagnóstico positivo para HIV. Ele não morava em POA desde a juventude

Em 2010, uma mobilização tentou salvar o imóvel, que estava prestes a ser leiloado, e garantir o tombamento dele, mas não teve sucesso.

A casa já não pertencia à família do escritor há anos. 

O imóvel e casa ao lado, de número 10, foram comprados por um casal de dentistas que recebeu em abril deste ano licença da Prefeitura de Porto Alegre para demolição total das residências.

A casa foi eternizada em diversas obras de Caio. Nos últimos anos que viveu ali, ele publicou o livro “Ovelhas Negras” e produziu textos que citam sua rotina, publicados postumamente.

''Os muros continuam brancos, mas agora são de um sobrado colonial espanhol que me faz pensar em García Lorca; o portão pode ser aberto a qualquer hora; há uma palmeira"

- Caio F, 1994

Ele era apaixonado pelo bairro, conforme mostram inúmeros relatos de quem conheceu o escritor em vida.

Assim como a residência, o Menino Deus também esteve muito presente na obra de Caio.

Em uma crônica escrita em 1995, ele falou sobre sua volta ao bairro:

“Torno ao Menino Deus como um beduíno que desistisse de enfrentar o deserto para voltar ao oásis de onde saiu.”

O ato aconteceu, mas tarde demais.

Movimentos culturais e entidades que atuam na defesa da preservação do patrimônio iniciaram uma mobilização em defesa da casa, marcando um ato para o dia 19.

VÍDEOS: TVE E Marina Chiapinotto

FOTOS: ACERVO PUCRS, LUIZA CASTRO E JOANA BERWANGER

TEXTO: Luís Gomes

WEBSTORIE: ANNIE CASTRO

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