Número de
pessoas armadas
no RS cresce 70%
em menos de
dois anos

A flexibilização nas regras para compra de armas por parte de caçador, atirador esportivo e colecionador (denominados pela sigla CAC) tem causado um crescimento no número de pessoas armadas no Brasil.

Isso antecede o governo
Bolsonaro, mas o
afrouxamento da
legislação teve grande
impulso no atual governo
federal e traz um desafio
para pesquisadores e
formuladores de políticas
de segurança pública.

No Rio Grande do Sul, dados
obtidos via Lei de Acesso à
Informação (LAI) pelo
Instituto Igarapé mostram
que quase dobrou o número
de pessoas armadas
registradas como CAC em
menos de dois anos.

Em junho de 2020, o estado tinha 35.375 pessoas sob tal denominação e, em novembro de 2021, já eram 59.818, um aumento de 69,1%.

No Brasil, esse crescimento foi de 106,2%.

Ao se analisar os dados apenas dos atiradores esportivos no RS, o aumento é de 241,4% entre fevereiro de 2018 e dezembro de 2021.

A modalidade passou de 17.440 para 59.539
pessoas registradas.

Além disso, o Rio Grande do Sul, sozinho, representa 12,2% dos registros de CAC do Brasil.

Para a advogada Isabel Figueiredo, do conselho administrativo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), o crescimento de pessoas intituladas como CAC mostra haver um desvio na lógica do grupo.

Pessoas engajadas no movimento pró-arma teriam percebido ser mais fácil “se passar” por CAC e obter autorização via Exército, do que tentar o direito à posse e porte de arma pela Polícia Federal.

A proporção de novos clubes de tiro não é a mesma para o aumento no número de praticantes reais do esporte.

“Não é mais disso que se trata e os calibres mostram que não são para uso esportivo”

Isabel diz que a situação é mais preocupante porque o Exército não cumpre sua função de fiscalizar os CAC.

Somente cerca de 2% dos colecionadores e clubes de tiro recebem visita de fiscalização.

“É interessante porque não é que a população esteja se armando, até porque é caro comprar arma, mas são os CACs que estão fazendo o estrago”, diz a advogada.

Texto: Luciano Velleda
Webstory: Joana Berwanger

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